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Como fotografar a Liberdade? Eduardo Gageiro

1:12:30
 
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O 25 de abril de 1974. Celebramos, este ano, os 50 anos da Revolução dos Cravos

O ano do advento da Liberdade.

Esse dia foi retratado por um dos mais célebres e premiados fotojornalistas portugueses: Eduardo Gageiro.

Encontrei-o num sábado na exposição de múltiplas fotografias que tirou desde 1957.

Exposição na Cordoaria Nacional aberta e gratuita até 5 de maio.

Esta conversa tem luz e sombra.

É desse contraste que se faz a narrativa do Portugal contemporâneo.

Esta edição é um testemunho da história.

Viva a Liberdade


TÓPICOS E TEMPOS

(00:05:27) Convocado para a Revolução Eduardo Gageiro é convocado para fotografar a revolução.

(00:06:50) Encontro com Salgueiro Maia Eduardo Gageiro conhece o comandante Salgueiro Maia.

(00:07:49) Tensões e negociações Eduardo Gageiro testemunha negociações e tensões durante a revolução.

(00:09:34) Medo e experiência anterior com a PIDE Gageiro relembra o seu medo e a sua experiência anterior com a PIDE.

(00:12:44) Momento de confronto Descrição do momento de confronto entre Salgueiro Maia e a cavalaria sete.

(00:14:39) A possibilidade de disparo evitada Eduardo Gageiro descreve o momento em que a possibilidade de alguém disparar um tiro foi evitada.

(00:15:52) Exposição em Barcelos Eduardo Gageiro fala sobre uma exposição e um colóquio com participantes do 25 de abril.

(00:17:26) O momento decisivo Conversa sobre um momento crucial da revolução e a relação pessoal entre dois homens.

(00:18:53) Fotografando Salgueiro Maia Eduardo Gageiro descreve a sua experiência fotografando Salgueiro Maia durante o 25 de abril.

(00:20:42) Desaparecimento das fotografias Discussão sobre o desaparecimento de fotografias importantes do 25 de abril.

(00:22:52) Fotografia simbólica Eduardo Gageiro descreve uma fotografia simbólica do Salazar na sede da PIDE.

(00:25:02) Paixão pela fotografia Eduardo Gageiro fala sobre a sua paixão pela fotografia desde jovem e sua influência social.

(00:27:22) O mundo desconhecido Eduardo Gageiro descreve a perplexidade ao descobrir a corrupção na distribuição de alimentos durante a sua infância.

(00:29:27) Influência e politização Gageiro fala sobre a influência de pessoas e livros na sua politização e formação como fotógrafo.

(00:30:30) Início na fotografia Gageiro conta como começou a fotografar e recebeu orientações de um mentor sobre composição e técnica.

(00:35:30) Primeiros prémios Gageiro relata a sua experiência ao ganhar o seu primeiro concurso de fotografia e o impacto disso na sua carreira.

(00:39:00) Reconhecimento internacional Gageiro discute a importância dos prémios na sua carreira e como isso o levou a ser reconhecido internacionalmente.

(00:39:20) Mudanças após o 25 de abril Eduardo fala sobre como a sua visibilidade mudou após a revolução.

(00:40:46) Viagens e prémios internacionais Eduardo descreve as suas viagens pela China, Índia e outros países, e seus prémios.

(00:43:23) Prêmio do Pravda Eduardo conta sobre o prémio que ganhou do jornal oficial do partido comunista russo.

(00:45:16) Persona non grata Eduardo fala sobre como se tornou “persona non grata” após se filiar a um partido.

(00:46:39) Documentando Portugal Eduardo explica a sua preferência por fotografar o ser humano e as lutas do país.

(00:47:54) Fotografia de Salazar Eduardo compartilha a história por trás de uma fotografia que tirou de Salazar.

(00:50:26) Estética na fotografia Eduardo discute a importância da estética e do equilíbrio na fotografia.

(00:51:51) Fotografando o caixão de Salazar Eduardo Gageiro descreve a sua experiência fotografando o caixão de Salazar e a reação das autoridades.

(00:55:53) Retratos de personalidades Gageiro fala sobre a importância da confiança para capturar retratos autênticos e destaca o retrato de Champalimaud.

(00:58:36) Fotografando o presidente Gageiro descreve a sessão de fotos com o presidente, incluindo a persuasão para usar luvas de boxe.

(01:01:12) Desafios na sessão de fotos Gageiro conta como convenceu o presidente a usar luvas de boxe e a interação durante a sessão de fotos.

(01:04:36) A luta pela publicação das fotografias Eduardo Gageiro fala sobre o esforço para convencer a senhora a publicar as suas fotografias.

(01:05:43) Histórias engraçadas e desagradáveis O fotógrafo compartilha experiências divertidas e desagradáveis ao fotografar personalidades.

(01:06:33) O desafio de fotografar um político Gageiro revela a dificuldade em capturar a essência de um político durante uma sessão de fotos.

(01:07:29) A força da fotografia de Amália Rodrigues O fotógrafo destaca a intensidade e a expressão da famosa fadista portuguesa nas suas fotografias.

(01:09:08) Fotografando com energia e emoção Gageiro descreve o processo de fotografar Amália Rodrigues com intensidade e emoção.

(01:09:46) Reflexões sobre o futuro de Portugal Eduardo Gageiro expressa as suas preocupações e desejos para um Portugal melhor e reflete sobre questões políticas globais.


Liberdade.

Subitamente passaram 50 anos.

Para quem nasceu em finais de 1971 o 25 de abril é vivido pela memória dos familiares e dos amigos mais velhos. Depois lido em livros, recortes de jornais na hemeroteca por alturas do curso de jornalismo.

Há ainda as memórias do antes.

Da vida censurada e sem liberdade de expressão. O medo dos bufos e da PIDE, Do risco ou realidade de ir parar a guerra colónial. Das fugas a salto para emigrar para a França ou Alemanha.

Em busca de uma vida melhor.

E depois, o dia da celebração da Liberdade.

É desse dia que me ficam os relatos e retratos das testemunhas profissionais: os jornalistas e os fotojornalistas.

As reportagens com a voz de Adelino Gomes, que retratou na palavra o pulsar desde dia. Do 25 de abril de 1974, na rádio.

E das eternas e mágicas fotografias de Eduardo Gageiro.

Captando o olhar de Salgueiro Maia. Ou o seu morder do lábio para não chorar.

Seria medo? Seria alegria?

Estas fotos tem tudo. Do mais humilde ao mais grandioso. Há uma portugalidade intrínseca e emanente nessas imagens.

Tal como estão expressas nas reportagens fotográficas do Portugal muito pobre do antes. As imagens inesquecíveis das crianças sujas e descalças no meio de caminhos duros e casas cinzentas.

O retrato do Portugal escondido. Da desigualdade estrema.

Gageiro viu os operários sem sapatos da fábrica de Sacavem e os visitantes nocturnos vindos do casino, homens bem-vestidos e acompanhados pelas suas amantes, a quem o pai organizava banquetes onde havia todos os sabores e alimentos que inversamente eram negados aos que não pertenciam ao clube.

Havia o bacalhau do contrabando e sabe deus mais o quê. Havia tudo do bom e do melhor, mas apenas para alguns.

Essa desigualdade ainda preocupa Gageiro.

O fotografo que também retratou o glamour dos nossos maiores: há Amália, há Eusébio, há os poetas, os politicos, os poderosos, o povo.

Os muito ricos. Os muito pobres. Os intelectuais. Os trabalhadores da força de braços. Os músicos e os escritores. Será esta mistura um vislumbre da alma na não portuguesa?

Há Sofia de Mello Breyner que escreve em 4 estrofes tudo sobre o 25 de abril:

“Esta é a madrugada que eu esperava

O dia inicial inteiro e limpo

Onde emergimos da noite e do silêncio

E livres habitamos a substância do tempo.”

Esta conversa foi para mim um privilégio.

E um gosto poder partilhá-la com todos.

Espero ter conseguido entender tudo o que me disse

LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO

TRANSCRIÇÃO AUTOMÁTICA
0:12
Ora vivam.
Bem-vindos ao pergunta simples o vosso podcast sobre comunicação, sobre comunicação e, sobretudo, o resto sobre a vida, sobre as histórias, sobre a história, logo este ano em que celebramos 50 anos do 25/04/1974, o ano do advento da Liberdade.
0:32
Este dia foi retratado por um dos mais célebres e premiados fotojornalistas portugueses, Eduardo gageiro encontrei-o num sábado na sua exposição de múltiplas fotografias, que tirou desde 1957 exposição na cordadoria nacional.
Está aberta até 5 de maio e é de entrada gratuita.
0:49
Esta conversa tem luz e sombra.
É deste contraste que se faz a narrativa do Portugal contemporâneo.
Esta edição é um testemunho da história.
Viva Liberdade.
1:14
Liberdade subidamente passaram 50 anos para quem nasceu em finais de 1971.
O 25 de abril é vivido pela memória dos familiares e dos amigos mais velhos e depois lido em livros ou em recortes de jornais, na embroteca por alturas do curso de jornalismo.
Mas há ainda as memórias do ano.
1:35
Da vida censurada e sem Liberdade de expressão, do medo dos bufos e da pide, do risco da realidade de ir parar à guerra colonial, das fugas assalto para emigrar para a França ou para a Alemanha em busca de uma vida melhor e depois o dia da celebração da Liberdade.
1:53
É desse dia que me ficam os relatos de retratos, de testemunhas profissionais pelos jornalistas e os fotojornalistas, as reportagens com a voz de Adelino Gomes, que retratou na palavra.
O pulsar desse dia do 25/04/1974.
2:10
Na rádio e das eternas e mágicas fotografias de Eduardo gageiro, captando o olhar de Salgueiro Maia, Oo seu morder de lábio para não chorar seria medo, seria Alegria.
Estas fotos têm tudo, do mais humilde ao mais grandioso.
2:30
Há uma portugalidade intrínseca e imanente nessas imagens, tal como estão expressas noutras portagens fotográficas que fiz do Portugal, muito pobre do antes, as imagens inesquecíveis das crianças.
Sujas e descalças, no meio de caminhos duros e casas cinzentas, o retrato do Portugal escondido da vergonha da desigualdade gageiro, viu e mostrou-nos essa desigualdade Extrema viu nos operários, sem sapatos da fábrica de sacavém, ou nos visitantes noturnos vindos do Casino, homens bem vestidos e acompanhados pelas suas amantes, a quem o pai organizava banquetes onde havia todos os sabores e alimentos que, inversamente, eram negados aos que não pertenciam ao clube.
3:14
Havia, por exemplo, o bacalhau do contrabando.
E sabe Deus mais o quê?
Havia tudo bom e do melhor, mas apenas para alguns.
Essa desigualdade ainda hoje preocupa o fotógrafo, que também retratou o glamour dos nossos maiores, a Amália, a Eusébio, aos poetas, os políticos, os poderosos, o povo, os muito, muito ricos e os muito, muito pobres, os intelectuais, os trabalhadores da força de braços, os músicos e os escritores.
3:45
Será?
Mistura um vislumbre da alma do ser português.
Há, claro, Sofia de Mello breyner, que escrevem 4 estrofes, tudo sobre o 25 de abril.
Volte citar, esta é a madrugada que eu esperava o dia inicial inteiro e limpo onde emergimos da noite e do silêncio e livres habitamos a substância do tempo.
4:11
Esta conversa com o Eduardo gageiro foi para mim um privilégio e um gosto poder partilhá-la com todos.
Espero ter conseguido entender tudo o que me disse.
Eduardo gazeiro, fotógrafo, fotojornalista todos o conhecemos, mesmo aquelas pessoas que estão a pensar.
4:33
Mas Eduardo gageiro, o Eduardo gageiro.
E se eu falar das míticas fotos do 25 de abril está apresentado.
Como é que foi, como é que foi esse dia, como é que foi essa manhã luminosa, como como a descreveu?
Sofia, 6 da manhã, levou.
4:51
Te levou-me um amigo do século porque havia muito, muita gente a trabalhar No No século, os linotipistas os gráficos muito politizados e sabiam.
O que se IA passar?
5:07
Estavam.
Estavam todos à espera.
Não é porque já tinha havido aquele movimento da escalda.
Que eu fotografei também.
Mas não, não me está enganando.
As fotografias são banais e então, naquele dia, falaram-me aí às 5 e tal da manhã.
Vai para o terreiro de passo, que hoje é que é e leva os ovos todos.
5:27
Foi, portanto, convocado para a revolução.
Apenas um telefonema de um amigo meu.
De um século século, e então lá fui.
Com 20 rolos, era o que eu tinha na altura e entrei.
5:45
Eu moro aqui em sacavém eu fui pelo lado de cabo ruivo, claro.
E então logo à entrar o terreiro de passos está um, estão vários soldados.
EE, eu tento entrar e há um que me diz, não pode passar, não pode passar com o nosso comandante, não quero que deixe passar ninguém.
6:03
E eu coloco um descramento disse assim faz favor leva-me ao comandante, que eu sou amigo do comandante, eu não sabia que era o comandante, é lógico.
E então ele, coitado, muito humilde, me disse levemente senhor ao comandante que é amigo do comandante, então lá fui eu e já está já cá estou dentro, não é?
6:21
Então apresentei-me uma pessoa que eu não me conhecia.
Olhe, Eduardo, gajo do século ilustrado, e ele assim salgueiros Baia.
Era o quadrante.
Eu também sei que você é.
Desculpe mandar, mas como é que sabe quem eu sou?
6:37
Que eu por todas as semanas, o séculos grave e conheço o seu trabalho e gosto muito das suas fotografias.
Você é um homem que fotografa o povo, fotografa não sei quê e tal.
Eu fiquei.
Isso é que é um cartão de visita.
Felicíssimo não é felicíssimo.
6:52
EE dizia, então agora podes andar comigo à vontade.
E então, onde é que desde as 6 da manhã que o Salgueiro banha, tu vês?
Ninguém tem.
Nem via rádio, nem televisão, nem outros colegas.
Meus fotógrafos, ninguém, tudo julgo.
Com medo?
Porque mais tarde vi os meios mais longe, muito hoje eu estava ali no coração da revolução.
7:13
E tive medo.
E então assisti a todas as negociações, a todas aquelas coisas quando?
Da última vez?
O pai de Anselmo não queria aderir ao movimento nem nem queria render-se.
E então eles levaram essa fotografia na exposição.
7:31
O britico Cunha.
Ele levava um revólver dentro do casaco.
Está ele com a rola na mão até lá na exposição.
Estava à paisana e.
EOO Salgueiro mar leva uma Granada no bolso de trás.
Porque se a casa das coisas corressem mal.
7:48
Pois correr mal, porque eu tinha ouvido dizer quando há negociações, vai tudo desarmado, está provado que não é, nem sempre é assim.
E então, da última vez que estavam desesperados que o outro não, não aderiu parte da selva.
E então?
O senhor comandante, definitivamente.
8:08
Rede-se ou dera o movimento, mas fica em voz, graus ou naquele.
Ou põe o caixa de grande intenção, não é EE outras sempre sempre com eles.
E então ele diz, não, não rede nem direito ao movimento prendam-me.
Aí é que acabou e então eu tiro uma fotografia, eu.
8:28
Ponho a máquina à cara, diz-me sobre a minha palavra de honra.
Isto era uma aldeia.
Toda a gente se conhecia graças ao 7 diversidade.
Eu era conhecido, gaja e submetiras uma fotografia.
Eu mate-te, e claro que não me matou, não é?
E ele estava a desarmar, ainda por cima, mas aquela honra que serve de uma pessoa que, de certo modo, quer dizer.
8:49
Quer dizer, desiste e tem que se entregar.
Foi.
Foi um homem com grande dignidade posteriormente.
Uns anos depois estava eu muito mal, com linfoma e estava prestes a morrer.
Falei para ele conseguir descobrir o telefone dele via no Algarve e teve uma condenta me passou as passas do Algarve.
9:08
Para essa conversão, porque por ele, ele está do do lado de lá.
O que me condou não foi bonito, sabe?
Eu acho que os vencidos também têm que ser honrados.
E por aquilo que ele contou, não foi honrado.
Trataram-me muito mal.
EOOOO patati, disseram-me.
9:24
Deixa-me perguntar-lhe.
Estando lá desde a primeira hora na revolução, tive medo.
Que que emoções experimentou neste dia?
Júlio, sobre a mim a palavra de honra eu já tinha dado preço pela pide, eu era marcado pelo governo quando estava quando estava em qualquer reportagem.
9:45
Eu lembro-me, por exemplo, quando Oo Salazar ou ou ou, como é que chama?
O.
O Marcelo Caetano.
Não antes o.
Merk macho, o Américo macho, fazia aqueles, aquelas conversas à nação e não sei que mais e então.
10:06
As conversas em família.
Conversas em família.
E então íamos, íamos todos lá, as pessoas de informação ou onde ele estava.
E então eu venho lá como todos os meus colegas.
E sabe quem é que vinha imediatamente, ombro a ombro comigo?
10:22
Moreira Batista, assim que era o homem da informação, Moreira Batista.
Era um homem da pide.
Não, não, não era homem da.
Do snh.
O homem que controlava, digamos, a informação.
Isso era uma forma de intimidação?
Não, não ver o que ele me fez.
10:39
E então, ó, Brown, eu fotografava-vos eu, eu fiz uma fotografia daquelas de poses a sorrir e não sei quê.
E depois, como eu costumo dizer, só fotografava nos intervalos, só fotografava quando ele fazia aquelas poses.
Fazia, quer dizer, tentava ser diferente.
10:58
Moreira Batista, eu lembro-me de uma das vezes, agarrou-me assim com o ombro, a gageiro, já não posso ouvir essa máquina rua.
Era assim.
Sobre a minha palavra de honra?
Voltamos essa madrugada do 25 de abril.
Como é que se fotografa?
11:16
Aquele.
Aquele dia consegue manter o distanciamento ou, pelo contrário, entrou?
Entrou dentro de dentro daquilo, dentro da história e deixou-se levar.
Deixem-me levar, sim.
Quer dizer, eu senti que fazia parte.
De de um momento importante, EE, que possivelmente ainda não sabia nada e resolvido, IA ser resolvido o futuro do país, e eu que tinha de certo modo, sofria entre aspas.
11:44
Referi, tive muitos problemas com a polícia, mas simplesmente, comparado com com muitas outras pessoas, não sofri nada, não é?
Tinha estado preso, inclusivamente eles odiavam-me e então estava feliz assim, hoje a culpa a partir de agora é que eu posso ser diferente, vou vou ser livre.
12:00
Quer dizer, na minha cabeça pensava rapidamente nestas coisas que havia uma transformação, acreditei sempre, mas quando surgiram os tanques da cabeleiria 7 que não estavam, ninguém estava à espera, que é uma história que.
Ainda não foi bem contada.
12:17
E então, soube-se na altura, mas fogo não foi pouco a contar e não foi contada em pormenor como uma das a pessoa que tinha.
A missão de ir à cavalaria 7, para que não saíssem aqueles aqueles carros.
12:36
Carros que eram apareciam, sei lá, umas bizarmas.
Está a falar daquele momento de confronto entre Salgueiro Maia.
E chamado é um brinquedo.
Ao ao lado ou em frente a artilharia?
Pesada.
Do lado do do chamente que aquilo era uma brincadeira e eu aparece aqueles tanques, parece um arranhacéus ficou tudo com medo, não é?
12:58
Inclusivamente as pessoas que estavam do lado da chamice Oo reldeiram mais e os outros militares, e então as pessoas não perceberam, assistia as conversas, assisti às conversas e então éramos a discutir assim, ouve lá, pá, mas então, OPA, Oo Jaime Neves não, não, não falou com a Malta da cabraia 7 é pá, ficou incluído disso, pá, eu não.
13:21
Sei que mais de forma que, porque porquê ninguém sabia.
Foi uma surpresa, portanto surpresa porque e depois chega o Jaime Neves às 11:00 são uma grande discussão entre eles.
Eu insisti mais uma vez, digo, e então, o que é que tinha sido o Jaime Neves?
13:39
Tinha uma namorada no na, no elefante branco ou não sei quê, deitou.
Se às 6 da manhã já viu isso, é que é o militar, não é?
E então pronto, estava tudo muito zangado com jáme Neves.
Foi quando realmente avançaram para o para a tanselmo a ver se resolveu um problema.
13:57
Para que eles se rendessem ou dirição ao movimento.
Quando ficou toda a gente assustada quando viu aqueles canhões pá.
Podia ter corrido mal naquele momento.
Muito mal, muito mal, muito mal.
E então, quando as foram as histórias?
14:13
Sobre o que aconteceu?
Porque é que o cabo Costa.
Virou o canhão.
Ele era, era o guia à frente.
Não é?
O outro era Oo comandante ele era.
Não sei se era era sargento ou calma, se era o que tinha a missão de ir à frente daqueles daquelas bizarmas.
14:34
Vamos, vamos, vamos fazer uma fotografia do ar de gaja.
Nós estamos na rude alfeifeite, é isso que estão frente a frente, a frente, frente a frente, e há um momento em que há a possibilidade de alguém disparar um tiro.
Para disparar, eu ouço e todos os que estavam lá ouviram fogo, fogo.
14:53
Há uma ordem para.
Disparar para disparar e então, de repente, OOO.
AA cabo Costa.
Vira o canhão para.
Para o Tejo quer dizer, portanto.
15:09
Era uma atitude não não agressiva, não agressiva e depois todo o todos os outros, digamos.
Digamos, ficaram a mesma coisa.
E então que ele, naquele momento em que se ganha o 25 de abril?
Porque, na verdade, os depois os os militares vão do lado lá, aderiram e vieram ter com o grupo, o Salgueiro.
15:30
Eu tenho essa fotografia, está lá e tenho muitas mais.
E então foi esse o momento.
EE, depois falou-se que o sobre o cabo passa não ter disparado, mas nunca fui muito esclarecido.
15:47
E então, houve uma exposição em Barcelos com fotografias minhas sobre o 25 de abril, uma grande exposição num sítio muito bonito.
Sítio antigo, que é o maior, não me lembro como é que se chama?
Esse edifício fantástico, então houve 11. 11 colóquio, talvez?
16:10
Eu não sei como é que se passa a chamar os intervenientes do 25 de abril.
Vivos, claro.
E ainda lá estava Oo.
Como?
O Jaime, o Jaime Neves não teve, teve Oo homem da associação. 25 de abril, Vasco Lourenço, o.
16:32
Teve Oo Arlindo Gomes, que fez a reportagem, encontrou essa história muito.
Nunca muito que nunca foi muito esclarecida.
EE, depois estavam tudo o que pessoas ligadas à à revolução e depois estava Oo.
16:52
Para a direita, Ah, Oo mais Loureiro que é um herói, estavam todos e então?
Ao meu lado ficou cabo Costa e ao lado do cabo Costa, ficou o Manuel da Silva, o Manuel da Silva.
17:08
É o homem que vem naquela, na bula, na bula, que era o homem que digamos, da frente do lado, o Salgueiro era.
Era a bola, era que queixava à frente.
Portanto, estes 2 homens que estiveram frente a frente no momento que considera decisivo para o 25 de abril.
17:27
E então, eu?
Como você me fez uma grande confusão, aquilo não tem sido esclarecido.
Isso é o cabo Costa.
Diga lá.
Afinal, o que é que se passou?
Porque é que você não disparou?
Eu começo a sorrir e diz assim.
17:43
O meu comandante mandou-me.
Disparar, e o pelo óculo.
Vejo aqui o meu amigo Manuel, o meu amigo.
Manuel.
Andamos hoje na escola, somos amigos de infância.
18:00
Então eu IA matar o meu amigo Manuel.
A verdade é esta.
Isto é tão extraordinário que é numa coisa que de qual dependia a revolução, a amizade, a relação pessoal entre 2 homens.
Tiveram uma influência profunda, agora querem esconder um bocado essa história.
18:19
Querem romantizar as?
Histórias, porque isto foi dito.
Há mais de 100 pessoas, a plateia enorme, pessoas em pé e tal.
Estavam as pessoas mais importantes.
O 25 de abril, de forma foi dito, foi dito, isto é verdade?
25 de abril teria acontecido se não tivesse lá o anel do outro lado.
18:40
Agora, com essa ter dúvidas, não é?
Fale.
Fale-me de de de Salgueiro Maia.
Que que homem é este, que homem é que viu?
Teve aqui na minha casa, depois, mais tarde, olha aquele tripé que dá ali foi dado por ele.
Não me ligaram.
18:55
Como é que foi fotografá-lo, o que é que tentou captar?
Quer dizer, eu andava com com aquele grupo, andava lá.
A captar quer dizer, todo aquele movimento.
Detenção, que foi o 25 de abril, quer dizer, só falta das 11:00 é que aquilo acalmou com a prisão do do patencelmo.
19:16
E depois subiram até ao até ao quartel do Carmo.
E depois?
E depois foi tudo lá para cima, para ao largo do Carmo.
E então eu também fui claro e tenho e tenho todas essas sequências.
Eu tenho uma, tenho uma sequência, tirada com uma olhe como objetiva, com uma máquina que está lá na exposição que.
19:39
Não tem objetivo é de 70 300.
Ninguém tinha porque a Canon dava 2 máquinas quando eu ganhei o prémio Canon e estive no Japão.
EE, de forma que essa essa. 300 dá para tirar fotografias.
Muito longe que dá, por exemplo, eu estava numa janela em frente ao.
19:59
Quartel do Carmo, como estava Montes de sogras, mas ninguém tinha aquela objetiva, eu IA fotografando, quer dizer, de repente, com 300, aproximava-me muito e tenho uma sequência.
Em que?
Estou a tirar tudo o que se passa.
20:15
É então há uma sequência que OOO filho, o Miguel.
O pai do Miguel Sousa Tavares era o teco está em cima de uma guarita, com um megafone a falar e depois a seguir.
E dessa fotografia, o salgrama está em cima de um tanque e tenho isso tudo.
20:33
A partir daí desapareceu, tudo desapareceu.
Tudo desapareceu com a logo.
E desapareceu porque houve um fotógrafo e ficou convencional, fiquei a citar o nome.
Um fotógrafo que trabalhava comigo, que eu levei para para o século.
Foi roubado?
Não usa essa palavra porque ele chegou AA ter o descaramento de me pôr um processo por difamação já, porque nós pode muitas vezes dizer a verdade.
20:57
Quantas, quantas, quantas, quantas, quantos rolos é que levou para esse dia?
Ele levou 20 e só tenho 14.
E já agora, cada cada Rolo só por curiosidade, quantas fotografias é que lá?
Acaba, tenho 36. 36.
E, portanto, desapareceram e depois apareceram noutro lado, pronto e foi tudo.
21:14
Eu não queria falar.
Na pessoa, OK, guardamos.
Isso não estou lhe a dar o tempo de antena.
Percebem?
Eu, eu acho.
É que as pessoas devem ser mais íntegras.
Uma pessoa que eu ajudei tanto, que trabalhava comigo, e depois ficar com coisas que não são dele, e publicá-las e publicá-las.
21:30
Já agora, já.
Agora como é que era o processo?
Tirava fotografias.
Acabava o Rolo.
O que é que fazia o Rolo?
Guardou.
O Rolo voltava ou a voltava para o jornal, e depois nessa.
Nessa nesse dia.
Quer dizer, depois, ao fim de tudo, era 1 da manhã, fui para o século falar os golos, então acontece a última fotografia que eu tinha tanta, tanto o Rolo 40, digamos.
21:58
A imagem 36.
Mas já estava mesmo no fim.
É aquela fotografia do pêlo em cuecas?
Era uma e tal da manhã do dia 25 de abril, quando aparece aquele tipo que foi bloqueado pelos soldados.
E então, quando era?
22:14
O que querem despir ele?
Tinha uma pistola nas cuecas, e eu não tinha um fotograma, aquele é o último.
Até puxei.
O Rolo percebeu sobre a minha palavra de voz, é verdade, e depois fui revelar os rolos, e depois fui olhe, depois fui vim aqui para sacavém.
22:32
Dormiu meia dúzia de horas.
E depois voltei no outro dia, outra vez, muito cedo, quase que não dormi, claro.
É 11 pergunta ingrata, mas eu tenho que a fazer.
Perguntar tudo?
Qual é a sua melhor foto desse dia?
Do 25 de.
Abril, sim.
É, é o Salgueiro.
22:48
Vai a morder o lábio para não chorar.
Ele próprio diz que é a fotografia mais importante.
Eles, aliás, está e está escrito aqui no livro em que ele diz, o fulano tal tirou 11 fotografia em que ele venha morder o lábio, e eu venho a morder o lábio para não chorar.
23:05
Porque senti que nesse momento, se é o 25 de abril, isto é, são palavras dele que foram publicadas numa entrevista que ele deu ao Fernando Assis Pacheco, de forma que essa, mas há outra fotografia que eu.
23:22
Considero muito significativa, portanto é essa sogra mais que eu gosto e essa que eu vou descrever eu fui.
O primeiro grupo de jornalistas que entrou na.
No dia 26 não havia lá câmaras de televisão nem nada.
23:42
Entraram relatores, mas não entrou nenhum, nenhum repórter de imagem, nem nada.
E então tive uma sorte de verdade, que eu andava sempre em cima do acontecimento.
Entrei EE, fui fotografando e, de repente, vejo um soldado a tirar o retrato do salazara da parede.
24:03
E até o soldado estava mais simbólico, muita gente não sabe que ele está em cima do Maple.
Do Silva pais, que era o era Oo, diretor da pide.
O diretor da pide tinha usado Salazar por cima.
Vejo bem e ele está bota a casada em cima do do desse sofá a tirar o retrato.
24:21
É uma foto simbólica.
É, É o Fim do regime?
Quer dizer, é, é a queda do regime.
Eu adoro essa fotografia, acho que são as 2, se alguém morder o lábio e essa tirar o retrato do Salazar na.
Nas instalações da pide, são, para mim, são os mais simbólicas.
24:44
Estão a gostar do pergunta simples, estão a gostar deste episódio?
Sabia que um gesto seu me pode ajudar a encontrar e convencer novos e bons comunicadores para gravar um programa?
Que gesto é esse?
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25:00
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25:17
É a melhor forma de escutar a pergunta simples.
Depois de se ter um momento tão elevado e tipo tão significativo em termos históricos, nos nos tempos a seguir e nos anos a seguir, como é que se pensa em tirar outras fotografias depois de tirar umas tão significativas?
25:40
Ora bem, sempre foi um homem que.
Sou a baixado de fotografia.
De forma que andar sempre uma máquina fotográfica, e.
Ainda agora anda com uma pequena máquina fotográfica.
Faz uns.
Bonecos a roubar o esse acabo na mão o sal.
25:57
E então acontece que houve muita influência eu ter nascido em sacavém, nasci exatamente donde estamos feliz da faca doce de sacavém.
Estamos em sua casa já agora.
Muito obrigada por me ter.
Recebido onde?
Onde?
Onde morava?
O morava?
Os meus pais.
Tinham um estabelecimento por baixo, onde onde os operários da faculdade da louça deixavam uma eramita com sopa para a minha mãe aquecer.
26:21
Nessa altura, ainda andavam descalços.
Eu era muito miúdo, mas deixava aquilo muito estranho, não é?
Eu, eu não andava descalço.
Também andava o meu pai, não tinha assim tantas posso.
Andava com uma coisa que se usava na altura, umas altergatas, que tinham borracha por baixo e por cima era uma lona azul.
26:39
Eram eram, portanto, pobres muito pobres.
Muito pobres, muito pobres andavam descalços nessa altura e não vinham aqui.
Para a minha mãe aquecer a marmita, eu convivi com eles, ser junto jovem, isso fez uma grande confusão.
E então há uma coisa que foi uma grande viragem.
26:58
Eu fui crescendo, é lógico, não é?
E então já tinha os meus 10 anos.
Houve muito barulho por volta das 4 da manhã.
Nós.
Tínhamos uma casa por cima do estabelecimento.
27:14
Ouvíamos barulho, deschi as escadas e vejo o mundo que eu desconhecia.
Eu só conhecia o mundo de sacavém, os operários das pessoas que vinham a aquecer aqui, a marmita.
Muitos descalços não eram todos, já alguns já tinham essas 6 Alpargatas.
27:33
Sapatos, nem pensaram e então vejo o mundo que desconhecia.
Às 4 da manhã desde e das mulheres muito bonitas.
Nunca que não sabia, não via televisão, sabia que havia mulheres tão bonitas, muito bem vestidas.
E homens também muito bem vestidos, que não tinha nada a ver com os operários que de manhã tinham cá fechado o teixinho, o daxinam, uma panelazinha com a sopa.
27:58
Então, quem eram estas?
Pessoas e eu assim.
Mas o que é isto?
Mas quando é este este mundo, eu não conheço.
E então, no outro dia o meu vai correr logo comigo, claro.
E então no outro dia, ó, pai, mas quem são aquelas pessoas?
Vais embora?
Pá, não, não, não, não, não te digo, não me chateies, isto era assim, não é?
28:16
E então insisti tanto.
Por fim, o meu pai quando toma, então vou contar.
Então então, pai, diga-me, olha aquilo, são pessoas que vêm da batota do Casino Estoril.
Com com os seus amantes, e.
E depois outros são as vendidas do parque Mayer que os seus namorados.
28:37
Fiquei assim.
Mas então, onde é este na mesma mesa de sopinha, esta gente a comer o Belo bacalhau assado para o pai.
Arranja, não se arranjava nada de comer.
E então o meu pai sabe.
Eu vou contar-lhes a história.
Que como é, como é que ele arranjava o bacalhau que não havia nas mercearias quase nada.
28:57
Era tudo racionado, nessa altura, isto é, anos 40, o meu pai, através da intendência geral de desaparecimento dos fiscais.
Nem desejo geral de do desabastecimento é que arranjava o bacalhau.
Eles tinham que fiscalizar, mas eram corruptos, vendiam bacalhau, arranjava maneiras do do do merceeiro, que recebia bacalhau vender ao meu pai.
29:21
Não vendia as pessoas.
Vendia o meu pai.
A própria, digamos, intendência, os fiscais, é provocar umas corrupção, e então é é frustrante, não é, não havia comer.
E então também a pouca carne.
29:37
O meu pai arranjava, como dizia 10 anos nessa altura, mandava-me ir ali à pesada, bom que estamos a ver daqui.
E então IA IA ter com o sargento faria, eu levava uma alcofinha e eles lá arranjavam os quilos de carne.
Já viu isso?
29:53
Era o Portugal dos anos 40.
Isso deu fez uma grande confusão na minha cabeça e revolta até e então comecei AA tentar.
O que é que eu posso fazer para demonstrar isto?
E começo com uma preocupação fantástica.
30:10
E eu começo a dar-me, ter muita influência por uns jovens que o papai não quis, mandar-me estudar que tinham.
Clube de cultura do Sá, cavrense e convidaram-me, eu orava o analfabeto passo o termo.
30:27
Eu sou autodidata.
Eu, entretanto, tentei ler muito e então abriram a mente, começaram a dar livros que eu não conhecia.
Começaram a politizar-me de certo modo, não é.
Não haveria nenhum, nenhum partido político.
30:45
A ter uma noção de política, a ter uma noção de política, a ter uma noção do do bem e do mal, do rico e do pobre.
Ajudaram-me imenso e li eu eu nunca contabilizamos dezenas, dezenas, dezenas, dezenas de livros.
Para saber, tinha uma ânsia de saber antes de saber.
31:03
E então, quando é que quando é que pega pela primeira vez numa máquina para fazer a sua?
Primeira nessa altura já.
Queria para o Michel, quando, como lhe disse, e o meu pai, não faz nada para o liceu, vais para a fábrica da louça.
Como?
Já falei para empregar de escritório e os empregado de escritório, mas eu eu não gosto números.
31:22
Pá eu não odeio, pá, eu não sei que mais não quero, não é?
Mas tens que ir, vais para a fábrica e depois consegues.
Levariões para aqui, para a loja, aviar.
E isso aconteceu.
Aconteceu muito triste, mas passado pouco tempo comecei a perceber assim, bem, Ah, eu era paquete andava secção e secção a distribuir papéis.
31:42
EEE pronto era.
A única coisa que eu fazia, simplesmente.
Comecei a dar-me muito com os artistas, os pintores, os escultores.
E era muito curioso, não era tímido e delicadamente fazia perguntas.
Eles começaram a gostar de mim.
31:59
Claramente eram descarado, como se viu um descarado.
Não era.
Eu tinha muito medo.
Medo.
Quer dizer, era delicado.
Tinha era coragem.
De perguntar.
Nunca foi descarado assim, era humilde e então.
Houve um, especialmente um.
32:17
Eu comecei a levar uma máquina, o hotel na exposição os vaquilite cosac vai beber e fazendo fotografias.
Secções operários, escultores e tal.
E houve um chamado Armando Mesquita, que me diz assim, ouve lá vai, nem sempre aí armados em fotógrafos tens que mostrar as fotografias feitas pela tua máquina e ele leio, lê.
32:44
Tu tens olho, mas não percebo nada disto.
Tu não percebes nada disto.
Tens olho, mas não percebes nada.
Disto, uma Bela declaração, tens jeito para a coisa?
Tens uma intuição?
No fundo é tens uma intuição, sabes que há aqui qualquer coisa, mas depois.
Não, não, não tens a noção da composição ya e então ele é assim.
33:03
Vai passas a ir ao meu atelier quer em sacavém para eu dar aulas de arte e composição.
As fotografias são todas equilibradas, têm conteúdo, mas têm forma de se reparar.
O que é que, o que é que aprendeu?
Aprendi a primeira coisa que ele me fez assim, fez-me 11 rectângulo cheio de quadradinhos e disse, olha, isto é, regras de ouro.
33:24
Oo motivo principal tem que estar sempre do lado direito, porque a nossa vista tem tendência a olhar para o lado direito, de forma que depois arranjas elementos de composição no lado esquerdo e tal.
E assim vejo, isto é o princípio.
Não quer dizer que isto seja rígido, mas tu adotares esse sistema, verás que as fotografias são mais agradáveis, e.
33:44
Mas tu não tens máquina, vais a máquina, não, não, não vais a lado nenhum convences não vai a comprar uma máquina.
Falei que não vai ser, não vá eu não, não, não vais nada tirar fotografias, tu tens que ser a emergência do escritório e tal.
Fiquei muito zangado.
Andei em seca bem a saber quem é que tinha máquinas boas e então descobri que um senhor chamado José Carvalho Carvalho muito mais velho que eu.
34:09
Tinha uma Bela máquina uma. 11.
Objetiva, com objetivos, dá-se uma super econta não sei quê, e então.
Pedi ligar ao José Carvalho.
Sabe a natir aulas com o senhor Araújo Mesquita, que era um cdíssimo, senhor Nuno Mesquita, o meu pai não quer comprar uma máquina.
34:28
Não sei que mais sei que o senhor tem uma máquina muito boa.
Acha que é possível emprestar-me e tal, está bem, pá, confio em ti e tal.
Fiquei assim tinha 12 anos, eu não tinha aí 13 anos nessa altura, já 1313 14.
Então começo a fazer fotografias, começo a fazer fotografias, que era outra coisa, mas eu ou o Mesquita baixar estás a ver.
34:51
E já tens assim umas noção, tens uma noção de composição.
Hã?
E então comecei a fazer fotografias.
Fiz logo uma fotografia ao Mesquita, claro, com a máquina do José Carvalho.
Isso é inteligente, isso foi inteligente.
Que assim, fica logo feliz para ver como é.
Que é EE.
35:06
Então tirei ali o os pescadores do Rio trancão.
Direitos.
Esses meus amigos, esses meus tios que vinham de áfricavam.
Levavam levaram-me nesse ano.
35:23
Aos fins de semana, dava uma volta ao convento de Cristo, em tomar e não sei o que já tinha a máquina do José Carvalho.
Fiz uma fotografia da minha, da minha prima, a rezar, encenada agora.
Mas vinha, vinha o raio de luz muito bonito, mais um vitral.
35:39
Pus a pus a minha AA, minha prima, precisamente no lugar de luz, quer dizer, já com os ensinamentos do Mesquita, não é?
E então vamos fazer as ampliações ou ampliava.
Mas era em pequenino, ainda não ampliava-o e não ampliava.
35:55
Nessa altura só fazia cópias de contacto.
Mais tarde é que desenhei um ampliador, que está lá na exposição o meu desenho do ampliador, vi numa revista qualquer.
Mais tarde é tive um ampliador em madeira.
E então concorri.
Primeiro concurso nacional de desempregado de escritório do distrito de Lisboa, e eu, como Manga de alpaca, me levei, mandei umas fotografias e então mandei umas fotografias.
36:22
Recebo um. 11.
Carta.
E telefonaram me telefono.
Havia, não vieram televisão a dizer que havia uma entrega de prémios, eu que tinha sido premiado, eu disse, oi?
36:39
Então lá vou eu cheio de expectativa, bem vestidinho, não é com convém e, de facto, já tinha fato na altura, não é?
Casaco e calça, e.
Tal e sapatos e sapatos.
Sapatos?
Não, não as coisas.
Por fim, já tinha sapatos, quer dizer, não, não.
36:58
Quando fui da loiça.
Depois, como empregados, Vitória já tinha sapatos.
E os e os e os operários ao fim de uns anos?
Tinham era um género de albercata não quer dizer sapatos, se calhar se condiam.
O casamento talvez tivesse um casamento era qualquer coisa.
37:17
E então acontece que.
Chego lá diga-lhe 2 primeiros prémios e 2 segundos, assim não pode estar a acontecer.
Mas Oo primeiro robusto logo isto?
Então a gente mais velho é que eu comprava-me, quiseram que eu ficasse no meio, essa fotografia estava na exposição com uma data de salvas de prata assim, e então eu estava tão.
37:40
Eu tenho vergonha dessa fotografia tão inchado que estou assim, com uma pose percebe assim, de de, de galã de Alcântara, assim com uma data de salvas de de prata, então, olhe, então, Oo Mesquita, claro que soube da história.
Foi no outro dia, logo ter com o meu pai.
37:59
Senhor engenheiro e agora você tem que comprar a máquina ao rapaz, tudo bem?
Ganha prémios, o rapaz tem jeito, o rapaz fotografa bem, faz favor, arranja uma máquina, vês ele andar aí com a máquina a dizer Carvalho que é uma vergonha.
O meu pai ficou mesmo envergonhado, sabe?
Aquilo foi dito perante os operacional, comer sopinha, não é?
38:17
E então vai ver quanto é que custa uma máquina e tal.
Eu lá fui ao JC alvariz eu eles conheciam-me, porque eu IA lá comprar os rolos para a máquina do Zé Carvalho.
E gostava de mim.
Perguntava, sabia os preços das máquinas, não é?
38:33
Aí tinham eles, eram 2 sócios e tinham 2 filhos da minha idade que era Oo melhor Ferrari OOO Nuno Ferrari e era Oo.
O Orlando.
38:50
Esse Ferrari é o Ferrari, que tira a fotografia do Eusébio dentro da Baliza, no, no, no.
Dela, o maior amigo do Eusébio.
E graças a ele é que eu fui.
Sempre com o Benfica jogava eu IA No No, no avião do Benfica.
39:10
Ele era o único que só a orfield ele e eu confiava em nós, já não o íamos fazer fotografias de paparazzi, não.
De resto, fazes uma fotografia maravilhosa de de Eusébio de da Silva Ferreira, 2 pelo menos que eu vi Na Na exposição aquela.
Com o Simões é muito bom.
Tal e qual que é extraordinária que é um abraço, é uma é.
39:26
É uma.
Esperamos internacionais.
Que teve, teve.
As pessoas não imaginam as posições que eu fiz.
Os prémios giovannarem internacionais, eu ganhei cerca de 300 prémios.
São importantes os prémios para si.
Foram.
Comecei a ser reconhecidos internacionalmente e comecei a ser convidado, inclusive para júris mais tarde, para juros, para exposições.
39:46
Fiz exposições nos sítios mais mais mais esquisitos, mais esquisitos, não mais improváveis do mundo, quer dizer.
E então comecei a ganhar prémios, prémios, prémios, prémios, comecei a ser convidados, fui convidado uma coisa.
Que, cá em Portugal, publicava notícias.
40:04
Por exemplo, uma coisa que eu fiz questão de pôr aqui.
Uma opinião de um grande crítico e fotógrafo austríaco sobre mim.
E então comecei a ser convidado por ele. 5 fotógrafos mundiais.
40:22
Criam 5 fotógrafos do mundo e então eu tenho catálogos disso tudo.
E cá em Portugal não vinha notícias sequer ninguém, não ligava nenhuma.
Ficou triste com isso?
Ficou triste com isso?
Muito.
E então acabei.
Triste porque a imprensa mais tarde houve algumas coisas que o problema, as coisas sempre pequenas, EEA televisão também fez.
40:47
Algumas entrevistas, mas isso já foi bom, mas.
Não me posso queixar, mas depois, a partir do do 25 de abril, isso mudou.
Sabe que, entretanto?
Não sei porquê.
41:06
Não, não.
Prémios muito importantes que você não via notícias percebe uma das coisas muito importantes que eu fiz ou antes que eu que eu ganhei foi no já foi em 2000 e. 2005 veio.
41:29
Veio ganharam, por exemplo, 11 concurso.
Num, num, num, num concurso em em Pequim, a ganhei um o prémio especial do júri, e.
Esteve lá, esteve em Pequim.
Esteve?
Em Pequim, eu fui 3 vezes à China e então?
O que é que eu fiz?
41:47
Reportagens em 72 países?
Fiz fotografias e cenas pelos prémios que eu ganhei e por outras circunstâncias que estavam no século ilustrado.
E depois também, porque foi estudar o conselho da presidência.
Fui a Montes de países do ienes de países graças a isso.
42:05
Países que não é fácil ir, não é de forma que conheçam um pouco do mundo.
Já agora, deixa-me perguntar-lhe que países ou que países é que guarda.
Que tenha a melhor luz para fazer fotografia.
Não sei se podemos pôr a coisa acima.
Quer?
Dizer, há países para mim que são lindíssimos, que é o caso da Índia, é um país.
42:22
Quer dizer, com tanta Riqueza, com tanta miséria?
Eu, a China.
A China é fantástica e é lindíssima e há partes que eu não conheço bem, só conheço a ti.
Joelhinho, ou que é que é aquela zona das Montanhas e dos pescadores?
42:41
Aquilo é fantástico.
Quer dizer, eu conheço a China, conheço a China saltar, fui à China a primeira vez, estive mesmo lá à porta, quando ganhei o prémio da Canon e o primeiro da Canon.
Era um era uma viagem, digamos, a essa zona do de de de Tailândia.
43:01
Zona asiática, digamos, Macau teve.
Macau também estava sob ocupação chinesa e não deixavam entrar na China.
Não, e de forma conheci muita coisa tive, teve em Taiwan, como estava ocupado pelos americanos.
43:18
Tenho fotografias num livro chamado mulher, eu não não cabia ali, porque era não era em Portugal.
EE, tenho fotografias desses países todos e então comecei.
A ganhar, repito muitos anos e convidado-la a ir e fiz imensas possibilidades individuais.
43:37
Eu ganhei o prémio, não era?
Eu não estou filiado, nem quero nenhum partido político.
Mas o pravda em 2000 depois do 25 de abril. 2011 depois do 25, logo a seguir ao 25 de abril, eles costumavam fazer 111 grande concurso Internacional, eu concorri e ganhei o prémio do pravda.
44:00
O pravda, que é Oo jornal oficial do partido comunista.
Comunista russo eu não consigo Internacional tive conhecimento e ganhou envolvimento, ganhei e então era ir 15 dias à União Soviética o prémio.
44:16
E então estive no subecostão.
Tive, tive a Montes de sítios na Sibéria e então quer dizer, eu fui simpaticamente controlado, quer dizer, acabei por não não conseguir fazer nada de jeito.
Mas gostei de ir e conheci um grandes fotógrafos.
44:33
Estive na prova da claro e depois convidaram fazer uma inscrição.
Eu fiz botantes fodições.
Na União Soviética, fiz exposições Estados Unidos em em.
Em Nova Iorque, fiscaliza no museu mundial da arte de Pequim, conduzido a 222 fotografias.
44:54
Graças eu ter ganho, ainda não cheguei lá.
E então, quando há esse grande concurso, eu concorro, que era considerado um concurso do mundo, quer dizer, com mais concorrentes.
E então, entre 35000 fotografias, o?
Havia um prémio atribuído pela.
45:13
Pelo júri.
Eu, eu todos os prêmios, mas havia 1111 prémio que o júri devia de escolher a melhor fotografia para ele.
E então, o Roberto colégio, que era o presidente do júri, escolheu a minha fotografia que está lá na, na, na exposição em fotografia, que.
45:34
Fotografia é.
É uma fotografia feita no Barreiro chamada poluição.
Está lá com os chaminé de Barreiro e tal, é assim, muito escura.
E então ganhei esse prémio.
Para mim é coroa de Glória, não é com tantos com tantos concorrentes e tantas fotografias cá em Portugal.
45:54
Saiu a notícia de 10 linhas, quer dizer.
Uma persona não grata, sente-se, teria para meter visitar, ir num sítio ou começaram AA pôr.
A.
Colar-me.
Ideologias não tem nada a ver comigo, embora aprecio muito e tenha duvidação porque porque por aquilo que fez o partido comunista por este país, não mataram ninguém e lutaram.
46:20
Têm tido o seu chapéu, mas sem nunca virei nenhum partido nem perfil.
Para sem ser uma pessoa não grata.
Não sei porquê.
As notícias já não era.
As mesmas eram não me ligaram.
Seria inveja?
Não digo que seja inveja.
Pagou o preço da sua Liberdade individual?
Pagou o preço da sua Liberdade de individual?
46:37
Sim, talvez nunca me filhei namorado como disse, fui aliciado?
Não, não, não.
Eu assim eu quero ser independente.
E assim, ninguém me pode acusar que eu faço essa fotografia por isto ou por aquilo.
Faço essa fotografia porque me sensibiliza.
Quero denunciar uma situação.
46:54
E de forma que foi assim e no antigamente, antes do 25 de abril, fui preso, precisamente que eles aduchavam, pelo menos no interrogatório que me fizeram na pide, que eu dava uma má imagem de Portugal, que só fotografava pessoas humildes, pessoas humildes, porque é que eu não fotografava paisagens.
47:13
Nós temos paisagens tão bonitas.
E eu disse, olhe, desculpe, eu, eu, eu não gosto de paisagens e gosto de ver, mas eu eu prefiro fotografar Oo ser humano quer dizer, as suas lutas, as suas.
É as suas expressões e a sua, as situações, de forma que eu não, não sou comunista como estão a acusar.
47:33
Não sou de nenhum partido, simplesmente eu como português e fotógrafo EE jornalista, eu acho que devo de comentar o meu país.
Há, de resto, fotografias como aquela foto duma criança.
Suja num beco escuro que que nos que nos interroga, que nos que nos que nos faz perguntas, não é?
47:54
Eu IA a esses bairros.
Portugal não conhecia bem Portugal.
Os portugueses não conheciam bem Portugal.
Eu sei que ilustrado foi o veículo fantástico para os mostrar a Portugal real.
E então, a minha e, especialmente quando foi para lá um para o século ilustrado, um diretor tinha estado na BBC.
48:17
Foi o Chico mata, doutor Francisco mata.
Começaram, se a fazer reportagens fantásticas.
Antes disso, era só OOOO Américo Tomás, com os netos, o Salazar, férias, coisas assim.
De qualquer forma, tirou uma foto a Salazar, que é uma foto que também tem no seu acervo que é uma foto de Salazar a olhar para para o mar, para o Rio.
48:39
Tem uma história.
Onde foi ti?
Aquela foto?
Era muito difícil ter acesso ao Salazar.
Era só naquelas coisas oficiais.
Bacalhau de comprimento, eu tenho lá uma do do Eusébio, aqui ele a condecorar, o Eusébio, essa é gira também é.
48:57
Era a única possibilidade, como só tinha de aproximar do Salazar.
E então?
É livre das histórias.
Devo ter posto na rua porque não estava no sítio certo?
E então acontece que.
O salvar era muito protegido, claro.
49:15
E então, lembro-me.
Essa fotografia tem uma história, porquê porque todas as redações receberam a notícia que o senhor presidente do conselho, que está a passar férias na No No forte, não sei quê, vai, vai vai ver passar a regata de veleiros, não sei quê, a gente vai.
49:36
É tão difícil ter acesso a ele, isto vai vai ser bom.
E então vão lá, façam uma fotografia ou com os velhos veleiros, e depois lamito a fazer Salazar, Salazar Salazar.
Tenho aquela.
E então quando ele, quando ele está de Costa, assim, agora que é um homem só.
49:51
Então faço 2 fotografias.
Só ele depois vira-se, põe o chapéu e já não tem piada.
Já não tem graça, porque OOO que tem graça na história, é ele, está a solidão.
Um homem só, um homem só.
E então claro que levei você é cliustrado.
50:08
A fotografia dele a veio a passar o sumelei os veleiros, mas eu depois concentrei-me só nele e então fiz 4. 5 fotografias eu tive ali um bocadinho.
Depois, virou-se.
Tem com o chapéu.
Tenho ele até olhar para o mas era muito.
Interessava nada aquela imagem que tem uma carga fantástica e de forma que Ah.
50:27
E então se reparou na imagem?
Lá está.
As lições que eu recebi do urbano Mesquita o equilíbrio de formas se realizar esta no sítio certo?
E eu e eu apanho aquela linha de de que está lá, não inventei do forte, mas aqui, sim, aquela linha não é a mesma coisa, é porque aquela linha conduz conduz a ele.
50:54
Se reparares vir aqui.
Portanto, o nosso olhar segue aquela linha até o encontrar, neste caso, da esquerda para a direita.
Tudo isso não é por acaso.
Não estou aqui se eu não tenho tido elas, Artem, como se continuava a fotografar, se calhar quer dizer, Oo conteúdo humano que eu gostava de fora, mas não era a mesma.
51:12
Ganhou uma estética, ganhou uma estética, ganhou uma forma de de mostrar.
Sabe que AAA fotografia, especialmente a fotografia.
E quando o senhor está a fotografar, às vezes mais são um passo à esquerda, ou um ou um passo à direita para as coisas serem diferentes e ter um feeling do que vai acontecer a seguir.
51:32
É, é é antecipar o movimento.
Sim, sim, sim, eu lembro.
Muitas circunstâncias.
Que me aconteceu, por exemplo?
Quando foi o Fernão de Salazar?
Fernão de Salazar.
Eu?
Acompanhei, nos jerónimos.
51:51
Bom, a reportagem que saiu no sétimo federal tudo o que aconteceu, mas eu, por exemplo, vinha cá para cima, fazia fotografias com a objetiva, só as botas do Salazar EEOEEEOEO índice, não saíram.
Acredito que ias guardar EE, depois o altar.
52:09
Tudo, aquela gente toda, as pessoas que iam lá ver têm uma pessoa a ver cachimbo, que é aqui que é um miúdo que está.
Que está de?
Costas mas é um miúdo que tem um problema com uma, está com uma bengala.
Que está ajuda ao, ao, ao, ao caixão.
52:25
Depois, se eu tenho já o Marcelo Caetano que tu via, gira, mas.
A melhor situação é é eu.
Querer fotografar a Maria, a Maria, que era, que dizia-no, que era a namorada dele, era a governanta, não é?
52:47
Todas, acho que todas as pessoas sabem que a Maria.
Em sabendo, criava galinhas para vender.
Dentro de São Bento.
São Bento.
Ah, então é uma boa galinha ter uma economia dentro do do Palácio de São Bento, não?
Mas isso é outra história e então acontece que.
53:07
Eu ao último dia e nesse nessa noite iriam fechar o caixão.
Que era o caixão EE quando a mim o mau profissionalismo.
Da imprensa nessa altura.
Não havia lá ninguém.
53:25
Aquilo era à 1 da manhã.
As pessoas tinham, acharam que era melhor dormir, não é?
Mas eu mantive até às tantas falar lá com o cangalheiro, disse, ó, à 1 da manhã, a gente fecha casa bem.
E então lá está a urna com o Salazar e lá estão 11.
53:41
Corredor dos gajos da legião, depois PIS 2.
Eles, claro, entre entre falados estão está bom?
Agradeço EE, eu, cá atrás, nunca avancei.
Mas quando vejo a Maria levantar-se, está prestes.
54:02
O caixão ser fechado e levanto.
E então AA Maria agarra assim, No No menço aparece a cara do Salazar, uau e agora muito mal, embalsamado, pá.
E a cara de coitada já estava com um mau espetro.
E então e depois dá-lhe o género, dei-lhe um beijo.
54:23
E então, já vamos dar AA sequência?
EE, tiro mais 2 fotografias, de repente, agarraram-me puseram-me na rua, escreveram não fotografias que podiam ser feitas.
Eu vi-me logo embora, claro, antes, tinham-me, roupassem o Rolo, e então essas pessoas nunca puderam ser publicadas, é lógico, e só depois do 25 de abril já lhe vou mostrar.
54:43
E então outra fotografia que nessa altura saiu, eu vestia um palanque quando saísse o caixão, os fotógrafos tinham que estar todos ali, aquilo tudo organizado.
Para para controlar ali naquele palanque.
Se quer vir, se queres fotografar, tens que ir para ali.
54:58
Zé, muito obrigado, mas eu não fico cá, estar em baixo, mas eu.
Mas tu não consegues segurar porque eu também ando por aí.
Era um truque.
E então eu comecei a pensar, ora bem, eu sai dali dos jerónimos, depois está ali o governo.
Vai passear à frente do governo, é lógico, e.
55:17
EE os fotógrafos são todos cada do lado de lá e eu vou.
Apanhar e eu vou apanhar OOE, então.
Estou lá, assim consigo, aos 6 m afastado.
Quando eu olho para aí, faço mais dúzia de fotografias.
E acabou.
É a melhor fotografia porque apanho o os soldados com com com o caixão e apanho todo o governo.
55:42
OK, uma pessoa tem que pensar assim, isto vai acontecer, assim vai acontecer assado e por sorte.
As coisas acontecem, aconteceram.
Sorte ou talento?
Há há uma, aquilo que.
Que eu vejo nas suas fotografias e que e que mais admiro são os retratos, são as fotografias que fez de múltiplas personalidades que retrato mais gostoso de ter tirado.
56:06
Já para alemão, por exemplo.
Do champanhe porque as?
Pessoas e da Amália, EE, do EE do diaanos.
Ora bem, eu conhecia as as pessoas.
Como é que é essa dialética, como é que é esse, como é que é esse diálogo?
Ora bem, eu conhecia as pessoas e as pessoas, 11 coisa fundamento, tinham confiança em mim.
56:24
Sabiam que eu não IA.
Tramá-los.
Isso é importante.
Importantíssimos se o fotografado não tenho confiança no fotógrafo nunca.
Está descontraído, nunca.
Nunca se abre e.
E vê-se isso nos olhos imediatamente.
56:41
E então é preciso criar confiança com o fotografado.
E eu conhecia as pessoas todas e já tinha privado com elas.
EE, então eu.
Disse, vou fazer um livro.
Só de retratos.
Sem de acorde nenhum, o fundo vai ser preto e depois o senhor.
57:05
Ah, eu procurava saber o máximo de cada personagem, jovanias as coisas que eles gostavam, que não gostavam, e depois na minha cabeça começava a imaginar a imagem que daria.
Que deveria fazer para mostrar a outra face da pessoa?
57:25
Mas IA falando com eles para lhes plantar essas ideias na cabeça.
Antes fotografei antes, mas antes tinha que ser.
Tinha que falar com pessoas próximas deles, conhecia menos bem.
Eu conhecia-os, mas não saber se deu manias, se se gostavam disto, gostavam daquilo.
57:42
E o procurei saber o caso do Ian.
Isto não foi preciso perguntar porque conheceu-me bem.
E então o meu das coisas é que eu fui fotógrafo da presidência da República e digo, eu inicialmente aceitei pensando que devia ser de chato.
57:59
Foi o maravilhoso, porque inclusivamente o Ian já é uma pessoa exemplar, apresentava a mão aos presidentes.
Eu lembro-me uma vez em Washington, que estava eu a fotografá-lo no Jardim da Casa Branca com o Reagan.
Ele chamou-me.
58:16
Eu fiquei assim um bocado nervoso.
Não corriga presidente Agra, aqui o Eduardo gageiro.
É nosso fotógrafo e é meu amigo.
E já ganhou uma medalha dura em Washington.
Eu fiquei acima e o regan chama-me eu dizer então vamos ter aqui uma fotografia.
58:36
Estou no tenho uma fotografia no meio do regan e do ianes assim e depois mandaram.
Foi o fotógrafo feito pelo fotógrafo da Casa Branca, assinado pelo riga e com uma carta assinada por ele também a.
E então fiquei feliz da vida.
O iene era assim e então uma pessoa do humanismo não quer saber identifico-me.
58:56
Nascemos com 1 mês.
Ele tem o mesmo, é mais que eu fiz agora anos esquecemo-lhe o dia teve.
No dia 26 esteve na cordoaria e tinha feito na véspera esqueci-me e então.
Tinha uma certa intimidade com ele, IA lá a casa, et cetera, EE rei da família.
59:17
E então lembrou o Ian, homem de rigor, o homem não lembro.
Eu sabia que ele colecionava os relógios e então e lá vem o fundo preto.
Levei o meu filho para me ajudar, para pôr as luzes e aquilo era era assumidamente uma pose.
E então?
59:33
Mas mas, apesar de ser uma pose.
Não me parece falsa, é isso que permitem de de.
Extraordinário.
É espontâneo aquele aquele olhar, não é um olhar de vamos aqui tirar uma fotografia.
Não tem que ter confiança na pessoa, acreditar que aquela pessoa está ali para fazer o melhor possível.
59:52
Não, não vai trabá-la, quer dizer, é um homem, é homem, honesto, pronto, modéstia à parte.
E então acontece que então quer dizer, como é que vamos fazer a fotografia e tal?
É, eu sou subsidente, coleciona relógios, eu sei e estão ali.
1:00:13
O senhor presidente, eu quero fazer.
Bom, bem com as lojas.
Será um homem de rigor, como será?
E é verdade, de rigor, na forma que nada melhor do que um relógio e as são relógio, bonitos e são antigos.
Senhor presidente, vai sentar-se aí tal, pegar aquilo o fundo preto propositadamente para se ver que não, que que é de propósito.
1:00:36
E então.
Então, o que é que eu faço?
Bom, bem que vai ficar ver um relógio como seja um relojoeiro.
E assim como a lupa, mas eu não tenho lupa ou sou presidente da vossa lupa.
1:00:56
E então lá tem ele com a lupa.
E ele adorou a fotografia, está a ver ele.
Eles continuaram a fotografia a mais difícil.
É difícil para convencer a pessoa, mas isto demonstra, quer dizer, é a confiança que as pessoas iam em mim chapado senhor para Lisboa com luz de boxe.
1:01:16
Ninguém acredita, mas se é uma fotomontagem, estou chapalimo e.
Calçar-me sobre os boxe, como.
É que como é que o convenceu?
Então, fui tirando fotografias, tirando fotografias.
Ele conhecia o meu pai porque o meu pai, quando era era muito jovem, tinha sido empregado ali ao pé, onde eles tinham um Palácio ali na Estrela.
1:01:37
Eles são pai de miúdo e eu já o tinha visto antes, já tinha dito quem era.
Ah, pois sou Paiva.
E então nessa altura da fotografia?
Ele combinou comigo, foi o foi prático.
Logo a secretária disse, olha, ele recebeu a sua carta.
1:01:54
O gajo lhe diga, quando é que pode vir cá?
E então, eu, assim, olhe, pode ser amanhã já.
Eu queria fotografá-lo.
Pois ainda bem, porque ele foi, vai para o Brasil e tal.
Então, apareço lá Ah, fui ter com um amigo meu que.
1:02:12
Tinha uma casa de artigos de desporto e eu disse, eu falo, parecem-me umas luvas de boxe, mas vais pôr um num saco transparente?
Não pões lá com saco com letra transparente.
1:02:30
Que é para se ver, para.
Se ver, então começo a fotografar, ele já devia olhar, era o que eu queria, tinha olhado para e então começo AE só para a pessoa descontrair, não é fácil.
E então falar com ele sobre isso, sobre aquilo e aquilo, tipo fotografia e fiz e agora faça isto, faça aquilo, faço aquilo outro.
1:02:52
E disse, ó, gajo, era era isso que eu queria.
Para quem são aquelas luvas de boxe?
Era o que eu queria.
Ora, ó senhor doutor, ó, ó, ó, vocês sabem, eu ainda eu falei nisso, isto foi intencional desde já, não foi com maldade, foi intenso não, então para quê?
1:03:11
É para ficar com o Júlio Roque porque o senhor é um homem de luta.
Eu estava a ser sincero para ele, hã, é um homem de luto, o senhor nunca perde o senhor Oh, o gajo, olha com este corpinho que eu tenho já viu, se não interessa, eu fui leal para ele, interessei a parte do mental e o senhor realmente é uma pessoa.
1:03:29
É uma pessoa e era.
Tu, tu, coiso?
No coração, no fundo.
No banco dele e então?
Ou seja, pegam menos nas ruas, ele não.
Ah, não quer dizer, não faço isso, Ah, pegam menos nas luvas.
Pegou sim, já está.
Quer dizer, agora, calma, eu não calço álcool, já, não faço.
1:03:48
Tenho confiança em mim ou não tem.
Ele disse que sim, então, calce, ninguém vai ver as fotografias.
Anão ser eu e o senhor.
E então, e começou a embarcar, Ah, desculpa, começou a embarcar no jogo, no jogo.
1:04:06
E então, agora vou fazer assim agora, não sei quê, agora vai, não sei quê.
Agora há de fazer agora, não sei quê.
E fiz uma data de gorros.
EE fiquei feliz, cheguei a casa.
E cheguei tarde, tinha.
Tinha feito os golos, revelado os golos, mas não estavam ampliados que sempre uma carta, um telefone à noite.
1:04:27
Que vi que era 11 telefonema de última hora, digamos, o gajeiro.
O senhor se apalinou e disse que vai para para o Brasil.
É amanhã de manhã e só vai EE depois, se houver.
1:04:43
Não sei quê.
De forma que ele diz, vou não publicar as fotografias.
Que ele quer?
Ver, mas era um ponto de honra, mas eu não publicava fotografia nenhuma, que eu lhe disse AA primeira pessoa a ver é ele, então.
Vê logo assim?
Ai, aqui não é?
E então é ele.
1:05:00
E então nessa noite faz qualquer as ambições todas ai, disse ao telefone, eu amanhã de manhã estou aí, amanhã estou aí passou só para Lisboa, antes de ir para o Brasil ver as fotografias e então lá levo umas provas e convencer logo a senhora, e não estava a mentir que ele estava bem e então foi.
1:05:21
Eu fui com ela ao champanhe e ela começou logo a elogiar as fotografias.
A elogiar as fotografias.
E depois o senhor valeu.
Então está a ver que está bem, está bem, é um homem de luta.
O homem que não perde o homem, não sei quê.
1:05:37
Posso publicar?
Pode sim, senhora, pode publicar.
Então publico as fotografias, faço um livro, mando-lhe um.
A oferta, não com uma dedicatória, manda manda-me o preço do livro, manda manda-me um cheque com o preço do livro.
Era 400.
1:05:54
Escudos ou um homem de contas.
Depois um homem de contas, digo-lhe, essa foi uma das histórias mais mais giras e depois há outras que são.
Que que nem vale a pena contar sobre o não.
São muito, muito agradáveis.
É uma pessoa que está.
A exposição a fotografia, por exemplo.
1:06:18
Do Cavaco não Era Para Ser aquela?
Ele era primeiro-ministro e eu falei-lhe com com o Fernando Lima, que era assessor.
É assim, olha.
Falei no segundo, ele falou, disse que sim, senhora, que ele tinha aceite.
1:06:34
E assim, como é que eu quero fotografar?
Olha com aquele traje-o de Iorque, de professor de Iorque.
Por acaso que lhe fica muito mal.
Eu ficava muito mal, mas o que acho que era pronto, o professor.
Mais uma vez, o simbolismo diga mais uma vez o simbolismo e uma ligação.
1:06:49
À Oo director.
E então vou para lá de manhã todo encandado da vida e tal, e não sei que mais olha, já não quero tirar a fotografia com um professor de Iorque.
É pá.
Agora, assim, de repente.
Não vou arranjar o dedo, não te preocupes que ele já tenha ideia.
1:07:06
Então, qual é a ideia é ficar aqui com uma cabine?
Telefónica a mandar o país.
E ele, assim.
E então eles trouxeram.
Tenho fotografias disso com a cabine telefónica.
Assim não tinha gravata, encomendaram o país.
1:07:22
E já para si só, ridículo.
Portanto, não, não, não teve.
Não conseguiu fazer aquilo que foi captar no fundo, a alma daquela pessoa da alma.
Não estamos.
Justamente pior.
Sim, já vi que é um homem todo engoadinho com o telefone na mão e com as cavidas penduradas a quando andar no.
1:07:41
Veículo, pelo contrário, AA fotografia que faz da Amália Rodrigues é uma fotografia cheia de força.
AA foto da Amália Rodrigues.
Fuck há-me ali muitas outras pessoas quer dizer, conseguiram.
Que elas colaborassem.
1:07:57
E o caso da Amália é um caso especial, porque eu tinha muita intimidade com ela, porque o diretor era muito.
Era muito amigo da Amália e o Francisco mata e que teve fotografia da Amália desde os anos 60.
EE sempre que alguma revista querer fazer fotografias Internacional, querer fazer fotografias da Amália, contactava, me era aquela fotografia que custou, que está lá.
1:08:24
Eu fui fazer fotografias para a manchete e depois, quando ela saiu do carro, é que eu fiz bem, vamos voltar à estamos a falar da Amália.
E então, acontece que já há uns anos depois, quando andava a fazer o livro revelações que é aquela dos retratos, lembrei-me.
1:08:42
Falei com ela, ela disse logo que simpática.
E ela começa a funcionar, começava, coitada.
Ela realmente muito cordial.
À 1 da manhã lá, combinámos à hora da manhã, já que sou de uísque e então começo a fazer fotografias e ela adorava ser fotografada.
1:09:02
E então por fim, já não sabia o que é que queria fazer com guitarra sem guitarra fiz a cores, fiz a preto e branco, fiz anão sei quê.
Aí então, por fim, eu digo-lhe assim, Oh Malia, vamos fazer relembrando-me agarro a guitarra.
Eu já tinha feito com a guitarra, mas como seja uma pessoa que goste muito.
1:09:20
Com força, com energia.
Com energia.
E repara EP.
E penso numa pessoa que gosto muito.
Veja a expressão que dá ali.
Ela está a olhar para cima, está a agarrar.
As pessoas do olhar, vejo vir com atenção.
1:09:36
A gente já vai rever?
E então ele.
É pá.
Ela está com uma intensidade.
Há aqui qualquer coisa, clique não, pois fiz 2.
E assim Amália vai desculpar, nós somos amigos, eu acho.
1:09:53
Gostava de lhe fazer uma pergunta?
Espero que você não fique zangada não vai chegar à vontade em quem é que estava a pensar.
Na minha mãe e em Deus.
EE se vir a fotografia.
Perceberá melhor o que eu estou a.
1:10:11
Dizer faz todo o sentido, fechamos, o que é que lhe falta fazer?
Sei lá, olha Oo Portugal melhor.
Um Portugal que as pessoas estavam à espera no 25 de abril, feliz.
Que não haja fome, que as pessoas tenham casas.
1:10:30
Mas hoje vivam com Alegria.
E eu fico preocupado porque.
1:10:48
Determinadas Correntes políticas.
Que querem?
Portugal, EE.
Muitos outros países vejam o caso da Argentina, volta ao fascismo é.
Isso é gravíssimo.
1:11:03
Não é.
É gravíssimo.
Os os portugueses é o que está por esse mundo fora que é mesmo na Europa.
E.
E na Europa e no mundo, veja o que está a acontecer em Israel, o que está a acontecer na Rússia, o que é isto político?
1:11:20
É esta?
Onde é que está o humor pelo próximo?
Onde é que está o humanismo das pessoas?
O.
Mundo está agitado e a democracia tem sempre de ser regada, atenção entre a nossa forma de ver o mundo democraticamente liberal, aberta, que respeita os direitos humanos e preserva a diversidade, e um outro, um outro pólo, mais totalitário, mais opressivo, menos livre, que parece estar a acentuar-se dar como adquirida a Liberdade pode ser um otimismo perigoso.
1:11:52
Há que permanecer alerta e atento.
A democracia sabe-me tão bem, afinal, a Liberdade.
É o valor maior.
Até para a semana.
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0:12
Ora vivam.

Bem-vindos ao pergunta simples o vosso podcast sobre comunicação, sobre comunicação e, sobretudo, o

resto sobre a vida, sobre as histórias, sobre a história, logo este ano em que celebramos 50 anos do

25/04/1974, o ano do advento da Liberdade.

0:32
Este dia foi retratado por um dos mais célebres e premiados fotojornalistas portugueses, Eduardo

gageiro encontrei-o num sábado na sua exposição de múltiplas fotografias, que tirou desde 1957

exposição na cordadoria nacional.

Está aberta até 5 de maio e é de entrada gratuita.

0:49
Esta conversa tem luz e sombra.

É deste contraste que se faz a narrativa do Portugal contemporâneo.

Esta edição é um testemunho da história.

Viva Liberdade.

1:14
Liberdade subidamente passaram 50 anos para quem nasceu em finais de 1971.

O 25 de abril é vivido pela memória dos familiares e dos amigos mais velhos e depois lido em livros

ou em recortes de jornais, na embroteca por alturas do curso de jornalismo.

Mas há ainda as memórias do ano.

1:35
Da vida censurada e sem Liberdade de expressão, do medo dos bufos e da pide, do risco da realidade

de ir parar à guerra colonial, das fugas assalto para emigrar para a França ou para a Alemanha em

busca de uma vida melhor e depois o dia da celebração da Liberdade.

1:53
É desse dia que me ficam os relatos de retratos, de testemunhas profissionais pelos jornalistas e os

fotojornalistas, as reportagens com a voz de Adelino Gomes, que retratou na palavra.

O pulsar desse dia do 25/04/1974.

2:10
Na rádio e das eternas e mágicas fotografias de Eduardo gageiro, captando o olhar de Salgueiro Maia,

Oo seu morder de lábio para não chorar seria medo, seria Alegria.

Estas fotos têm tudo, do mais humilde ao mais grandioso.

2:30
Há uma portugalidade intrínseca e imanente nessas imagens, tal como estão expressas noutras

portagens fotográficas que fiz do Portugal, muito pobre do antes, as imagens inesquecíveis das

crianças.

Sujas e descalças, no meio de caminhos duros e casas cinzentas, o retrato do Portugal escondido da

2:50
vergonha da desigualdade gageiro, viu e mostrou-nos essa desigualdade Extrema viu nos operários, sem

sapatos da fábrica de sacavém, ou nos visitantes noturnos vindos do Casino, homens bem vestidos e

acompanhados pelas suas amantes, a quem o pai organizava banquetes onde havia todos os sabores e

3:09
alimentos que, inversamente, eram negados aos que não pertenciam ao clube.

Havia, por exemplo, o bacalhau do contrabando.

E sabe Deus mais o quê?

Havia tudo bom e do melhor, mas apenas para alguns.

Essa desigualdade ainda hoje preocupa o fotógrafo, que também retratou o glamour dos nossos maiores,

3:31
a Amália, a Eusébio, aos poetas, os políticos, os poderosos, o povo, os muito, muito ricos e os

muito, muito pobres, os intelectuais, os trabalhadores da força de braços, os músicos e os

escritores.

Será?

3:47
Mistura um vislumbre da alma do ser português.

Há, claro, Sofia de Mello breyner, que escrevem 4 estrofes, tudo sobre o 25 de abril.

Volte citar, esta é a madrugada que eu esperava o dia inicial inteiro e limpo onde emergimos da

4:05
noite e do silêncio e livres habitamos a substância do tempo.

Esta conversa com o Eduardo gageiro foi para mim um privilégio e um gosto poder partilhá-la com

todos.

Espero ter conseguido entender tudo o que me disse.

4:25
Eduardo gazeiro, fotógrafo, fotojornalista todos o conhecemos, mesmo aquelas pessoas que estão a

pensar.

Mas Eduardo gageiro, o Eduardo gageiro.

E se eu falar das míticas fotos do 25 de abril está apresentado.

4:41
Como é que foi, como é que foi esse dia, como é que foi essa manhã luminosa, como como a descreveu?

4:47
Sofia, 6 da manhã, levou.

Te levou-me um amigo do século porque havia muito, muita gente a trabalhar No No século, os

linotipistas os gráficos muito politizados e sabiam.

5:05
O que se IA passar?

Estavam.

Estavam todos à espera.

Não é porque já tinha havido aquele movimento da escalda.

Que eu fotografei também.

Mas não, não me está enganando.

As fotografias são banais e então, naquele dia, falaram-me aí às 5 e tal da manhã.

5:23
Vai para o terreiro de passo, que hoje é que é e leva os ovos todos.

5:27
Foi, portanto, convocado para a revolução.

5:30
Apenas um telefonema de um amigo meu.

De um século século, e então lá fui.

Com 20 rolos, era o que eu tinha na altura e entrei.

Eu moro aqui em sacavém eu fui pelo lado de cabo ruivo, claro.

5:49
E então logo à entrar o terreiro de passos está um, estão vários soldados.

EE, eu tento entrar e há um que me diz, não pode passar, não pode passar com o nosso comandante, não

quero que deixe passar ninguém.

E eu coloco um descramento disse assim faz favor leva-me ao comandante, que eu sou amigo do

6:07
comandante, eu não sabia que era o comandante, é lógico.

E então ele, coitado, muito humilde, me disse levemente senhor ao comandante que é amigo do

comandante, então lá fui eu e já está já cá estou dentro, não é?

Então apresentei-me uma pessoa que eu não me conhecia.

6:25
Olhe, Eduardo, gajo do século ilustrado, e ele assim salgueiros Baia.

Era o quadrante.

Eu também sei que você é.

Desculpe mandar, mas como é que sabe quem eu sou?

Que eu por todas as semanas, o séculos grave e conheço o seu trabalho e gosto muito das suas

6:44
fotografias.

Você é um homem que fotografa o povo, fotografa não sei quê e tal.

Eu fiquei.

6:48
Isso é que é um cartão de visita.

6:50
Felicíssimo não é felicíssimo.

EE dizia, então agora podes andar comigo à vontade.

E então, onde é que desde as 6 da manhã que o Salgueiro banha, tu vês?

Ninguém tem.

Nem via rádio, nem televisão, nem outros colegas.

Meus fotógrafos, ninguém, tudo julgo.

7:07
Com medo?

Porque mais tarde vi os meios mais longe, muito hoje eu estava ali no coração da revolução.

7:13
E tive medo.

7:14
E então assisti a todas as negociações, a todas aquelas coisas quando?

Da última vez?

O pai de Anselmo não queria aderir ao movimento nem nem queria render-se.

E então eles levaram essa fotografia na exposição.

7:31
O britico Cunha.

Ele levava um revólver dentro do casaco.

Está ele com a rola na mão até lá na exposição.

Estava à paisana e.

EOO Salgueiro mar leva uma Granada no bolso de trás.

7:46
Porque se a casa das coisas corressem mal.

7:48
Pois correr mal, porque eu tinha ouvido dizer quando há negociações, vai tudo desarmado, está

provado que não é, nem sempre é assim.

E então, da última vez que estavam desesperados que o outro não, não aderiu parte da selva.

E então?

8:04
O senhor comandante, definitivamente.

Rede-se ou dera o movimento, mas fica em voz, graus ou naquele.

Ou põe o caixa de grande intenção, não é EE outras sempre sempre com eles.

E então ele diz, não, não rede nem direito ao movimento prendam-me.

8:24
Aí é que acabou e então eu tiro uma fotografia, eu.

Ponho a máquina à cara, diz-me sobre a minha palavra de honra.

Isto era uma aldeia.

Toda a gente se conhecia graças ao 7 diversidade.

Eu era conhecido, gaja e submetiras uma fotografia.

Eu mate-te, e claro que não me matou, não é?

8:42
E ele estava a desarmar, ainda por cima, mas aquela honra que serve de uma pessoa que, de certo

modo, quer dizer.

Quer dizer, desiste e tem que se entregar.

Foi.

Foi um homem com grande dignidade posteriormente.

Uns anos depois estava eu muito mal, com linfoma e estava prestes a morrer.

8:59
Falei para ele conseguir descobrir o telefone dele via no Algarve e teve uma condenta me passou as

passas do Algarve.

Para essa conversão, porque por ele, ele está do do lado de lá.

O que me condou não foi bonito, sabe?

9:15
Eu acho que os vencidos também têm que ser honrados.

E por aquilo que ele contou, não foi honrado.

Trataram-me muito mal.

EOOOO patati, disseram-me.

9:24
Deixa-me perguntar-lhe.

Estando lá desde a primeira hora na revolução, tive medo.

Que que emoções experimentou neste dia?

9:34
Júlio, sobre a mim a palavra de honra eu já tinha dado preço pela pide, eu era marcado pelo governo

quando estava quando estava em qualquer reportagem.

Eu lembro-me, por exemplo, quando Oo Salazar ou ou ou, como é que chama?

9:53
O.

9:54
O Marcelo Caetano.

9:55
Não antes o.

Merk macho, o Américo macho, fazia aqueles, aquelas conversas à nação e não sei que mais e então.

10:06
As conversas em família.

10:07
Conversas em família.

E então íamos, íamos todos lá, as pessoas de informação ou onde ele estava.

E então eu venho lá como todos os meus colegas.

E sabe quem é que vinha imediatamente, ombro a ombro comigo?

Moreira Batista, assim que era o homem da informação, Moreira Batista.

10:27
Era um homem da pide.

10:28
Não, não, não era homem da.

Do snh.

O homem que controlava, digamos, a informação.

10:35
Isso era uma forma de intimidação?

10:37
Não, não ver o que ele me fez.

E então, ó, Brown, eu fotografava-vos eu, eu fiz uma fotografia daquelas de poses a sorrir e não sei

quê.

E depois, como eu costumo dizer, só fotografava nos intervalos, só fotografava quando ele fazia

10:52
aquelas poses.

Fazia, quer dizer, tentava ser diferente.

Moreira Batista, eu lembro-me de uma das vezes, agarrou-me assim com o ombro, a gageiro, já não

posso ouvir essa máquina rua.

Era assim.

11:07
Sobre a minha palavra de honra?

11:09
Voltamos essa madrugada do 25 de abril.

Como é que se fotografa?

Aquele.

Aquele dia consegue manter o distanciamento ou, pelo contrário, entrou?

Entrou dentro de dentro daquilo, dentro da história e deixou-se levar.

11:25
Deixem-me levar, sim.

Quer dizer, eu senti que fazia parte.

De de um momento importante, EE, que possivelmente ainda não sabia nada e resolvido, IA ser

resolvido o futuro do país, e eu que tinha de certo modo, sofria entre aspas.

11:44
Referi, tive muitos problemas com a polícia, mas simplesmente, comparado com com muitas outras

pessoas, não sofri nada, não é?

Tinha estado preso, inclusivamente eles odiavam-me e então estava feliz assim, hoje a culpa a partir

de agora é que eu posso ser diferente, vou vou ser livre.

12:00
Quer dizer, na minha cabeça pensava rapidamente nestas coisas que havia uma transformação, acreditei

sempre, mas quando surgiram os tanques da cabeleiria 7 que não estavam, ninguém estava à espera, que

é uma história que.

Ainda não foi bem contada.

12:17
E então, soube-se na altura, mas fogo não foi pouco a contar e não foi contada em pormenor como uma

das a pessoa que tinha.

A missão de ir à cavalaria 7, para que não saíssem aqueles aqueles carros.

12:36
Carros que eram apareciam, sei lá, umas bizarmas.

12:39
Está a falar daquele momento de confronto entre Salgueiro Maia.

12:45
E chamado é um brinquedo.

12:47
Ao ao lado ou em frente a artilharia?

12:50
Pesada.

Do lado do do chamente que aquilo era uma brincadeira e eu aparece aqueles tanques, parece um

arranhacéus ficou tudo com medo, não é?

Inclusivamente as pessoas que estavam do lado da chamice Oo reldeiram mais e os outros militares, e

então as pessoas não perceberam, assistia as conversas, assisti às conversas e então éramos a

13:10
discutir assim, ouve lá, pá, mas então, OPA, Oo Jaime Neves não, não, não falou com a Malta da

cabraia 7 é pá, ficou incluído disso, pá, eu não.

Sei que mais de forma que, porque porquê ninguém sabia.

13:26
Foi uma surpresa, portanto surpresa porque e depois chega o Jaime Neves às 11:00 são uma grande

discussão entre eles.

Eu insisti mais uma vez, digo, e então, o que é que tinha sido o Jaime Neves?

Tinha uma namorada no na, no elefante branco ou não sei quê, deitou.

13:45
Se às 6 da manhã já viu isso, é que é o militar, não é?

E então pronto, estava tudo muito zangado com jáme Neves.

Foi quando realmente avançaram para o para a tanselmo a ver se resolveu um problema.

Para que eles se rendessem ou dirição ao movimento.

14:00
Quando ficou toda a gente assustada quando viu aqueles canhões pá.

14:04
Podia ter corrido mal naquele momento.

14:06
Muito mal, muito mal, muito mal.

E então, quando as foram as histórias?

Sobre o que aconteceu?

Porque é que o cabo Costa.

Virou o canhão.

14:21
Ele era, era o guia à frente.

Não é?

O outro era Oo comandante ele era.

Não sei se era era sargento ou calma, se era o que tinha a missão de ir à frente daqueles daquelas

bizarmas.

14:34
Vamos, vamos, vamos fazer uma fotografia do ar de gaja.

Nós estamos na rude alfeifeite, é isso que estão frente a frente, a frente, frente a frente, e há um

momento em que há a possibilidade de alguém disparar um tiro.

14:47
Para disparar, eu ouço e todos os que estavam lá ouviram fogo, fogo.

14:53
Há uma ordem para.

14:54
Disparar para disparar e então, de repente, OOO.

AA cabo Costa.

Vira o canhão para.

Para o Tejo quer dizer, portanto.

15:09
Era uma atitude não não agressiva, não agressiva e depois todo o todos os outros, digamos.

Digamos, ficaram a mesma coisa.

E então que ele, naquele momento em que se ganha o 25 de abril?

Porque, na verdade, os depois os os militares vão do lado lá, aderiram e vieram ter com o grupo, o

15:29
Salgueiro.

Eu tenho essa fotografia, está lá e tenho muitas mais.

E então foi esse o momento.

EE, depois falou-se que o sobre o cabo passa não ter disparado, mas nunca fui muito esclarecido.

15:47
E então, houve uma exposição em Barcelos com fotografias minhas sobre o 25 de abril, uma grande

exposição num sítio muito bonito.

Sítio antigo, que é o maior, não me lembro como é que se chama?

Esse edifício fantástico, então houve 11. 11 colóquio, talvez?

16:10
Eu não sei como é que se passa a chamar os intervenientes do 25 de abril.

Vivos, claro.

E ainda lá estava Oo.

Como?

O Jaime, o Jaime Neves não teve, teve Oo homem da associação. 25 de abril, Vasco Lourenço, o.

16:32
Teve Oo Arlindo Gomes, que fez a reportagem, encontrou essa história muito.

Nunca muito que nunca foi muito esclarecida.

EE, depois estavam tudo o que pessoas ligadas à à revolução e depois estava Oo.

16:52
Para a direita, Ah, Oo mais Loureiro que é um herói, estavam todos e então?

Ao meu lado ficou cabo Costa e ao lado do cabo Costa, ficou o Manuel da Silva, o Manuel da Silva.

17:08
É o homem que vem naquela, na bula, na bula, que era o homem que digamos, da frente do lado, o

Salgueiro era.

Era a bola, era que queixava à frente.

17:21
Portanto, estes 2 homens que estiveram frente a frente no momento que considera decisivo para o 25

de abril.

17:27
E então, eu?

Como você me fez uma grande confusão, aquilo não tem sido esclarecido.

Isso é o cabo Costa.

Diga lá.

Afinal, o que é que se passou?

Porque é que você não disparou?

Eu começo a sorrir e diz assim.

17:43
O meu comandante mandou-me.

Disparar, e o pelo óculo.

Vejo aqui o meu amigo Manuel, o meu amigo.

17:54
Manuel.

17:56
Andamos hoje na escola, somos amigos de infância.

Então eu IA matar o meu amigo Manuel.

A verdade é esta.

18:03
Isto é tão extraordinário que é numa coisa que de qual dependia a revolução, a amizade, a relação

pessoal entre 2 homens.

18:13
Tiveram uma influência profunda, agora querem esconder um bocado essa história.

18:19
Querem romantizar as?

18:20
Histórias, porque isto foi dito.

Há mais de 100 pessoas, a plateia enorme, pessoas em pé e tal.

Estavam as pessoas mais importantes.

O 25 de abril, de forma foi dito, foi dito, isto é verdade?

25 de abril teria acontecido se não tivesse lá o anel do outro lado.

18:40
Agora, com essa ter dúvidas, não é?

18:43
Fale.

Fale-me de de de Salgueiro Maia.

Que que homem é este, que homem é que viu?

18:48
Teve aqui na minha casa, depois, mais tarde, olha aquele tripé que dá ali foi dado por ele.

Não me ligaram.

18:55
Como é que foi fotografá-lo, o que é que tentou captar?

18:59
Quer dizer, eu andava com com aquele grupo, andava lá.

A captar quer dizer, todo aquele movimento.

Detenção, que foi o 25 de abril, quer dizer, só falta das 11:00 é que aquilo acalmou com a prisão do

19:15
do patencelmo.

19:16
E depois subiram até ao até ao quartel do Carmo.

19:18
E depois?

E depois foi tudo lá para cima, para ao largo do Carmo.

E então eu também fui claro e tenho e tenho todas essas sequências.

Eu tenho uma, tenho uma sequência, tirada com uma olhe como objetiva, com uma máquina que está lá na

19:37
exposição que.

Não tem objetivo é de 70 300.

Ninguém tinha porque a Canon dava 2 máquinas quando eu ganhei o prémio Canon e estive no Japão.

EE, de forma que essa essa.

19:51
300 dá para tirar fotografias.

19:53
Muito longe que dá, por exemplo, eu estava numa janela em frente ao.

Quartel do Carmo, como estava Montes de sogras, mas ninguém tinha aquela objetiva, eu IA

fotografando, quer dizer, de repente, com 300, aproximava-me muito e tenho uma sequência.

20:11
Em que?

Estou a tirar tudo o que se passa.

É então há uma sequência que OOO filho, o Miguel.

O pai do Miguel Sousa Tavares era o teco está em cima de uma guarita, com um megafone a falar e

20:28
depois a seguir.

E dessa fotografia, o salgrama está em cima de um tanque e tenho isso tudo.

A partir daí desapareceu, tudo desapareceu.

20:36
Tudo desapareceu com a logo.

20:37
E desapareceu porque houve um fotógrafo e ficou convencional, fiquei a citar o nome.

Um fotógrafo que trabalhava comigo, que eu levei para para o século.

20:45
Foi roubado?

20:47
Não usa essa palavra porque ele chegou AA ter o descaramento de me pôr um processo por difamação já,

porque nós pode muitas vezes dizer a verdade.

20:57
Quantas, quantas, quantas, quantas, quantos rolos é que levou para esse dia?

21:00
Ele levou 20 e só tenho 14.

21:03
E já agora, cada cada Rolo só por curiosidade, quantas fotografias é que lá?

21:06
Acaba, tenho 36.

21:07
36.

21:08
E, portanto, desapareceram e depois apareceram noutro lado, pronto e foi tudo.

Eu não queria falar.

21:15
Na pessoa, OK, guardamos.

21:16
Isso não estou lhe a dar o tempo de antena.

Percebem?

Eu, eu acho.

É que as pessoas devem ser mais íntegras.

Uma pessoa que eu ajudei tanto, que trabalhava comigo, e depois ficar com coisas que não são dele, e

publicá-las e publicá-las.

21:30
Já agora, já.

Agora como é que era o processo?

Tirava fotografias.

Acabava o Rolo.

O que é que fazia o Rolo?

Guardou.

21:36
O Rolo voltava ou a voltava para o jornal, e depois nessa.

Nessa nesse dia.

Quer dizer, depois, ao fim de tudo, era 1 da manhã, fui para o século falar os golos, então acontece

21:52
a última fotografia que eu tinha tanta, tanto o Rolo 40, digamos.

A imagem 36.

Mas já estava mesmo no fim.

É aquela fotografia do pêlo em cuecas?

Era uma e tal da manhã do dia 25 de abril, quando aparece aquele tipo que foi bloqueado pelos

22:09
soldados.

E então, quando era?

O que querem despir ele?

Tinha uma pistola nas cuecas, e eu não tinha um fotograma, aquele é o último.

Até puxei.

O Rolo percebeu sobre a minha palavra de voz, é verdade, e depois fui revelar os rolos, e depois fui

22:29
olhe, depois fui vim aqui para sacavém.

Dormiu meia dúzia de horas.

E depois voltei no outro dia, outra vez, muito cedo, quase que não dormi, claro.

22:38
É 11 pergunta ingrata, mas eu tenho que a fazer.

22:41
Perguntar tudo?

22:42
Qual é a sua melhor foto desse dia?

22:44
Do 25 de.

22:45
Abril, sim.

22:47
É, é o Salgueiro.

Vai a morder o lábio para não chorar.

Ele próprio diz que é a fotografia mais importante.

Eles, aliás, está e está escrito aqui no livro em que ele diz, o fulano tal tirou 11 fotografia em

que ele venha morder o lábio, e eu venho a morder o lábio para não chorar.

23:05
Porque senti que nesse momento, se é o 25 de abril, isto é, são palavras dele que foram publicadas

numa entrevista que ele deu ao Fernando Assis Pacheco, de forma que essa, mas há outra fotografia

23:21
que eu.

Considero muito significativa, portanto é essa sogra mais que eu gosto e essa que eu vou descrever

eu fui.

O primeiro grupo de jornalistas que entrou na.

23:37
No dia 26 não havia lá câmaras de televisão nem nada.

Entraram relatores, mas não entrou nenhum, nenhum repórter de imagem, nem nada.

E então tive uma sorte de verdade, que eu andava sempre em cima do acontecimento.

Entrei EE, fui fotografando e, de repente, vejo um soldado a tirar o retrato do salazara da parede.

24:03
E até o soldado estava mais simbólico, muita gente não sabe que ele está em cima do Maple.

Do Silva pais, que era o era Oo, diretor da pide.

O diretor da pide tinha usado Salazar por cima.

Vejo bem e ele está bota a casada em cima do do desse sofá a tirar o retrato.

24:21
É uma foto simbólica.

24:22
É, É o Fim do regime?

Quer dizer, é, é a queda do regime.

Eu adoro essa fotografia, acho que são as 2, se alguém morder o lábio e essa tirar o retrato do

Salazar na.

Nas instalações da pide, são, para mim, são os mais simbólicas.

24:44
Estão a gostar do pergunta simples, estão a gostar deste episódio?

Sabia que um gesto seu me pode ajudar a encontrar e convencer novos e bons comunicadores para gravar

um programa?

Que gesto é esse?

Subscrever na página perguntasimples.com tem lá tudo.

25:00
A informação de como pode subscrever, pode ser por e-mail, mas pode ser ainda mais fácil

subscrevendo no seu telemóvel através de aplicações gratuitas como o Spotify, o Apple ou o Google

podcast.

Assim, cada vez que houver um novo episódio, ele aparece de forma mágica no seu telefone.

25:17
É a melhor forma de escutar a pergunta simples.

Depois de se ter um momento tão elevado e tipo tão significativo em termos históricos, nos nos

25:32
tempos a seguir e nos anos a seguir, como é que se pensa em tirar outras fotografias depois de tirar

umas tão significativas?

25:40
Ora bem, sempre foi um homem que.

Sou a baixado de fotografia.

De forma que andar sempre uma máquina fotográfica, e.

25:51
Ainda agora anda com uma pequena máquina fotográfica.

Faz uns.

25:53
Bonecos a roubar o esse acabo na mão o sal.

E então acontece que houve muita influência eu ter nascido em sacavém, nasci exatamente donde

estamos feliz da faca doce de sacavém.

26:07
Estamos em sua casa já agora.

Muito obrigada por me ter.

26:09
Recebido onde?

Onde?

Onde morava?

O morava?

Os meus pais.

Tinham um estabelecimento por baixo, onde onde os operários da faculdade da louça deixavam uma

eramita com sopa para a minha mãe aquecer.

Nessa altura, ainda andavam descalços.

Eu era muito miúdo, mas deixava aquilo muito estranho, não é?

26:27
Eu, eu não andava descalço.

Também andava o meu pai, não tinha assim tantas posso.

Andava com uma coisa que se usava na altura, umas altergatas, que tinham borracha por baixo e por

cima era uma lona azul.

26:39
Eram eram, portanto, pobres muito pobres.

26:41
Muito pobres, muito pobres andavam descalços nessa altura e não vinham aqui.

Para a minha mãe aquecer a marmita, eu convivi com eles, ser junto jovem, isso fez uma grande

confusão.

E então há uma coisa que foi uma grande viragem.

26:58
Eu fui crescendo, é lógico, não é?

E então já tinha os meus 10 anos.

Houve muito barulho por volta das 4 da manhã.

Nós.

Tínhamos uma casa por cima do estabelecimento.

27:14
Ouvíamos barulho, deschi as escadas e vejo o mundo que eu desconhecia.

Eu só conhecia o mundo de sacavém, os operários das pessoas que vinham a aquecer aqui, a marmita.

Muitos descalços não eram todos, já alguns já tinham essas 6 Alpargatas.

27:33
Sapatos, nem pensaram e então vejo o mundo que desconhecia.

Às 4 da manhã desde e das mulheres muito bonitas.

Nunca que não sabia, não via televisão, sabia que havia mulheres tão bonitas, muito bem vestidas.

E homens também muito bem vestidos, que não tinha nada a ver com os operários que de manhã tinham cá

27:53
fechado o teixinho, o daxinam, uma panelazinha com a sopa.

27:58
Então, quem eram estas?

27:58
Pessoas e eu assim.

Mas o que é isto?

Mas quando é este este mundo, eu não conheço.

E então, no outro dia o meu vai correr logo comigo, claro.

E então no outro dia, ó, pai, mas quem são aquelas pessoas?

Vais embora?

Pá, não, não, não, não, não te digo, não me chateies, isto era assim, não é?

28:16
E então insisti tanto.

Por fim, o meu pai quando toma, então vou contar.

Então então, pai, diga-me, olha aquilo, são pessoas que vêm da batota do Casino Estoril.

Com com os seus amantes, e.

E depois outros são as vendidas do parque Mayer que os seus namorados.

28:37
Fiquei assim.

Mas então, onde é este na mesma mesa de sopinha, esta gente a comer o Belo bacalhau assado para o

pai.

Arranja, não se arranjava nada de comer.

E então o meu pai sabe.

Eu vou contar-lhes a história.

Que como é, como é que ele arranjava o bacalhau que não havia nas mercearias quase nada.

28:57
Era tudo racionado, nessa altura, isto é, anos 40, o meu pai, através da intendência geral de

desaparecimento dos fiscais.

Nem desejo geral de do desabastecimento é que arranjava o bacalhau.

29:12
Eles tinham que fiscalizar, mas eram corruptos, vendiam bacalhau, arranjava maneiras do do do

merceeiro, que recebia bacalhau vender ao meu pai.

Não vendia as pessoas.

Vendia o meu pai.

A própria, digamos, intendência, os fiscais, é provocar umas corrupção, e então é é frustrante, não

29:34
é, não havia comer.

E então também a pouca carne.

O meu pai arranjava, como dizia 10 anos nessa altura, mandava-me ir ali à pesada, bom que estamos a

ver daqui.

E então IA IA ter com o sargento faria, eu levava uma alcofinha e eles lá arranjavam os quilos de

29:51
carne.

Já viu isso?

Era o Portugal dos anos 40.

Isso deu fez uma grande confusão na minha cabeça e revolta até e então comecei AA tentar.

O que é que eu posso fazer para demonstrar isto?

30:08
E começo com uma preocupação fantástica.

E eu começo a dar-me, ter muita influência por uns jovens que o papai não quis, mandar-me estudar

que tinham.

Clube de cultura do Sá, cavrense e convidaram-me, eu orava o analfabeto passo o termo.

30:27
Eu sou autodidata.

Eu, entretanto, tentei ler muito e então abriram a mente, começaram a dar livros que eu não

conhecia.

Começaram a politizar-me de certo modo, não é.

Não haveria nenhum, nenhum partido político.

30:45
A ter uma noção de política, a ter uma noção de política, a ter uma noção do do bem e do mal, do

rico e do pobre.

30:52
Ajudaram-me imenso e li eu eu nunca contabilizamos dezenas, dezenas, dezenas, dezenas de livros.

Para saber, tinha uma ânsia de saber antes de saber.

31:03
E então, quando é que quando é que pega pela primeira vez numa máquina para fazer a sua?

31:06
Primeira nessa altura já.

Queria para o Michel, quando, como lhe disse, e o meu pai, não faz nada para o liceu, vais para a

fábrica da louça.

Como?

Já falei para empregar de escritório e os empregado de escritório, mas eu eu não gosto números.

31:22
Pá eu não odeio, pá, eu não sei que mais não quero, não é?

Mas tens que ir, vais para a fábrica e depois consegues.

Levariões para aqui, para a loja, aviar.

E isso aconteceu.

Aconteceu muito triste, mas passado pouco tempo comecei a perceber assim, bem, Ah, eu era paquete

31:39
andava secção e secção a distribuir papéis.

EEE pronto era.

A única coisa que eu fazia, simplesmente.

Comecei a dar-me muito com os artistas, os pintores, os escultores.

E era muito curioso, não era tímido e delicadamente fazia perguntas.

31:57
Eles começaram a gostar de mim.

31:59
Claramente eram descarado, como se viu um descarado.

32:01
Não era.

Eu tinha muito medo.

Medo.

Quer dizer, era delicado.

Tinha era coragem.

De perguntar.

Nunca foi descarado assim, era humilde e então.

Houve um, especialmente um.

32:17
Eu comecei a levar uma máquina, o hotel na exposição os vaquilite cosac vai beber e fazendo

fotografias.

Secções operários, escultores e tal.

E houve um chamado Armando Mesquita, que me diz assim, ouve lá vai, nem sempre aí armados em

32:35
fotógrafos tens que mostrar as fotografias feitas pela tua máquina e ele leio, lê.

Tu tens olho, mas não percebo nada disto.

Tu não percebes nada disto.

Tens olho, mas não percebes nada.

32:50
Disto, uma Bela declaração, tens jeito para a coisa?

Tens uma intuição?

No fundo é tens uma intuição, sabes que há aqui qualquer coisa, mas depois.

32:59
Não, não, não tens a noção da composição ya e então ele é assim.

Vai passas a ir ao meu atelier quer em sacavém para eu dar aulas de arte e composição.

As fotografias são todas equilibradas, têm conteúdo, mas têm forma de se reparar.

33:14
O que é que, o que é que aprendeu?

33:15
Aprendi a primeira coisa que ele me fez assim, fez-me 11 rectângulo cheio de quadradinhos e disse,

olha, isto é, regras de ouro.

Oo motivo principal tem que estar sempre do lado direito, porque a nossa vista tem tendência a olhar

para o lado direito, de forma que depois arranjas elementos de composição no lado esquerdo e tal.

33:34
E assim vejo, isto é o princípio.

Não quer dizer que isto seja rígido, mas tu adotares esse sistema, verás que as fotografias são mais

agradáveis, e.

Mas tu não tens máquina, vais a máquina, não, não, não vais a lado nenhum convences não vai a

33:50
comprar uma máquina.

Falei que não vai ser, não vá eu não, não, não vais nada tirar fotografias, tu tens que ser a

emergência do escritório e tal.

Fiquei muito zangado.

Andei em seca bem a saber quem é que tinha máquinas boas e então descobri que um senhor chamado José

Carvalho Carvalho muito mais velho que eu.

34:09
Tinha uma Bela máquina uma. 11.

Objetiva, com objetivos, dá-se uma super econta não sei quê, e então.

Pedi ligar ao José Carvalho.

Sabe a natir aulas com o senhor Araújo Mesquita, que era um cdíssimo, senhor Nuno Mesquita, o meu

34:27
pai não quer comprar uma máquina.

Não sei que mais sei que o senhor tem uma máquina muito boa.

Acha que é possível emprestar-me e tal, está bem, pá, confio em ti e tal.

Fiquei assim tinha 12 anos, eu não tinha aí 13 anos nessa altura, já 1313 14.

34:43
Então começo a fazer fotografias, começo a fazer fotografias, que era outra coisa, mas eu ou o

Mesquita baixar estás a ver.

E já tens assim umas noção, tens uma noção de composição.

Hã?

E então comecei a fazer fotografias.

Fiz logo uma fotografia ao Mesquita, claro, com a máquina do José Carvalho.

34:59
Isso é inteligente, isso foi inteligente.

Que assim, fica logo feliz para ver como é.

35:04
Que é EE.

Então tirei ali o os pescadores do Rio trancão.

Direitos.

Esses meus amigos, esses meus tios que vinham de áfricavam.

Levavam levaram-me nesse ano.

35:23
Aos fins de semana, dava uma volta ao convento de Cristo, em tomar e não sei o que já tinha a

máquina do José Carvalho.

Fiz uma fotografia da minha, da minha prima, a rezar, encenada agora.

Mas vinha, vinha o raio de luz muito bonito, mais um vitral.

35:39
Pus a pus a minha AA, minha prima, precisamente no lugar de luz, quer dizer, já com os ensinamentos

do Mesquita, não é?

E então vamos fazer as ampliações ou ampliava.

Mas era em pequenino, ainda não ampliava-o e não ampliava.

35:55
Nessa altura só fazia cópias de contacto.

Mais tarde é que desenhei um ampliador, que está lá na exposição o meu desenho do ampliador, vi numa

revista qualquer.

Mais tarde é tive um ampliador em madeira.

E então concorri.

36:11
Primeiro concurso nacional de desempregado de escritório do distrito de Lisboa, e eu, como Manga de

alpaca, me levei, mandei umas fotografias e então mandei umas fotografias.

Recebo um. 11.

36:27
Carta.

E telefonaram me telefono.

Havia, não vieram televisão a dizer que havia uma entrega de prémios, eu que tinha sido premiado, eu

disse, oi?

Então lá vou eu cheio de expectativa, bem vestidinho, não é com convém e, de facto, já tinha fato na

36:47
altura, não é?

Casaco e calça, e.

36:50
Tal e sapatos e sapatos.

36:52
Sapatos?

Não, não as coisas.

Por fim, já tinha sapatos, quer dizer, não, não.

Quando fui da loiça.

Depois, como empregados, Vitória já tinha sapatos.

E os e os e os operários ao fim de uns anos?

37:08
Tinham era um género de albercata não quer dizer sapatos, se calhar se condiam.

O casamento talvez tivesse um casamento era qualquer coisa.

E então acontece que.

Chego lá diga-lhe 2 primeiros prémios e 2 segundos, assim não pode estar a acontecer.

37:25
Mas Oo primeiro robusto logo isto?

Então a gente mais velho é que eu comprava-me, quiseram que eu ficasse no meio, essa fotografia

estava na exposição com uma data de salvas de prata assim, e então eu estava tão.

Eu tenho vergonha dessa fotografia tão inchado que estou assim, com uma pose percebe assim, de de,

37:46
de galã de Alcântara, assim com uma data de salvas de de prata, então, olhe, então, Oo Mesquita,

claro que soube da história.

Foi no outro dia, logo ter com o meu pai.

Senhor engenheiro e agora você tem que comprar a máquina ao rapaz, tudo bem?

38:02
Ganha prémios, o rapaz tem jeito, o rapaz fotografa bem, faz favor, arranja uma máquina, vês ele

andar aí com a máquina a dizer Carvalho que é uma vergonha.

O meu pai ficou mesmo envergonhado, sabe?

Aquilo foi dito perante os operacional, comer sopinha, não é?

E então vai ver quanto é que custa uma máquina e tal.

38:20
Eu lá fui ao JC alvariz eu eles conheciam-me, porque eu IA lá comprar os rolos para a máquina do Zé

Carvalho.

E gostava de mim.

Perguntava, sabia os preços das máquinas, não é?

Aí tinham eles, eram 2 sócios e tinham 2 filhos da minha idade que era Oo melhor Ferrari OOO Nuno

38:43
Ferrari e era Oo.

O Orlando.

38:50
Esse Ferrari é o Ferrari, que tira a fotografia do Eusébio dentro da Baliza, no, no, no.

38:55
Dela, o maior amigo do Eusébio.

E graças a ele é que eu fui.

Sempre com o Benfica jogava eu IA No No, no avião do Benfica.

Ele era o único que só a orfield ele e eu confiava em nós, já não o íamos fazer fotografias de

39:15
paparazzi, não.

39:16
De resto, fazes uma fotografia maravilhosa de de Eusébio de da Silva Ferreira, 2 pelo menos que eu

vi Na Na exposição aquela.

39:23
Com o Simões é muito bom.

39:23
Tal e qual que é extraordinária que é um abraço, é uma é.

É uma.

39:27
Esperamos internacionais.

Que teve, teve.

As pessoas não imaginam as posições que eu fiz.

Os prémios giovannarem internacionais, eu ganhei cerca de 300 prémios.

39:35
São importantes os prémios para si.

39:37
Foram.

Comecei a ser reconhecidos internacionalmente e comecei a ser convidado, inclusive para júris mais

tarde, para juros, para exposições.

Fiz exposições nos sítios mais mais mais esquisitos, mais esquisitos, não mais improváveis do mundo,

39:54
quer dizer.

E então comecei a ganhar prémios, prémios, prémios, prémios, comecei a ser convidados, fui convidado

uma coisa.

Que, cá em Portugal, publicava notícias.

Por exemplo, uma coisa que eu fiz questão de pôr aqui.

40:09
Uma opinião de um grande crítico e fotógrafo austríaco sobre mim.

E então comecei a ser convidado por ele. 5 fotógrafos mundiais.

Criam 5 fotógrafos do mundo e então eu tenho catálogos disso tudo.

40:26
E cá em Portugal não vinha notícias sequer ninguém, não ligava nenhuma.

40:30
Ficou triste com isso?

Ficou triste com isso?

Muito.

40:33
E então acabei.

Triste porque a imprensa mais tarde houve algumas coisas que o problema, as coisas sempre pequenas,

EEA televisão também fez.

Algumas entrevistas, mas isso já foi bom, mas.

40:53
Não me posso queixar, mas depois, a partir do do 25 de abril, isso mudou.

Sabe que, entretanto?

Não sei porquê.

Não, não.

41:10
Prémios muito importantes que você não via notícias percebe uma das coisas muito importantes que eu

fiz ou antes que eu que eu ganhei foi no já foi em 2000 e. 2005 veio.

41:29
Veio ganharam, por exemplo, 11 concurso.

Num, num, num, num concurso em em Pequim, a ganhei um o prémio especial do júri, e.

41:39
Esteve lá, esteve em Pequim.

Esteve?

41:41
Em Pequim, eu fui 3 vezes à China e então?

O que é que eu fiz?

Reportagens em 72 países?

Fiz fotografias e cenas pelos prémios que eu ganhei e por outras circunstâncias que estavam no

41:56
século ilustrado.

E depois também, porque foi estudar o conselho da presidência.

Fui a Montes de países do ienes de países graças a isso.

Países que não é fácil ir, não é de forma que conheçam um pouco do mundo.

42:09
Já agora, deixa-me perguntar-lhe que países ou que países é que guarda.

Que tenha a melhor luz para fazer fotografia.

Não sei se podemos pôr a coisa acima.

Quer?

42:16
Dizer, há países para mim que são lindíssimos, que é o caso da Índia, é um país.

Quer dizer, com tanta Riqueza, com tanta miséria?

Eu, a China.

A China é fantástica e é lindíssima e há partes que eu não conheço bem, só conheço a ti.

42:36
Joelhinho, ou que é que é aquela zona das Montanhas e dos pescadores?

Aquilo é fantástico.

Quer dizer, eu conheço a China, conheço a China saltar, fui à China a primeira vez, estive mesmo lá

à porta, quando ganhei o prémio da Canon e o primeiro da Canon.

42:53
Era um era uma viagem, digamos, a essa zona do de de de Tailândia.

Zona asiática, digamos, Macau teve.

Macau também estava sob ocupação chinesa e não deixavam entrar na China.

43:11
Não, e de forma conheci muita coisa tive, teve em Taiwan, como estava ocupado pelos americanos.

Tenho fotografias num livro chamado mulher, eu não não cabia ali, porque era não era em Portugal.

EE, tenho fotografias desses países todos e então comecei.

43:31
A ganhar, repito muitos anos e convidado-la a ir e fiz imensas possibilidades individuais.

Eu ganhei o prémio, não era?

Eu não estou filiado, nem quero nenhum partido político.

Mas o pravda em 2000 depois do 25 de abril. 2011 depois do 25, logo a seguir ao 25 de abril, eles

43:53
costumavam fazer 111 grande concurso Internacional, eu concorri e ganhei o prémio do pravda.

44:00
O pravda, que é Oo jornal oficial do partido comunista.

44:04
Comunista russo eu não consigo Internacional tive conhecimento e ganhou envolvimento, ganhei e então

era ir 15 dias à União Soviética o prémio.

E então estive no subecostão.

Tive, tive a Montes de sítios na Sibéria e então quer dizer, eu fui simpaticamente controlado, quer

44:26
dizer, acabei por não não conseguir fazer nada de jeito.

Mas gostei de ir e conheci um grandes fotógrafos.

Estive na prova da claro e depois convidaram fazer uma inscrição.

Eu fiz botantes fodições.

Na União Soviética, fiz exposições Estados Unidos em em.

44:48
Em Nova Iorque, fiscaliza no museu mundial da arte de Pequim, conduzido a 222 fotografias.

Graças eu ter ganho, ainda não cheguei lá.

E então, quando há esse grande concurso, eu concorro, que era considerado um concurso do mundo, quer

dizer, com mais concorrentes.

45:04
E então, entre 35000 fotografias, o?

Havia um prémio atribuído pela.

Pelo júri.

Eu, eu todos os prêmios, mas havia 1111 prémio que o júri devia de escolher a melhor fotografia para

45:22
ele.

E então, o Roberto colégio, que era o presidente do júri, escolheu a minha fotografia que está lá

na, na, na exposição em fotografia, que.

45:34
Fotografia é.

45:34
É uma fotografia feita no Barreiro chamada poluição.

Está lá com os chaminé de Barreiro e tal, é assim, muito escura.

E então ganhei esse prémio.

Para mim é coroa de Glória, não é com tantos com tantos concorrentes e tantas fotografias cá em

45:52
Portugal.

Saiu a notícia de 10 linhas, quer dizer.

Uma persona não grata, sente-se, teria para meter visitar, ir num sítio ou começaram AA pôr.

A.

Colar-me.

46:07
Ideologias não tem nada a ver comigo, embora aprecio muito e tenha duvidação porque porque por

aquilo que fez o partido comunista por este país, não mataram ninguém e lutaram.

Têm tido o seu chapéu, mas sem nunca virei nenhum partido nem perfil.

46:25
Para sem ser uma pessoa não grata.

Não sei porquê.

As notícias já não era.

As mesmas eram não me ligaram.

Seria inveja?

Não digo que seja inveja.

46:32
Pagou o preço da sua Liberdade individual?

Pagou o preço da sua Liberdade de individual?

46:37
Sim, talvez nunca me filhei namorado como disse, fui aliciado?

Não, não, não.

Eu assim eu quero ser independente.

E assim, ninguém me pode acusar que eu faço essa fotografia por isto ou por aquilo.

Faço essa fotografia porque me sensibiliza.

Quero denunciar uma situação.

46:54
E de forma que foi assim e no antigamente, antes do 25 de abril, fui preso, precisamente que eles

aduchavam, pelo menos no interrogatório que me fizeram na pide, que eu dava uma má imagem de

Portugal, que só fotografava pessoas humildes, pessoas humildes, porque é que eu não fotografava

47:12
paisagens.

Nós temos paisagens tão bonitas.

E eu disse, olhe, desculpe, eu, eu, eu não gosto de paisagens e gosto de ver, mas eu eu prefiro

fotografar Oo ser humano quer dizer, as suas lutas, as suas.

É as suas expressões e a sua, as situações, de forma que eu não, não sou comunista como estão a

47:33
acusar.

Não sou de nenhum partido, simplesmente eu como português e fotógrafo EE jornalista, eu acho que

devo de comentar o meu país.

47:41
Há, de resto, fotografias como aquela foto duma criança.

Suja num beco escuro que que nos que nos interroga, que nos que nos que nos faz perguntas, não é?

47:54
Eu IA a esses bairros.

Portugal não conhecia bem Portugal.

Os portugueses não conheciam bem Portugal.

Eu sei que ilustrado foi o veículo fantástico para os mostrar a Portugal real.

E então, a minha e, especialmente quando foi para lá um para o século ilustrado, um diretor tinha

48:14
estado na BBC.

Foi o Chico mata, doutor Francisco mata.

Começaram, se a fazer reportagens fantásticas.

Antes disso, era só OOOO Américo Tomás, com os netos, o Salazar, férias, coisas assim.

48:29
De qualquer forma, tirou uma foto a Salazar, que é uma foto que também tem no seu acervo que é uma

foto de Salazar a olhar para para o mar, para o Rio.

48:39
Tem uma história.

48:41
Onde foi ti?

Aquela foto?

48:42
Era muito difícil ter acesso ao Salazar.

Era só naquelas coisas oficiais.

Bacalhau de comprimento, eu tenho lá uma do do Eusébio, aqui ele a condecorar, o Eusébio, essa é

gira também é.

Era a única possibilidade, como só tinha de aproximar do Salazar.

49:01
E então?

É livre das histórias.

Devo ter posto na rua porque não estava no sítio certo?

E então acontece que.

O salvar era muito protegido, claro.

E então, lembro-me.

Essa fotografia tem uma história, porquê porque todas as redações receberam a notícia que o senhor

49:23
presidente do conselho, que está a passar férias na No No forte, não sei quê, vai, vai vai ver

passar a regata de veleiros, não sei quê, a gente vai.

É tão difícil ter acesso a ele, isto vai vai ser bom.

49:39
E então vão lá, façam uma fotografia ou com os velhos veleiros, e depois lamito a fazer Salazar,

Salazar Salazar.

Tenho aquela.

E então quando ele, quando ele está de Costa, assim, agora que é um homem só.

Então faço 2 fotografias.

Só ele depois vira-se, põe o chapéu e já não tem piada.

49:57
Já não tem graça, porque OOO que tem graça na história, é ele, está a solidão.

50:02
Um homem só, um homem só.

E então claro que levei você é cliustrado.

A fotografia dele a veio a passar o sumelei os veleiros, mas eu depois concentrei-me só nele e então

fiz 4. 5 fotografias eu tive ali um bocadinho.

Depois, virou-se.

50:18
Tem com o chapéu.

Tenho ele até olhar para o mas era muito.

Interessava nada aquela imagem que tem uma carga fantástica e de forma que Ah.

E então se reparou na imagem?

Lá está.

As lições que eu recebi do urbano Mesquita o equilíbrio de formas se realizar esta no sítio certo?

50:41
E eu e eu apanho aquela linha de de que está lá, não inventei do forte, mas aqui, sim, aquela linha

não é a mesma coisa, é porque aquela linha conduz conduz a ele.

Se reparares vir aqui.

50:55
Portanto, o nosso olhar segue aquela linha até o encontrar, neste caso, da esquerda para a direita.

51:02
Tudo isso não é por acaso.

Não estou aqui se eu não tenho tido elas, Artem, como se continuava a fotografar, se calhar quer

dizer, Oo conteúdo humano que eu gostava de fora, mas não era a mesma.

51:12
Ganhou uma estética, ganhou uma estética, ganhou uma forma de de mostrar.

51:16
Sabe que AAA fotografia, especialmente a fotografia.

E quando o senhor está a fotografar, às vezes mais são um passo à esquerda, ou um ou um passo à

direita para as coisas serem diferentes e ter um feeling do que vai acontecer a seguir.

51:32
É, é é antecipar o movimento.

51:33
Sim, sim, sim, eu lembro.

Muitas circunstâncias.

Que me aconteceu, por exemplo?

Quando foi o Fernão de Salazar?

Fernão de Salazar.

Eu?

51:49
Acompanhei, nos jerónimos.

Bom, a reportagem que saiu no sétimo federal tudo o que aconteceu, mas eu, por exemplo, vinha cá

para cima, fazia fotografias com a objetiva, só as botas do Salazar EEOEEEOEO índice, não saíram.

52:06
Acredito que ias guardar EE, depois o altar.

Tudo, aquela gente toda, as pessoas que iam lá ver têm uma pessoa a ver cachimbo, que é aqui que é

um miúdo que está.

Que está de?

Costas mas é um miúdo que tem um problema com uma, está com uma bengala.

52:23
Que está ajuda ao, ao, ao, ao caixão.

Depois, se eu tenho já o Marcelo Caetano que tu via, gira, mas.

A melhor situação é é eu.

52:38
Querer fotografar a Maria, a Maria, que era, que dizia-no, que era a namorada dele, era a

governanta, não é?

Todas, acho que todas as pessoas sabem que a Maria.

Em sabendo, criava galinhas para vender.

52:55
Dentro de São Bento.

52:56
São Bento.

52:57
Ah, então é uma boa galinha ter uma economia dentro do do Palácio de São Bento, não?

53:02
Mas isso é outra história e então acontece que.

Eu ao último dia e nesse nessa noite iriam fechar o caixão.

Que era o caixão EE quando a mim o mau profissionalismo.

53:21
Da imprensa nessa altura.

Não havia lá ninguém.

Aquilo era à 1 da manhã.

As pessoas tinham, acharam que era melhor dormir, não é?

Mas eu mantive até às tantas falar lá com o cangalheiro, disse, ó, à 1 da manhã, a gente fecha casa

53:36
bem.

E então lá está a urna com o Salazar e lá estão 11.

Corredor dos gajos da legião, depois PIS 2.

Eles, claro, entre entre falados estão está bom?

Agradeço EE, eu, cá atrás, nunca avancei.

53:55
Mas quando vejo a Maria levantar-se, está prestes.

O caixão ser fechado e levanto.

E então AA Maria agarra assim, No No menço aparece a cara do Salazar, uau e agora muito mal,

54:13
embalsamado, pá.

E a cara de coitada já estava com um mau espetro.

E então e depois dá-lhe o género, dei-lhe um beijo.

E então, já vamos dar AA sequência?

EE, tiro mais 2 fotografias, de repente, agarraram-me puseram-me na rua, escreveram não fotografias

54:32
que podiam ser feitas.

Eu vi-me logo embora, claro, antes, tinham-me, roupassem o Rolo, e então essas pessoas nunca puderam

ser publicadas, é lógico, e só depois do 25 de abril já lhe vou mostrar.

E então outra fotografia que nessa altura saiu, eu vestia um palanque quando saísse o caixão, os

54:49
fotógrafos tinham que estar todos ali, aquilo tudo organizado.

Para para controlar ali naquele palanque.

Se quer vir, se queres fotografar, tens que ir para ali.

Zé, muito obrigado, mas eu não fico cá, estar em baixo, mas eu.

Mas tu não consegues segurar porque eu também ando por aí.

55:04
Era um truque.

E então eu comecei a pensar, ora bem, eu sai dali dos jerónimos, depois está ali o governo.

Vai passear à frente do governo, é lógico, e.

EE os fotógrafos são todos cada do lado de lá e eu vou.

55:22
Apanhar e eu vou apanhar OOE, então.

55:26
Estou lá, assim consigo, aos 6 m afastado.

Quando eu olho para aí, faço mais dúzia de fotografias.

E acabou.

É a melhor fotografia porque apanho o os soldados com com com o caixão e apanho todo o governo.

55:42
OK, uma pessoa tem que pensar assim, isto vai acontecer, assim vai acontecer assado e por sorte.

As coisas acontecem, aconteceram.

55:51
Sorte ou talento?

Há há uma, aquilo que.

Que eu vejo nas suas fotografias e que e que mais admiro são os retratos, são as fotografias que fez

de múltiplas personalidades que retrato mais gostoso de ter tirado.

56:06
Já para alemão, por exemplo.

56:07
Do champanhe porque as?

56:08
Pessoas e da Amália, EE, do EE do diaanos.

Ora bem, eu conhecia as as pessoas.

56:15
Como é que é essa dialética, como é que é esse, como é que é esse diálogo?

56:18
Ora bem, eu conhecia as pessoas e as pessoas, 11 coisa fundamento, tinham confiança em mim.

Sabiam que eu não IA.

Tramá-los.

56:28
Isso é importante.

56:29
Importantíssimos se o fotografado não tenho confiança no fotógrafo nunca.

Está descontraído, nunca.

56:36
Nunca se abre e.

56:37
E vê-se isso nos olhos imediatamente.

E então é preciso criar confiança com o fotografado.

E eu conhecia as pessoas todas e já tinha privado com elas.

EE, então eu.

56:53
Disse, vou fazer um livro.

Só de retratos.

Sem de acorde nenhum, o fundo vai ser preto e depois o senhor.

Ah, eu procurava saber o máximo de cada personagem, jovanias as coisas que eles gostavam, que não

57:11
gostavam, e depois na minha cabeça começava a imaginar a imagem que daria.

Que deveria fazer para mostrar a outra face da pessoa?

57:25
Mas IA falando com eles para lhes plantar essas ideias na cabeça.

57:28
Antes fotografei antes, mas antes tinha que ser.

Tinha que falar com pessoas próximas deles, conhecia menos bem.

Eu conhecia-os, mas não saber se deu manias, se se gostavam disto, gostavam daquilo.

E o procurei saber o caso do Ian.

57:44
Isto não foi preciso perguntar porque conheceu-me bem.

E então o meu das coisas é que eu fui fotógrafo da presidência da República e digo, eu inicialmente

aceitei pensando que devia ser de chato.

57:59
Foi o maravilhoso, porque inclusivamente o Ian já é uma pessoa exemplar, apresentava a mão aos

presidentes.

Eu lembro-me uma vez em Washington, que estava eu a fotografá-lo no Jardim da Casa Branca com o

Reagan.

58:14
Ele chamou-me.

Eu fiquei assim um bocado nervoso.

Não corriga presidente Agra, aqui o Eduardo gageiro.

É nosso fotógrafo e é meu amigo.

E já ganhou uma medalha dura em Washington.

58:31
Eu fiquei acima e o regan chama-me eu dizer então vamos ter aqui uma fotografia.

Estou no tenho uma fotografia no meio do regan e do ianes assim e depois mandaram.

Foi o fotógrafo feito pelo fotógrafo da Casa Branca, assinado pelo riga e com uma carta assinada por

ele também a.

58:49
E então fiquei feliz da vida.

O iene era assim e então uma pessoa do humanismo não quer saber identifico-me.

Nascemos com 1 mês.

Ele tem o mesmo, é mais que eu fiz agora anos esquecemo-lhe o dia teve.

No dia 26 esteve na cordoaria e tinha feito na véspera esqueci-me e então.

59:11
Tinha uma certa intimidade com ele, IA lá a casa, et cetera, EE rei da família.

E então lembrou o Ian, homem de rigor, o homem não lembro.

Eu sabia que ele colecionava os relógios e então e lá vem o fundo preto.

59:27
Levei o meu filho para me ajudar, para pôr as luzes e aquilo era era assumidamente uma pose.

E então?

59:33
Mas mas, apesar de ser uma pose.

Não me parece falsa, é isso que permitem de de.

59:39
Extraordinário.

59:40
É espontâneo aquele aquele olhar, não é um olhar de vamos aqui tirar uma fotografia.

59:46
Não tem que ter confiança na pessoa, acreditar que aquela pessoa está ali para fazer o melhor

possível.

Não, não vai trabá-la, quer dizer, é um homem, é homem, honesto, pronto, modéstia à parte.

E então acontece que então quer dizer, como é que vamos fazer a fotografia e tal?

1:00:05
É, eu sou subsidente, coleciona relógios, eu sei e estão ali.

O senhor presidente, eu quero fazer.

Bom, bem com as lojas.

Será um homem de rigor, como será?

E é verdade, de rigor, na forma que nada melhor do que um relógio e as são relógio, bonitos e são

1:00:26
antigos.

Senhor presidente, vai sentar-se aí tal, pegar aquilo o fundo preto propositadamente para se ver que

não, que que é de propósito.

E então.

Então, o que é que eu faço?

Bom, bem que vai ficar ver um relógio como seja um relojoeiro.

1:00:48
E assim como a lupa, mas eu não tenho lupa ou sou presidente da vossa lupa.

E então lá tem ele com a lupa.

E ele adorou a fotografia, está a ver ele.

Eles continuaram a fotografia a mais difícil.

1:01:05
É difícil para convencer a pessoa, mas isto demonstra, quer dizer, é a confiança que as pessoas iam

em mim chapado senhor para Lisboa com luz de boxe.

Ninguém acredita, mas se é uma fotomontagem, estou chapalimo e.

1:01:22
Calçar-me sobre os boxe, como.

1:01:23
É que como é que o convenceu?

1:01:24
Então, fui tirando fotografias, tirando fotografias.

Ele conhecia o meu pai porque o meu pai, quando era era muito jovem, tinha sido empregado ali ao pé,

onde eles tinham um Palácio ali na Estrela.

Eles são pai de miúdo e eu já o tinha visto antes, já tinha dito quem era.

1:01:42
Ah, pois sou Paiva.

E então nessa altura da fotografia?

Ele combinou comigo, foi o foi prático.

Logo a secretária disse, olha, ele recebeu a sua carta.

O gajo lhe diga, quando é que pode vir cá?

1:01:58
E então, eu, assim, olhe, pode ser amanhã já.

Eu queria fotografá-lo.

Pois ainda bem, porque ele foi, vai para o Brasil e tal.

Então, apareço lá Ah, fui ter com um amigo meu que.

Tinha uma casa de artigos de desporto e eu disse, eu falo, parecem-me umas luvas de boxe, mas vais

1:02:21
pôr um num saco transparente?

Não pões lá com saco com letra transparente.

1:02:30
Que é para se ver, para.

1:02:31
Se ver, então começo a fotografar, ele já devia olhar, era o que eu queria, tinha olhado para e

então começo AE só para a pessoa descontrair, não é fácil.

E então falar com ele sobre isso, sobre aquilo e aquilo, tipo fotografia e fiz e agora faça isto,

1:02:51
faça aquilo, faço aquilo outro.

E disse, ó, gajo, era era isso que eu queria.

Para quem são aquelas luvas de boxe?

Era o que eu queria.

Ora, ó senhor doutor, ó, ó, ó, vocês sabem, eu ainda eu falei nisso, isto foi intencional desde já,

1:03:07
não foi com maldade, foi intenso não, então para quê?

É para ficar com o Júlio Roque porque o senhor é um homem de luta.

Eu estava a ser sincero para ele, hã, é um homem de luto, o senhor nunca perde o senhor Oh, o gajo,

olha com este corpinho que eu tenho já viu, se não interessa, eu fui leal para ele, interessei a

1:03:26
parte do mental e o senhor realmente é uma pessoa.

É uma pessoa e era.

1:03:30
Tu, tu, coiso?

No coração, no fundo.

1:03:32
No banco dele e então?

Ou seja, pegam menos nas ruas, ele não.

Ah, não quer dizer, não faço isso, Ah, pegam menos nas luvas.

Pegou sim, já está.

Quer dizer, agora, calma, eu não calço álcool, já, não faço.

1:03:48
Tenho confiança em mim ou não tem.

Ele disse que sim, então, calce, ninguém vai ver as fotografias.

Anão ser eu e o senhor.

E então, e começou a embarcar, Ah, desculpa, começou a embarcar no jogo, no jogo.

1:04:06
E então, agora vou fazer assim agora, não sei quê, agora vai, não sei quê.

Agora há de fazer agora, não sei quê.

E fiz uma data de gorros.

EE fiquei feliz, cheguei a casa.

E cheguei tarde, tinha.

Tinha feito os golos, revelado os golos, mas não estavam ampliados que sempre uma carta, um telefone

1:04:25
à noite.

Que vi que era 11 telefonema de última hora, digamos, o gajeiro.

O senhor se apalinou e disse que vai para para o Brasil.

É amanhã de manhã e só vai EE depois, se houver.

1:04:43
Não sei quê.

De forma que ele diz, vou não publicar as fotografias.

1:04:47
Que ele quer?

1:04:47
Ver, mas era um ponto de honra, mas eu não publicava fotografia nenhuma, que eu lhe disse AA

primeira pessoa a ver é ele, então.

Vê logo assim?

Ai, aqui não é?

E então é ele.

E então nessa noite faz qualquer as ambições todas ai, disse ao telefone, eu amanhã de manhã estou

1:05:06
aí, amanhã estou aí passou só para Lisboa, antes de ir para o Brasil ver as fotografias e então lá

levo umas provas e convencer logo a senhora, e não estava a mentir que ele estava bem e então foi.

1:05:21
Eu fui com ela ao champanhe e ela começou logo a elogiar as fotografias.

A elogiar as fotografias.

E depois o senhor valeu.

Então está a ver que está bem, está bem, é um homem de luta.

O homem que não perde o homem, não sei quê.

1:05:37
Posso publicar?

Pode sim, senhora, pode publicar.

Então publico as fotografias, faço um livro, mando-lhe um.

A oferta, não com uma dedicatória, manda manda-me o preço do livro, manda manda-me um cheque com o

preço do livro.

1:05:53
Era 400.

1:05:54
Escudos ou um homem de contas.

1:05:56
Depois um homem de contas, digo-lhe, essa foi uma das histórias mais mais giras e depois há outras

que são.

Que que nem vale a pena contar sobre o não.

São muito, muito agradáveis.

É uma pessoa que está.

A exposição a fotografia, por exemplo.

1:06:18
Do Cavaco não Era Para Ser aquela?

Ele era primeiro-ministro e eu falei-lhe com com o Fernando Lima, que era assessor.

É assim, olha.

Falei no segundo, ele falou, disse que sim, senhora, que ele tinha aceite.

1:06:34
E assim, como é que eu quero fotografar?

Olha com aquele traje-o de Iorque, de professor de Iorque.

Por acaso que lhe fica muito mal.

Eu ficava muito mal, mas o que acho que era pronto, o professor.

1:06:45
Mais uma vez, o simbolismo diga mais uma vez o simbolismo e uma ligação.

1:06:49
À Oo director.

E então vou para lá de manhã todo encandado da vida e tal, e não sei que mais olha, já não quero

tirar a fotografia com um professor de Iorque.

É pá.

Agora, assim, de repente.

Não vou arranjar o dedo, não te preocupes que ele já tenha ideia.

1:07:06
Então, qual é a ideia é ficar aqui com uma cabine?

Telefónica a mandar o país.

E ele, assim.

E então eles trouxeram.

Tenho fotografias disso com a cabine telefónica.

Assim não tinha gravata, encomendaram o país.

1:07:22
E já para si só, ridículo.

1:07:24
Portanto, não, não, não teve.

Não conseguiu fazer aquilo que foi captar no fundo, a alma daquela pessoa da alma.

Não estamos.

1:07:33
Justamente pior.

Sim, já vi que é um homem todo engoadinho com o telefone na mão e com as cavidas penduradas a quando

andar no.

1:07:41
Veículo, pelo contrário, AA fotografia que faz da Amália Rodrigues é uma fotografia cheia de força.

AA foto da Amália Rodrigues.

1:07:49
Fuck há-me ali muitas outras pessoas quer dizer, conseguiram.

Que elas colaborassem.

E o caso da Amália é um caso especial, porque eu tinha muita intimidade com ela, porque o diretor

era muito.

1:08:05
Era muito amigo da Amália e o Francisco mata e que teve fotografia da Amália desde os anos 60.

EE sempre que alguma revista querer fazer fotografias Internacional, querer fazer fotografias da

Amália, contactava, me era aquela fotografia que custou, que está lá.

1:08:24
Eu fui fazer fotografias para a manchete e depois, quando ela saiu do carro, é que eu fiz bem, vamos

voltar à estamos a falar da Amália.

E então, acontece que já há uns anos depois, quando andava a fazer o livro revelações que é aquela

dos retratos, lembrei-me.

1:08:42
Falei com ela, ela disse logo que simpática.

E ela começa a funcionar, começava, coitada.

Ela realmente muito cordial.

À 1 da manhã lá, combinámos à hora da manhã, já que sou de uísque e então começo a fazer fotografias

1:09:00
e ela adorava ser fotografada.

E então por fim, já não sabia o que é que queria fazer com guitarra sem guitarra fiz a cores, fiz a

preto e branco, fiz anão sei quê.

Aí então, por fim, eu digo-lhe assim, Oh Malia, vamos fazer relembrando-me agarro a guitarra.

1:09:17
Eu já tinha feito com a guitarra, mas como seja uma pessoa que goste muito.

1:09:20
Com força, com energia.

1:09:21
Com energia.

E repara EP.

E penso numa pessoa que gosto muito.

Veja a expressão que dá ali.

1:09:31
Ela está a olhar para cima, está a agarrar.

1:09:32
As pessoas do olhar, vejo vir com atenção.

A gente já vai rever?

E então ele.

É pá.

Ela está com uma intensidade.

Há aqui qualquer coisa, clique não, pois fiz 2.

1:09:48
E assim Amália vai desculpar, nós somos amigos, eu acho.

Gostava de lhe fazer uma pergunta?

Espero que você não fique zangada não vai chegar à vontade em quem é que estava a pensar.

Na minha mãe e em Deus.

1:10:06
EE se vir a fotografia.

Perceberá melhor o que eu estou a.

1:10:11
Dizer faz todo o sentido, fechamos, o que é que lhe falta fazer?

1:10:16
Sei lá, olha Oo Portugal melhor.

Um Portugal que as pessoas estavam à espera no 25 de abril, feliz.

Que não haja fome, que as pessoas tenham casas.

Mas hoje vivam com Alegria.

1:10:32
E eu fico preocupado porque.

1:10:48
Determinadas Correntes políticas.

Que querem?

Portugal, EE.

Muitos outros países vejam o caso da Argentina, volta ao fascismo é.

Isso é gravíssimo.

1:11:03
Não é.

É gravíssimo.

Os os portugueses é o que está por esse mundo fora que é mesmo na Europa.

E.

E na Europa e no mundo, veja o que está a acontecer em Israel, o que está a acontecer na Rússia, o

1:11:19
que é isto político?

É esta?

Onde é que está o humor pelo próximo?

Onde é que está o humanismo das pessoas?

O.

1:11:27
Mundo está agitado e a democracia tem sempre de ser regada, atenção entre a nossa forma de ver o

mundo democraticamente liberal, aberta, que respeita os direitos humanos e preserva a diversidade, e

um outro, um outro pólo, mais totalitário, mais opressivo, menos livre, que parece estar a

1:11:47
acentuar-se dar como adquirida a Liberdade pode ser um otimismo perigoso.

Há que permanecer alerta e atento.

A democracia sabe-me tão bem, afinal, a Liberdade.

É o valor maior.

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Como fotografar a Liberdade? Eduardo Gageiro
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O 25 de abril de 1974. Celebramos, este ano, os 50 anos da Revolução dos Cravos

O ano do advento da Liberdade.

Esse dia foi retratado por um dos mais célebres e premiados fotojornalistas portugueses: Eduardo Gageiro.

Encontrei-o num sábado na exposição de múltiplas fotografias que tirou desde 1957.

Exposição na Cordoaria Nacional aberta e gratuita até 5 de maio.

Esta conversa tem luz e sombra.

É desse contraste que se faz a narrativa do Portugal contemporâneo.

Esta edição é um testemunho da história.

Viva a Liberdade


TÓPICOS E TEMPOS

(00:05:27) Convocado para a Revolução Eduardo Gageiro é convocado para fotografar a revolução.

(00:06:50) Encontro com Salgueiro Maia Eduardo Gageiro conhece o comandante Salgueiro Maia.

(00:07:49) Tensões e negociações Eduardo Gageiro testemunha negociações e tensões durante a revolução.

(00:09:34) Medo e experiência anterior com a PIDE Gageiro relembra o seu medo e a sua experiência anterior com a PIDE.

(00:12:44) Momento de confronto Descrição do momento de confronto entre Salgueiro Maia e a cavalaria sete.

(00:14:39) A possibilidade de disparo evitada Eduardo Gageiro descreve o momento em que a possibilidade de alguém disparar um tiro foi evitada.

(00:15:52) Exposição em Barcelos Eduardo Gageiro fala sobre uma exposição e um colóquio com participantes do 25 de abril.

(00:17:26) O momento decisivo Conversa sobre um momento crucial da revolução e a relação pessoal entre dois homens.

(00:18:53) Fotografando Salgueiro Maia Eduardo Gageiro descreve a sua experiência fotografando Salgueiro Maia durante o 25 de abril.

(00:20:42) Desaparecimento das fotografias Discussão sobre o desaparecimento de fotografias importantes do 25 de abril.

(00:22:52) Fotografia simbólica Eduardo Gageiro descreve uma fotografia simbólica do Salazar na sede da PIDE.

(00:25:02) Paixão pela fotografia Eduardo Gageiro fala sobre a sua paixão pela fotografia desde jovem e sua influência social.

(00:27:22) O mundo desconhecido Eduardo Gageiro descreve a perplexidade ao descobrir a corrupção na distribuição de alimentos durante a sua infância.

(00:29:27) Influência e politização Gageiro fala sobre a influência de pessoas e livros na sua politização e formação como fotógrafo.

(00:30:30) Início na fotografia Gageiro conta como começou a fotografar e recebeu orientações de um mentor sobre composição e técnica.

(00:35:30) Primeiros prémios Gageiro relata a sua experiência ao ganhar o seu primeiro concurso de fotografia e o impacto disso na sua carreira.

(00:39:00) Reconhecimento internacional Gageiro discute a importância dos prémios na sua carreira e como isso o levou a ser reconhecido internacionalmente.

(00:39:20) Mudanças após o 25 de abril Eduardo fala sobre como a sua visibilidade mudou após a revolução.

(00:40:46) Viagens e prémios internacionais Eduardo descreve as suas viagens pela China, Índia e outros países, e seus prémios.

(00:43:23) Prêmio do Pravda Eduardo conta sobre o prémio que ganhou do jornal oficial do partido comunista russo.

(00:45:16) Persona non grata Eduardo fala sobre como se tornou “persona non grata” após se filiar a um partido.

(00:46:39) Documentando Portugal Eduardo explica a sua preferência por fotografar o ser humano e as lutas do país.

(00:47:54) Fotografia de Salazar Eduardo compartilha a história por trás de uma fotografia que tirou de Salazar.

(00:50:26) Estética na fotografia Eduardo discute a importância da estética e do equilíbrio na fotografia.

(00:51:51) Fotografando o caixão de Salazar Eduardo Gageiro descreve a sua experiência fotografando o caixão de Salazar e a reação das autoridades.

(00:55:53) Retratos de personalidades Gageiro fala sobre a importância da confiança para capturar retratos autênticos e destaca o retrato de Champalimaud.

(00:58:36) Fotografando o presidente Gageiro descreve a sessão de fotos com o presidente, incluindo a persuasão para usar luvas de boxe.

(01:01:12) Desafios na sessão de fotos Gageiro conta como convenceu o presidente a usar luvas de boxe e a interação durante a sessão de fotos.

(01:04:36) A luta pela publicação das fotografias Eduardo Gageiro fala sobre o esforço para convencer a senhora a publicar as suas fotografias.

(01:05:43) Histórias engraçadas e desagradáveis O fotógrafo compartilha experiências divertidas e desagradáveis ao fotografar personalidades.

(01:06:33) O desafio de fotografar um político Gageiro revela a dificuldade em capturar a essência de um político durante uma sessão de fotos.

(01:07:29) A força da fotografia de Amália Rodrigues O fotógrafo destaca a intensidade e a expressão da famosa fadista portuguesa nas suas fotografias.

(01:09:08) Fotografando com energia e emoção Gageiro descreve o processo de fotografar Amália Rodrigues com intensidade e emoção.

(01:09:46) Reflexões sobre o futuro de Portugal Eduardo Gageiro expressa as suas preocupações e desejos para um Portugal melhor e reflete sobre questões políticas globais.


Liberdade.

Subitamente passaram 50 anos.

Para quem nasceu em finais de 1971 o 25 de abril é vivido pela memória dos familiares e dos amigos mais velhos. Depois lido em livros, recortes de jornais na hemeroteca por alturas do curso de jornalismo.

Há ainda as memórias do antes.

Da vida censurada e sem liberdade de expressão. O medo dos bufos e da PIDE, Do risco ou realidade de ir parar a guerra colónial. Das fugas a salto para emigrar para a França ou Alemanha.

Em busca de uma vida melhor.

E depois, o dia da celebração da Liberdade.

É desse dia que me ficam os relatos e retratos das testemunhas profissionais: os jornalistas e os fotojornalistas.

As reportagens com a voz de Adelino Gomes, que retratou na palavra o pulsar desde dia. Do 25 de abril de 1974, na rádio.

E das eternas e mágicas fotografias de Eduardo Gageiro.

Captando o olhar de Salgueiro Maia. Ou o seu morder do lábio para não chorar.

Seria medo? Seria alegria?

Estas fotos tem tudo. Do mais humilde ao mais grandioso. Há uma portugalidade intrínseca e emanente nessas imagens.

Tal como estão expressas nas reportagens fotográficas do Portugal muito pobre do antes. As imagens inesquecíveis das crianças sujas e descalças no meio de caminhos duros e casas cinzentas.

O retrato do Portugal escondido. Da desigualdade estrema.

Gageiro viu os operários sem sapatos da fábrica de Sacavem e os visitantes nocturnos vindos do casino, homens bem-vestidos e acompanhados pelas suas amantes, a quem o pai organizava banquetes onde havia todos os sabores e alimentos que inversamente eram negados aos que não pertenciam ao clube.

Havia o bacalhau do contrabando e sabe deus mais o quê. Havia tudo do bom e do melhor, mas apenas para alguns.

Essa desigualdade ainda preocupa Gageiro.

O fotografo que também retratou o glamour dos nossos maiores: há Amália, há Eusébio, há os poetas, os politicos, os poderosos, o povo.

Os muito ricos. Os muito pobres. Os intelectuais. Os trabalhadores da força de braços. Os músicos e os escritores. Será esta mistura um vislumbre da alma na não portuguesa?

Há Sofia de Mello Breyner que escreve em 4 estrofes tudo sobre o 25 de abril:

“Esta é a madrugada que eu esperava

O dia inicial inteiro e limpo

Onde emergimos da noite e do silêncio

E livres habitamos a substância do tempo.”

Esta conversa foi para mim um privilégio.

E um gosto poder partilhá-la com todos.

Espero ter conseguido entender tudo o que me disse

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TRANSCRIÇÃO AUTOMÁTICA
0:12
Ora vivam.
Bem-vindos ao pergunta simples o vosso podcast sobre comunicação, sobre comunicação e, sobretudo, o resto sobre a vida, sobre as histórias, sobre a história, logo este ano em que celebramos 50 anos do 25/04/1974, o ano do advento da Liberdade.
0:32
Este dia foi retratado por um dos mais célebres e premiados fotojornalistas portugueses, Eduardo gageiro encontrei-o num sábado na sua exposição de múltiplas fotografias, que tirou desde 1957 exposição na cordadoria nacional.
Está aberta até 5 de maio e é de entrada gratuita.
0:49
Esta conversa tem luz e sombra.
É deste contraste que se faz a narrativa do Portugal contemporâneo.
Esta edição é um testemunho da história.
Viva Liberdade.
1:14
Liberdade subidamente passaram 50 anos para quem nasceu em finais de 1971.
O 25 de abril é vivido pela memória dos familiares e dos amigos mais velhos e depois lido em livros ou em recortes de jornais, na embroteca por alturas do curso de jornalismo.
Mas há ainda as memórias do ano.
1:35
Da vida censurada e sem Liberdade de expressão, do medo dos bufos e da pide, do risco da realidade de ir parar à guerra colonial, das fugas assalto para emigrar para a França ou para a Alemanha em busca de uma vida melhor e depois o dia da celebração da Liberdade.
1:53
É desse dia que me ficam os relatos de retratos, de testemunhas profissionais pelos jornalistas e os fotojornalistas, as reportagens com a voz de Adelino Gomes, que retratou na palavra.
O pulsar desse dia do 25/04/1974.
2:10
Na rádio e das eternas e mágicas fotografias de Eduardo gageiro, captando o olhar de Salgueiro Maia, Oo seu morder de lábio para não chorar seria medo, seria Alegria.
Estas fotos têm tudo, do mais humilde ao mais grandioso.
2:30
Há uma portugalidade intrínseca e imanente nessas imagens, tal como estão expressas noutras portagens fotográficas que fiz do Portugal, muito pobre do antes, as imagens inesquecíveis das crianças.
Sujas e descalças, no meio de caminhos duros e casas cinzentas, o retrato do Portugal escondido da vergonha da desigualdade gageiro, viu e mostrou-nos essa desigualdade Extrema viu nos operários, sem sapatos da fábrica de sacavém, ou nos visitantes noturnos vindos do Casino, homens bem vestidos e acompanhados pelas suas amantes, a quem o pai organizava banquetes onde havia todos os sabores e alimentos que, inversamente, eram negados aos que não pertenciam ao clube.
3:14
Havia, por exemplo, o bacalhau do contrabando.
E sabe Deus mais o quê?
Havia tudo bom e do melhor, mas apenas para alguns.
Essa desigualdade ainda hoje preocupa o fotógrafo, que também retratou o glamour dos nossos maiores, a Amália, a Eusébio, aos poetas, os políticos, os poderosos, o povo, os muito, muito ricos e os muito, muito pobres, os intelectuais, os trabalhadores da força de braços, os músicos e os escritores.
3:45
Será?
Mistura um vislumbre da alma do ser português.
Há, claro, Sofia de Mello breyner, que escrevem 4 estrofes, tudo sobre o 25 de abril.
Volte citar, esta é a madrugada que eu esperava o dia inicial inteiro e limpo onde emergimos da noite e do silêncio e livres habitamos a substância do tempo.
4:11
Esta conversa com o Eduardo gageiro foi para mim um privilégio e um gosto poder partilhá-la com todos.
Espero ter conseguido entender tudo o que me disse.
Eduardo gazeiro, fotógrafo, fotojornalista todos o conhecemos, mesmo aquelas pessoas que estão a pensar.
4:33
Mas Eduardo gageiro, o Eduardo gageiro.
E se eu falar das míticas fotos do 25 de abril está apresentado.
Como é que foi, como é que foi esse dia, como é que foi essa manhã luminosa, como como a descreveu?
Sofia, 6 da manhã, levou.
4:51
Te levou-me um amigo do século porque havia muito, muita gente a trabalhar No No século, os linotipistas os gráficos muito politizados e sabiam.
O que se IA passar?
5:07
Estavam.
Estavam todos à espera.
Não é porque já tinha havido aquele movimento da escalda.
Que eu fotografei também.
Mas não, não me está enganando.
As fotografias são banais e então, naquele dia, falaram-me aí às 5 e tal da manhã.
Vai para o terreiro de passo, que hoje é que é e leva os ovos todos.
5:27
Foi, portanto, convocado para a revolução.
Apenas um telefonema de um amigo meu.
De um século século, e então lá fui.
Com 20 rolos, era o que eu tinha na altura e entrei.
5:45
Eu moro aqui em sacavém eu fui pelo lado de cabo ruivo, claro.
E então logo à entrar o terreiro de passos está um, estão vários soldados.
EE, eu tento entrar e há um que me diz, não pode passar, não pode passar com o nosso comandante, não quero que deixe passar ninguém.
6:03
E eu coloco um descramento disse assim faz favor leva-me ao comandante, que eu sou amigo do comandante, eu não sabia que era o comandante, é lógico.
E então ele, coitado, muito humilde, me disse levemente senhor ao comandante que é amigo do comandante, então lá fui eu e já está já cá estou dentro, não é?
6:21
Então apresentei-me uma pessoa que eu não me conhecia.
Olhe, Eduardo, gajo do século ilustrado, e ele assim salgueiros Baia.
Era o quadrante.
Eu também sei que você é.
Desculpe mandar, mas como é que sabe quem eu sou?
6:37
Que eu por todas as semanas, o séculos grave e conheço o seu trabalho e gosto muito das suas fotografias.
Você é um homem que fotografa o povo, fotografa não sei quê e tal.
Eu fiquei.
Isso é que é um cartão de visita.
Felicíssimo não é felicíssimo.
6:52
EE dizia, então agora podes andar comigo à vontade.
E então, onde é que desde as 6 da manhã que o Salgueiro banha, tu vês?
Ninguém tem.
Nem via rádio, nem televisão, nem outros colegas.
Meus fotógrafos, ninguém, tudo julgo.
Com medo?
Porque mais tarde vi os meios mais longe, muito hoje eu estava ali no coração da revolução.
7:13
E tive medo.
E então assisti a todas as negociações, a todas aquelas coisas quando?
Da última vez?
O pai de Anselmo não queria aderir ao movimento nem nem queria render-se.
E então eles levaram essa fotografia na exposição.
7:31
O britico Cunha.
Ele levava um revólver dentro do casaco.
Está ele com a rola na mão até lá na exposição.
Estava à paisana e.
EOO Salgueiro mar leva uma Granada no bolso de trás.
Porque se a casa das coisas corressem mal.
7:48
Pois correr mal, porque eu tinha ouvido dizer quando há negociações, vai tudo desarmado, está provado que não é, nem sempre é assim.
E então, da última vez que estavam desesperados que o outro não, não aderiu parte da selva.
E então?
O senhor comandante, definitivamente.
8:08
Rede-se ou dera o movimento, mas fica em voz, graus ou naquele.
Ou põe o caixa de grande intenção, não é EE outras sempre sempre com eles.
E então ele diz, não, não rede nem direito ao movimento prendam-me.
Aí é que acabou e então eu tiro uma fotografia, eu.
8:28
Ponho a máquina à cara, diz-me sobre a minha palavra de honra.
Isto era uma aldeia.
Toda a gente se conhecia graças ao 7 diversidade.
Eu era conhecido, gaja e submetiras uma fotografia.
Eu mate-te, e claro que não me matou, não é?
E ele estava a desarmar, ainda por cima, mas aquela honra que serve de uma pessoa que, de certo modo, quer dizer.
8:49
Quer dizer, desiste e tem que se entregar.
Foi.
Foi um homem com grande dignidade posteriormente.
Uns anos depois estava eu muito mal, com linfoma e estava prestes a morrer.
Falei para ele conseguir descobrir o telefone dele via no Algarve e teve uma condenta me passou as passas do Algarve.
9:08
Para essa conversão, porque por ele, ele está do do lado de lá.
O que me condou não foi bonito, sabe?
Eu acho que os vencidos também têm que ser honrados.
E por aquilo que ele contou, não foi honrado.
Trataram-me muito mal.
EOOOO patati, disseram-me.
9:24
Deixa-me perguntar-lhe.
Estando lá desde a primeira hora na revolução, tive medo.
Que que emoções experimentou neste dia?
Júlio, sobre a mim a palavra de honra eu já tinha dado preço pela pide, eu era marcado pelo governo quando estava quando estava em qualquer reportagem.
9:45
Eu lembro-me, por exemplo, quando Oo Salazar ou ou ou, como é que chama?
O.
O Marcelo Caetano.
Não antes o.
Merk macho, o Américo macho, fazia aqueles, aquelas conversas à nação e não sei que mais e então.
10:06
As conversas em família.
Conversas em família.
E então íamos, íamos todos lá, as pessoas de informação ou onde ele estava.
E então eu venho lá como todos os meus colegas.
E sabe quem é que vinha imediatamente, ombro a ombro comigo?
10:22
Moreira Batista, assim que era o homem da informação, Moreira Batista.
Era um homem da pide.
Não, não, não era homem da.
Do snh.
O homem que controlava, digamos, a informação.
Isso era uma forma de intimidação?
Não, não ver o que ele me fez.
10:39
E então, ó, Brown, eu fotografava-vos eu, eu fiz uma fotografia daquelas de poses a sorrir e não sei quê.
E depois, como eu costumo dizer, só fotografava nos intervalos, só fotografava quando ele fazia aquelas poses.
Fazia, quer dizer, tentava ser diferente.
10:58
Moreira Batista, eu lembro-me de uma das vezes, agarrou-me assim com o ombro, a gageiro, já não posso ouvir essa máquina rua.
Era assim.
Sobre a minha palavra de honra?
Voltamos essa madrugada do 25 de abril.
Como é que se fotografa?
11:16
Aquele.
Aquele dia consegue manter o distanciamento ou, pelo contrário, entrou?
Entrou dentro de dentro daquilo, dentro da história e deixou-se levar.
Deixem-me levar, sim.
Quer dizer, eu senti que fazia parte.
De de um momento importante, EE, que possivelmente ainda não sabia nada e resolvido, IA ser resolvido o futuro do país, e eu que tinha de certo modo, sofria entre aspas.
11:44
Referi, tive muitos problemas com a polícia, mas simplesmente, comparado com com muitas outras pessoas, não sofri nada, não é?
Tinha estado preso, inclusivamente eles odiavam-me e então estava feliz assim, hoje a culpa a partir de agora é que eu posso ser diferente, vou vou ser livre.
12:00
Quer dizer, na minha cabeça pensava rapidamente nestas coisas que havia uma transformação, acreditei sempre, mas quando surgiram os tanques da cabeleiria 7 que não estavam, ninguém estava à espera, que é uma história que.
Ainda não foi bem contada.
12:17
E então, soube-se na altura, mas fogo não foi pouco a contar e não foi contada em pormenor como uma das a pessoa que tinha.
A missão de ir à cavalaria 7, para que não saíssem aqueles aqueles carros.
12:36
Carros que eram apareciam, sei lá, umas bizarmas.
Está a falar daquele momento de confronto entre Salgueiro Maia.
E chamado é um brinquedo.
Ao ao lado ou em frente a artilharia?
Pesada.
Do lado do do chamente que aquilo era uma brincadeira e eu aparece aqueles tanques, parece um arranhacéus ficou tudo com medo, não é?
12:58
Inclusivamente as pessoas que estavam do lado da chamice Oo reldeiram mais e os outros militares, e então as pessoas não perceberam, assistia as conversas, assisti às conversas e então éramos a discutir assim, ouve lá, pá, mas então, OPA, Oo Jaime Neves não, não, não falou com a Malta da cabraia 7 é pá, ficou incluído disso, pá, eu não.
13:21
Sei que mais de forma que, porque porquê ninguém sabia.
Foi uma surpresa, portanto surpresa porque e depois chega o Jaime Neves às 11:00 são uma grande discussão entre eles.
Eu insisti mais uma vez, digo, e então, o que é que tinha sido o Jaime Neves?
13:39
Tinha uma namorada no na, no elefante branco ou não sei quê, deitou.
Se às 6 da manhã já viu isso, é que é o militar, não é?
E então pronto, estava tudo muito zangado com jáme Neves.
Foi quando realmente avançaram para o para a tanselmo a ver se resolveu um problema.
13:57
Para que eles se rendessem ou dirição ao movimento.
Quando ficou toda a gente assustada quando viu aqueles canhões pá.
Podia ter corrido mal naquele momento.
Muito mal, muito mal, muito mal.
E então, quando as foram as histórias?
14:13
Sobre o que aconteceu?
Porque é que o cabo Costa.
Virou o canhão.
Ele era, era o guia à frente.
Não é?
O outro era Oo comandante ele era.
Não sei se era era sargento ou calma, se era o que tinha a missão de ir à frente daqueles daquelas bizarmas.
14:34
Vamos, vamos, vamos fazer uma fotografia do ar de gaja.
Nós estamos na rude alfeifeite, é isso que estão frente a frente, a frente, frente a frente, e há um momento em que há a possibilidade de alguém disparar um tiro.
Para disparar, eu ouço e todos os que estavam lá ouviram fogo, fogo.
14:53
Há uma ordem para.
Disparar para disparar e então, de repente, OOO.
AA cabo Costa.
Vira o canhão para.
Para o Tejo quer dizer, portanto.
15:09
Era uma atitude não não agressiva, não agressiva e depois todo o todos os outros, digamos.
Digamos, ficaram a mesma coisa.
E então que ele, naquele momento em que se ganha o 25 de abril?
Porque, na verdade, os depois os os militares vão do lado lá, aderiram e vieram ter com o grupo, o Salgueiro.
15:30
Eu tenho essa fotografia, está lá e tenho muitas mais.
E então foi esse o momento.
EE, depois falou-se que o sobre o cabo passa não ter disparado, mas nunca fui muito esclarecido.
15:47
E então, houve uma exposição em Barcelos com fotografias minhas sobre o 25 de abril, uma grande exposição num sítio muito bonito.
Sítio antigo, que é o maior, não me lembro como é que se chama?
Esse edifício fantástico, então houve 11. 11 colóquio, talvez?
16:10
Eu não sei como é que se passa a chamar os intervenientes do 25 de abril.
Vivos, claro.
E ainda lá estava Oo.
Como?
O Jaime, o Jaime Neves não teve, teve Oo homem da associação. 25 de abril, Vasco Lourenço, o.
16:32
Teve Oo Arlindo Gomes, que fez a reportagem, encontrou essa história muito.
Nunca muito que nunca foi muito esclarecida.
EE, depois estavam tudo o que pessoas ligadas à à revolução e depois estava Oo.
16:52
Para a direita, Ah, Oo mais Loureiro que é um herói, estavam todos e então?
Ao meu lado ficou cabo Costa e ao lado do cabo Costa, ficou o Manuel da Silva, o Manuel da Silva.
17:08
É o homem que vem naquela, na bula, na bula, que era o homem que digamos, da frente do lado, o Salgueiro era.
Era a bola, era que queixava à frente.
Portanto, estes 2 homens que estiveram frente a frente no momento que considera decisivo para o 25 de abril.
17:27
E então, eu?
Como você me fez uma grande confusão, aquilo não tem sido esclarecido.
Isso é o cabo Costa.
Diga lá.
Afinal, o que é que se passou?
Porque é que você não disparou?
Eu começo a sorrir e diz assim.
17:43
O meu comandante mandou-me.
Disparar, e o pelo óculo.
Vejo aqui o meu amigo Manuel, o meu amigo.
Manuel.
Andamos hoje na escola, somos amigos de infância.
18:00
Então eu IA matar o meu amigo Manuel.
A verdade é esta.
Isto é tão extraordinário que é numa coisa que de qual dependia a revolução, a amizade, a relação pessoal entre 2 homens.
Tiveram uma influência profunda, agora querem esconder um bocado essa história.
18:19
Querem romantizar as?
Histórias, porque isto foi dito.
Há mais de 100 pessoas, a plateia enorme, pessoas em pé e tal.
Estavam as pessoas mais importantes.
O 25 de abril, de forma foi dito, foi dito, isto é verdade?
25 de abril teria acontecido se não tivesse lá o anel do outro lado.
18:40
Agora, com essa ter dúvidas, não é?
Fale.
Fale-me de de de Salgueiro Maia.
Que que homem é este, que homem é que viu?
Teve aqui na minha casa, depois, mais tarde, olha aquele tripé que dá ali foi dado por ele.
Não me ligaram.
18:55
Como é que foi fotografá-lo, o que é que tentou captar?
Quer dizer, eu andava com com aquele grupo, andava lá.
A captar quer dizer, todo aquele movimento.
Detenção, que foi o 25 de abril, quer dizer, só falta das 11:00 é que aquilo acalmou com a prisão do do patencelmo.
19:16
E depois subiram até ao até ao quartel do Carmo.
E depois?
E depois foi tudo lá para cima, para ao largo do Carmo.
E então eu também fui claro e tenho e tenho todas essas sequências.
Eu tenho uma, tenho uma sequência, tirada com uma olhe como objetiva, com uma máquina que está lá na exposição que.
19:39
Não tem objetivo é de 70 300.
Ninguém tinha porque a Canon dava 2 máquinas quando eu ganhei o prémio Canon e estive no Japão.
EE, de forma que essa essa. 300 dá para tirar fotografias.
Muito longe que dá, por exemplo, eu estava numa janela em frente ao.
19:59
Quartel do Carmo, como estava Montes de sogras, mas ninguém tinha aquela objetiva, eu IA fotografando, quer dizer, de repente, com 300, aproximava-me muito e tenho uma sequência.
Em que?
Estou a tirar tudo o que se passa.
20:15
É então há uma sequência que OOO filho, o Miguel.
O pai do Miguel Sousa Tavares era o teco está em cima de uma guarita, com um megafone a falar e depois a seguir.
E dessa fotografia, o salgrama está em cima de um tanque e tenho isso tudo.
20:33
A partir daí desapareceu, tudo desapareceu.
Tudo desapareceu com a logo.
E desapareceu porque houve um fotógrafo e ficou convencional, fiquei a citar o nome.
Um fotógrafo que trabalhava comigo, que eu levei para para o século.
Foi roubado?
Não usa essa palavra porque ele chegou AA ter o descaramento de me pôr um processo por difamação já, porque nós pode muitas vezes dizer a verdade.
20:57
Quantas, quantas, quantas, quantas, quantos rolos é que levou para esse dia?
Ele levou 20 e só tenho 14.
E já agora, cada cada Rolo só por curiosidade, quantas fotografias é que lá?
Acaba, tenho 36. 36.
E, portanto, desapareceram e depois apareceram noutro lado, pronto e foi tudo.
21:14
Eu não queria falar.
Na pessoa, OK, guardamos.
Isso não estou lhe a dar o tempo de antena.
Percebem?
Eu, eu acho.
É que as pessoas devem ser mais íntegras.
Uma pessoa que eu ajudei tanto, que trabalhava comigo, e depois ficar com coisas que não são dele, e publicá-las e publicá-las.
21:30
Já agora, já.
Agora como é que era o processo?
Tirava fotografias.
Acabava o Rolo.
O que é que fazia o Rolo?
Guardou.
O Rolo voltava ou a voltava para o jornal, e depois nessa.
Nessa nesse dia.
Quer dizer, depois, ao fim de tudo, era 1 da manhã, fui para o século falar os golos, então acontece a última fotografia que eu tinha tanta, tanto o Rolo 40, digamos.
21:58
A imagem 36.
Mas já estava mesmo no fim.
É aquela fotografia do pêlo em cuecas?
Era uma e tal da manhã do dia 25 de abril, quando aparece aquele tipo que foi bloqueado pelos soldados.
E então, quando era?
22:14
O que querem despir ele?
Tinha uma pistola nas cuecas, e eu não tinha um fotograma, aquele é o último.
Até puxei.
O Rolo percebeu sobre a minha palavra de voz, é verdade, e depois fui revelar os rolos, e depois fui olhe, depois fui vim aqui para sacavém.
22:32
Dormiu meia dúzia de horas.
E depois voltei no outro dia, outra vez, muito cedo, quase que não dormi, claro.
É 11 pergunta ingrata, mas eu tenho que a fazer.
Perguntar tudo?
Qual é a sua melhor foto desse dia?
Do 25 de.
Abril, sim.
É, é o Salgueiro.
22:48
Vai a morder o lábio para não chorar.
Ele próprio diz que é a fotografia mais importante.
Eles, aliás, está e está escrito aqui no livro em que ele diz, o fulano tal tirou 11 fotografia em que ele venha morder o lábio, e eu venho a morder o lábio para não chorar.
23:05
Porque senti que nesse momento, se é o 25 de abril, isto é, são palavras dele que foram publicadas numa entrevista que ele deu ao Fernando Assis Pacheco, de forma que essa, mas há outra fotografia que eu.
23:22
Considero muito significativa, portanto é essa sogra mais que eu gosto e essa que eu vou descrever eu fui.
O primeiro grupo de jornalistas que entrou na.
No dia 26 não havia lá câmaras de televisão nem nada.
23:42
Entraram relatores, mas não entrou nenhum, nenhum repórter de imagem, nem nada.
E então tive uma sorte de verdade, que eu andava sempre em cima do acontecimento.
Entrei EE, fui fotografando e, de repente, vejo um soldado a tirar o retrato do salazara da parede.
24:03
E até o soldado estava mais simbólico, muita gente não sabe que ele está em cima do Maple.
Do Silva pais, que era o era Oo, diretor da pide.
O diretor da pide tinha usado Salazar por cima.
Vejo bem e ele está bota a casada em cima do do desse sofá a tirar o retrato.
24:21
É uma foto simbólica.
É, É o Fim do regime?
Quer dizer, é, é a queda do regime.
Eu adoro essa fotografia, acho que são as 2, se alguém morder o lábio e essa tirar o retrato do Salazar na.
Nas instalações da pide, são, para mim, são os mais simbólicas.
24:44
Estão a gostar do pergunta simples, estão a gostar deste episódio?
Sabia que um gesto seu me pode ajudar a encontrar e convencer novos e bons comunicadores para gravar um programa?
Que gesto é esse?
Subscrever na página perguntasimples.com tem lá tudo.
25:00
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25:17
É a melhor forma de escutar a pergunta simples.
Depois de se ter um momento tão elevado e tipo tão significativo em termos históricos, nos nos tempos a seguir e nos anos a seguir, como é que se pensa em tirar outras fotografias depois de tirar umas tão significativas?
25:40
Ora bem, sempre foi um homem que.
Sou a baixado de fotografia.
De forma que andar sempre uma máquina fotográfica, e.
Ainda agora anda com uma pequena máquina fotográfica.
Faz uns.
Bonecos a roubar o esse acabo na mão o sal.
25:57
E então acontece que houve muita influência eu ter nascido em sacavém, nasci exatamente donde estamos feliz da faca doce de sacavém.
Estamos em sua casa já agora.
Muito obrigada por me ter.
Recebido onde?
Onde?
Onde morava?
O morava?
Os meus pais.
Tinham um estabelecimento por baixo, onde onde os operários da faculdade da louça deixavam uma eramita com sopa para a minha mãe aquecer.
26:21
Nessa altura, ainda andavam descalços.
Eu era muito miúdo, mas deixava aquilo muito estranho, não é?
Eu, eu não andava descalço.
Também andava o meu pai, não tinha assim tantas posso.
Andava com uma coisa que se usava na altura, umas altergatas, que tinham borracha por baixo e por cima era uma lona azul.
26:39
Eram eram, portanto, pobres muito pobres.
Muito pobres, muito pobres andavam descalços nessa altura e não vinham aqui.
Para a minha mãe aquecer a marmita, eu convivi com eles, ser junto jovem, isso fez uma grande confusão.
E então há uma coisa que foi uma grande viragem.
26:58
Eu fui crescendo, é lógico, não é?
E então já tinha os meus 10 anos.
Houve muito barulho por volta das 4 da manhã.
Nós.
Tínhamos uma casa por cima do estabelecimento.
27:14
Ouvíamos barulho, deschi as escadas e vejo o mundo que eu desconhecia.
Eu só conhecia o mundo de sacavém, os operários das pessoas que vinham a aquecer aqui, a marmita.
Muitos descalços não eram todos, já alguns já tinham essas 6 Alpargatas.
27:33
Sapatos, nem pensaram e então vejo o mundo que desconhecia.
Às 4 da manhã desde e das mulheres muito bonitas.
Nunca que não sabia, não via televisão, sabia que havia mulheres tão bonitas, muito bem vestidas.
E homens também muito bem vestidos, que não tinha nada a ver com os operários que de manhã tinham cá fechado o teixinho, o daxinam, uma panelazinha com a sopa.
27:58
Então, quem eram estas?
Pessoas e eu assim.
Mas o que é isto?
Mas quando é este este mundo, eu não conheço.
E então, no outro dia o meu vai correr logo comigo, claro.
E então no outro dia, ó, pai, mas quem são aquelas pessoas?
Vais embora?
Pá, não, não, não, não, não te digo, não me chateies, isto era assim, não é?
28:16
E então insisti tanto.
Por fim, o meu pai quando toma, então vou contar.
Então então, pai, diga-me, olha aquilo, são pessoas que vêm da batota do Casino Estoril.
Com com os seus amantes, e.
E depois outros são as vendidas do parque Mayer que os seus namorados.
28:37
Fiquei assim.
Mas então, onde é este na mesma mesa de sopinha, esta gente a comer o Belo bacalhau assado para o pai.
Arranja, não se arranjava nada de comer.
E então o meu pai sabe.
Eu vou contar-lhes a história.
Que como é, como é que ele arranjava o bacalhau que não havia nas mercearias quase nada.
28:57
Era tudo racionado, nessa altura, isto é, anos 40, o meu pai, através da intendência geral de desaparecimento dos fiscais.
Nem desejo geral de do desabastecimento é que arranjava o bacalhau.
Eles tinham que fiscalizar, mas eram corruptos, vendiam bacalhau, arranjava maneiras do do do merceeiro, que recebia bacalhau vender ao meu pai.
29:21
Não vendia as pessoas.
Vendia o meu pai.
A própria, digamos, intendência, os fiscais, é provocar umas corrupção, e então é é frustrante, não é, não havia comer.
E então também a pouca carne.
29:37
O meu pai arranjava, como dizia 10 anos nessa altura, mandava-me ir ali à pesada, bom que estamos a ver daqui.
E então IA IA ter com o sargento faria, eu levava uma alcofinha e eles lá arranjavam os quilos de carne.
Já viu isso?
29:53
Era o Portugal dos anos 40.
Isso deu fez uma grande confusão na minha cabeça e revolta até e então comecei AA tentar.
O que é que eu posso fazer para demonstrar isto?
E começo com uma preocupação fantástica.
30:10
E eu começo a dar-me, ter muita influência por uns jovens que o papai não quis, mandar-me estudar que tinham.
Clube de cultura do Sá, cavrense e convidaram-me, eu orava o analfabeto passo o termo.
30:27
Eu sou autodidata.
Eu, entretanto, tentei ler muito e então abriram a mente, começaram a dar livros que eu não conhecia.
Começaram a politizar-me de certo modo, não é.
Não haveria nenhum, nenhum partido político.
30:45
A ter uma noção de política, a ter uma noção de política, a ter uma noção do do bem e do mal, do rico e do pobre.
Ajudaram-me imenso e li eu eu nunca contabilizamos dezenas, dezenas, dezenas, dezenas de livros.
Para saber, tinha uma ânsia de saber antes de saber.
31:03
E então, quando é que quando é que pega pela primeira vez numa máquina para fazer a sua?
Primeira nessa altura já.
Queria para o Michel, quando, como lhe disse, e o meu pai, não faz nada para o liceu, vais para a fábrica da louça.
Como?
Já falei para empregar de escritório e os empregado de escritório, mas eu eu não gosto números.
31:22
Pá eu não odeio, pá, eu não sei que mais não quero, não é?
Mas tens que ir, vais para a fábrica e depois consegues.
Levariões para aqui, para a loja, aviar.
E isso aconteceu.
Aconteceu muito triste, mas passado pouco tempo comecei a perceber assim, bem, Ah, eu era paquete andava secção e secção a distribuir papéis.
31:42
EEE pronto era.
A única coisa que eu fazia, simplesmente.
Comecei a dar-me muito com os artistas, os pintores, os escultores.
E era muito curioso, não era tímido e delicadamente fazia perguntas.
Eles começaram a gostar de mim.
31:59
Claramente eram descarado, como se viu um descarado.
Não era.
Eu tinha muito medo.
Medo.
Quer dizer, era delicado.
Tinha era coragem.
De perguntar.
Nunca foi descarado assim, era humilde e então.
Houve um, especialmente um.
32:17
Eu comecei a levar uma máquina, o hotel na exposição os vaquilite cosac vai beber e fazendo fotografias.
Secções operários, escultores e tal.
E houve um chamado Armando Mesquita, que me diz assim, ouve lá vai, nem sempre aí armados em fotógrafos tens que mostrar as fotografias feitas pela tua máquina e ele leio, lê.
32:44
Tu tens olho, mas não percebo nada disto.
Tu não percebes nada disto.
Tens olho, mas não percebes nada.
Disto, uma Bela declaração, tens jeito para a coisa?
Tens uma intuição?
No fundo é tens uma intuição, sabes que há aqui qualquer coisa, mas depois.
Não, não, não tens a noção da composição ya e então ele é assim.
33:03
Vai passas a ir ao meu atelier quer em sacavém para eu dar aulas de arte e composição.
As fotografias são todas equilibradas, têm conteúdo, mas têm forma de se reparar.
O que é que, o que é que aprendeu?
Aprendi a primeira coisa que ele me fez assim, fez-me 11 rectângulo cheio de quadradinhos e disse, olha, isto é, regras de ouro.
33:24
Oo motivo principal tem que estar sempre do lado direito, porque a nossa vista tem tendência a olhar para o lado direito, de forma que depois arranjas elementos de composição no lado esquerdo e tal.
E assim vejo, isto é o princípio.
Não quer dizer que isto seja rígido, mas tu adotares esse sistema, verás que as fotografias são mais agradáveis, e.
33:44
Mas tu não tens máquina, vais a máquina, não, não, não vais a lado nenhum convences não vai a comprar uma máquina.
Falei que não vai ser, não vá eu não, não, não vais nada tirar fotografias, tu tens que ser a emergência do escritório e tal.
Fiquei muito zangado.
Andei em seca bem a saber quem é que tinha máquinas boas e então descobri que um senhor chamado José Carvalho Carvalho muito mais velho que eu.
34:09
Tinha uma Bela máquina uma. 11.
Objetiva, com objetivos, dá-se uma super econta não sei quê, e então.
Pedi ligar ao José Carvalho.
Sabe a natir aulas com o senhor Araújo Mesquita, que era um cdíssimo, senhor Nuno Mesquita, o meu pai não quer comprar uma máquina.
34:28
Não sei que mais sei que o senhor tem uma máquina muito boa.
Acha que é possível emprestar-me e tal, está bem, pá, confio em ti e tal.
Fiquei assim tinha 12 anos, eu não tinha aí 13 anos nessa altura, já 1313 14.
Então começo a fazer fotografias, começo a fazer fotografias, que era outra coisa, mas eu ou o Mesquita baixar estás a ver.
34:51
E já tens assim umas noção, tens uma noção de composição.
Hã?
E então comecei a fazer fotografias.
Fiz logo uma fotografia ao Mesquita, claro, com a máquina do José Carvalho.
Isso é inteligente, isso foi inteligente.
Que assim, fica logo feliz para ver como é.
Que é EE.
35:06
Então tirei ali o os pescadores do Rio trancão.
Direitos.
Esses meus amigos, esses meus tios que vinham de áfricavam.
Levavam levaram-me nesse ano.
35:23
Aos fins de semana, dava uma volta ao convento de Cristo, em tomar e não sei o que já tinha a máquina do José Carvalho.
Fiz uma fotografia da minha, da minha prima, a rezar, encenada agora.
Mas vinha, vinha o raio de luz muito bonito, mais um vitral.
35:39
Pus a pus a minha AA, minha prima, precisamente no lugar de luz, quer dizer, já com os ensinamentos do Mesquita, não é?
E então vamos fazer as ampliações ou ampliava.
Mas era em pequenino, ainda não ampliava-o e não ampliava.
35:55
Nessa altura só fazia cópias de contacto.
Mais tarde é que desenhei um ampliador, que está lá na exposição o meu desenho do ampliador, vi numa revista qualquer.
Mais tarde é tive um ampliador em madeira.
E então concorri.
Primeiro concurso nacional de desempregado de escritório do distrito de Lisboa, e eu, como Manga de alpaca, me levei, mandei umas fotografias e então mandei umas fotografias.
36:22
Recebo um. 11.
Carta.
E telefonaram me telefono.
Havia, não vieram televisão a dizer que havia uma entrega de prémios, eu que tinha sido premiado, eu disse, oi?
36:39
Então lá vou eu cheio de expectativa, bem vestidinho, não é com convém e, de facto, já tinha fato na altura, não é?
Casaco e calça, e.
Tal e sapatos e sapatos.
Sapatos?
Não, não as coisas.
Por fim, já tinha sapatos, quer dizer, não, não.
36:58
Quando fui da loiça.
Depois, como empregados, Vitória já tinha sapatos.
E os e os e os operários ao fim de uns anos?
Tinham era um género de albercata não quer dizer sapatos, se calhar se condiam.
O casamento talvez tivesse um casamento era qualquer coisa.
37:17
E então acontece que.
Chego lá diga-lhe 2 primeiros prémios e 2 segundos, assim não pode estar a acontecer.
Mas Oo primeiro robusto logo isto?
Então a gente mais velho é que eu comprava-me, quiseram que eu ficasse no meio, essa fotografia estava na exposição com uma data de salvas de prata assim, e então eu estava tão.
37:40
Eu tenho vergonha dessa fotografia tão inchado que estou assim, com uma pose percebe assim, de de, de galã de Alcântara, assim com uma data de salvas de de prata, então, olhe, então, Oo Mesquita, claro que soube da história.
Foi no outro dia, logo ter com o meu pai.
37:59
Senhor engenheiro e agora você tem que comprar a máquina ao rapaz, tudo bem?
Ganha prémios, o rapaz tem jeito, o rapaz fotografa bem, faz favor, arranja uma máquina, vês ele andar aí com a máquina a dizer Carvalho que é uma vergonha.
O meu pai ficou mesmo envergonhado, sabe?
Aquilo foi dito perante os operacional, comer sopinha, não é?
38:17
E então vai ver quanto é que custa uma máquina e tal.
Eu lá fui ao JC alvariz eu eles conheciam-me, porque eu IA lá comprar os rolos para a máquina do Zé Carvalho.
E gostava de mim.
Perguntava, sabia os preços das máquinas, não é?
38:33
Aí tinham eles, eram 2 sócios e tinham 2 filhos da minha idade que era Oo melhor Ferrari OOO Nuno Ferrari e era Oo.
O Orlando.
38:50
Esse Ferrari é o Ferrari, que tira a fotografia do Eusébio dentro da Baliza, no, no, no.
Dela, o maior amigo do Eusébio.
E graças a ele é que eu fui.
Sempre com o Benfica jogava eu IA No No, no avião do Benfica.
39:10
Ele era o único que só a orfield ele e eu confiava em nós, já não o íamos fazer fotografias de paparazzi, não.
De resto, fazes uma fotografia maravilhosa de de Eusébio de da Silva Ferreira, 2 pelo menos que eu vi Na Na exposição aquela.
Com o Simões é muito bom.
Tal e qual que é extraordinária que é um abraço, é uma é.
39:26
É uma.
Esperamos internacionais.
Que teve, teve.
As pessoas não imaginam as posições que eu fiz.
Os prémios giovannarem internacionais, eu ganhei cerca de 300 prémios.
São importantes os prémios para si.
Foram.
Comecei a ser reconhecidos internacionalmente e comecei a ser convidado, inclusive para júris mais tarde, para juros, para exposições.
39:46
Fiz exposições nos sítios mais mais mais esquisitos, mais esquisitos, não mais improváveis do mundo, quer dizer.
E então comecei a ganhar prémios, prémios, prémios, prémios, comecei a ser convidados, fui convidado uma coisa.
Que, cá em Portugal, publicava notícias.
40:04
Por exemplo, uma coisa que eu fiz questão de pôr aqui.
Uma opinião de um grande crítico e fotógrafo austríaco sobre mim.
E então comecei a ser convidado por ele. 5 fotógrafos mundiais.
40:22
Criam 5 fotógrafos do mundo e então eu tenho catálogos disso tudo.
E cá em Portugal não vinha notícias sequer ninguém, não ligava nenhuma.
Ficou triste com isso?
Ficou triste com isso?
Muito.
E então acabei.
Triste porque a imprensa mais tarde houve algumas coisas que o problema, as coisas sempre pequenas, EEA televisão também fez.
40:47
Algumas entrevistas, mas isso já foi bom, mas.
Não me posso queixar, mas depois, a partir do do 25 de abril, isso mudou.
Sabe que, entretanto?
Não sei porquê.
41:06
Não, não.
Prémios muito importantes que você não via notícias percebe uma das coisas muito importantes que eu fiz ou antes que eu que eu ganhei foi no já foi em 2000 e. 2005 veio.
41:29
Veio ganharam, por exemplo, 11 concurso.
Num, num, num, num concurso em em Pequim, a ganhei um o prémio especial do júri, e.
Esteve lá, esteve em Pequim.
Esteve?
Em Pequim, eu fui 3 vezes à China e então?
O que é que eu fiz?
41:47
Reportagens em 72 países?
Fiz fotografias e cenas pelos prémios que eu ganhei e por outras circunstâncias que estavam no século ilustrado.
E depois também, porque foi estudar o conselho da presidência.
Fui a Montes de países do ienes de países graças a isso.
42:05
Países que não é fácil ir, não é de forma que conheçam um pouco do mundo.
Já agora, deixa-me perguntar-lhe que países ou que países é que guarda.
Que tenha a melhor luz para fazer fotografia.
Não sei se podemos pôr a coisa acima.
Quer?
Dizer, há países para mim que são lindíssimos, que é o caso da Índia, é um país.
42:22
Quer dizer, com tanta Riqueza, com tanta miséria?
Eu, a China.
A China é fantástica e é lindíssima e há partes que eu não conheço bem, só conheço a ti.
Joelhinho, ou que é que é aquela zona das Montanhas e dos pescadores?
42:41
Aquilo é fantástico.
Quer dizer, eu conheço a China, conheço a China saltar, fui à China a primeira vez, estive mesmo lá à porta, quando ganhei o prémio da Canon e o primeiro da Canon.
Era um era uma viagem, digamos, a essa zona do de de de Tailândia.
43:01
Zona asiática, digamos, Macau teve.
Macau também estava sob ocupação chinesa e não deixavam entrar na China.
Não, e de forma conheci muita coisa tive, teve em Taiwan, como estava ocupado pelos americanos.
43:18
Tenho fotografias num livro chamado mulher, eu não não cabia ali, porque era não era em Portugal.
EE, tenho fotografias desses países todos e então comecei.
A ganhar, repito muitos anos e convidado-la a ir e fiz imensas possibilidades individuais.
43:37
Eu ganhei o prémio, não era?
Eu não estou filiado, nem quero nenhum partido político.
Mas o pravda em 2000 depois do 25 de abril. 2011 depois do 25, logo a seguir ao 25 de abril, eles costumavam fazer 111 grande concurso Internacional, eu concorri e ganhei o prémio do pravda.
44:00
O pravda, que é Oo jornal oficial do partido comunista.
Comunista russo eu não consigo Internacional tive conhecimento e ganhou envolvimento, ganhei e então era ir 15 dias à União Soviética o prémio.
44:16
E então estive no subecostão.
Tive, tive a Montes de sítios na Sibéria e então quer dizer, eu fui simpaticamente controlado, quer dizer, acabei por não não conseguir fazer nada de jeito.
Mas gostei de ir e conheci um grandes fotógrafos.
44:33
Estive na prova da claro e depois convidaram fazer uma inscrição.
Eu fiz botantes fodições.
Na União Soviética, fiz exposições Estados Unidos em em.
Em Nova Iorque, fiscaliza no museu mundial da arte de Pequim, conduzido a 222 fotografias.
44:54
Graças eu ter ganho, ainda não cheguei lá.
E então, quando há esse grande concurso, eu concorro, que era considerado um concurso do mundo, quer dizer, com mais concorrentes.
E então, entre 35000 fotografias, o?
Havia um prémio atribuído pela.
45:13
Pelo júri.
Eu, eu todos os prêmios, mas havia 1111 prémio que o júri devia de escolher a melhor fotografia para ele.
E então, o Roberto colégio, que era o presidente do júri, escolheu a minha fotografia que está lá na, na, na exposição em fotografia, que.
45:34
Fotografia é.
É uma fotografia feita no Barreiro chamada poluição.
Está lá com os chaminé de Barreiro e tal, é assim, muito escura.
E então ganhei esse prémio.
Para mim é coroa de Glória, não é com tantos com tantos concorrentes e tantas fotografias cá em Portugal.
45:54
Saiu a notícia de 10 linhas, quer dizer.
Uma persona não grata, sente-se, teria para meter visitar, ir num sítio ou começaram AA pôr.
A.
Colar-me.
Ideologias não tem nada a ver comigo, embora aprecio muito e tenha duvidação porque porque por aquilo que fez o partido comunista por este país, não mataram ninguém e lutaram.
46:20
Têm tido o seu chapéu, mas sem nunca virei nenhum partido nem perfil.
Para sem ser uma pessoa não grata.
Não sei porquê.
As notícias já não era.
As mesmas eram não me ligaram.
Seria inveja?
Não digo que seja inveja.
Pagou o preço da sua Liberdade individual?
Pagou o preço da sua Liberdade de individual?
46:37
Sim, talvez nunca me filhei namorado como disse, fui aliciado?
Não, não, não.
Eu assim eu quero ser independente.
E assim, ninguém me pode acusar que eu faço essa fotografia por isto ou por aquilo.
Faço essa fotografia porque me sensibiliza.
Quero denunciar uma situação.
46:54
E de forma que foi assim e no antigamente, antes do 25 de abril, fui preso, precisamente que eles aduchavam, pelo menos no interrogatório que me fizeram na pide, que eu dava uma má imagem de Portugal, que só fotografava pessoas humildes, pessoas humildes, porque é que eu não fotografava paisagens.
47:13
Nós temos paisagens tão bonitas.
E eu disse, olhe, desculpe, eu, eu, eu não gosto de paisagens e gosto de ver, mas eu eu prefiro fotografar Oo ser humano quer dizer, as suas lutas, as suas.
É as suas expressões e a sua, as situações, de forma que eu não, não sou comunista como estão a acusar.
47:33
Não sou de nenhum partido, simplesmente eu como português e fotógrafo EE jornalista, eu acho que devo de comentar o meu país.
Há, de resto, fotografias como aquela foto duma criança.
Suja num beco escuro que que nos que nos interroga, que nos que nos que nos faz perguntas, não é?
47:54
Eu IA a esses bairros.
Portugal não conhecia bem Portugal.
Os portugueses não conheciam bem Portugal.
Eu sei que ilustrado foi o veículo fantástico para os mostrar a Portugal real.
E então, a minha e, especialmente quando foi para lá um para o século ilustrado, um diretor tinha estado na BBC.
48:17
Foi o Chico mata, doutor Francisco mata.
Começaram, se a fazer reportagens fantásticas.
Antes disso, era só OOOO Américo Tomás, com os netos, o Salazar, férias, coisas assim.
De qualquer forma, tirou uma foto a Salazar, que é uma foto que também tem no seu acervo que é uma foto de Salazar a olhar para para o mar, para o Rio.
48:39
Tem uma história.
Onde foi ti?
Aquela foto?
Era muito difícil ter acesso ao Salazar.
Era só naquelas coisas oficiais.
Bacalhau de comprimento, eu tenho lá uma do do Eusébio, aqui ele a condecorar, o Eusébio, essa é gira também é.
48:57
Era a única possibilidade, como só tinha de aproximar do Salazar.
E então?
É livre das histórias.
Devo ter posto na rua porque não estava no sítio certo?
E então acontece que.
O salvar era muito protegido, claro.
49:15
E então, lembro-me.
Essa fotografia tem uma história, porquê porque todas as redações receberam a notícia que o senhor presidente do conselho, que está a passar férias na No No forte, não sei quê, vai, vai vai ver passar a regata de veleiros, não sei quê, a gente vai.
49:36
É tão difícil ter acesso a ele, isto vai vai ser bom.
E então vão lá, façam uma fotografia ou com os velhos veleiros, e depois lamito a fazer Salazar, Salazar Salazar.
Tenho aquela.
E então quando ele, quando ele está de Costa, assim, agora que é um homem só.
49:51
Então faço 2 fotografias.
Só ele depois vira-se, põe o chapéu e já não tem piada.
Já não tem graça, porque OOO que tem graça na história, é ele, está a solidão.
Um homem só, um homem só.
E então claro que levei você é cliustrado.
50:08
A fotografia dele a veio a passar o sumelei os veleiros, mas eu depois concentrei-me só nele e então fiz 4. 5 fotografias eu tive ali um bocadinho.
Depois, virou-se.
Tem com o chapéu.
Tenho ele até olhar para o mas era muito.
Interessava nada aquela imagem que tem uma carga fantástica e de forma que Ah.
50:27
E então se reparou na imagem?
Lá está.
As lições que eu recebi do urbano Mesquita o equilíbrio de formas se realizar esta no sítio certo?
E eu e eu apanho aquela linha de de que está lá, não inventei do forte, mas aqui, sim, aquela linha não é a mesma coisa, é porque aquela linha conduz conduz a ele.
50:54
Se reparares vir aqui.
Portanto, o nosso olhar segue aquela linha até o encontrar, neste caso, da esquerda para a direita.
Tudo isso não é por acaso.
Não estou aqui se eu não tenho tido elas, Artem, como se continuava a fotografar, se calhar quer dizer, Oo conteúdo humano que eu gostava de fora, mas não era a mesma.
51:12
Ganhou uma estética, ganhou uma estética, ganhou uma forma de de mostrar.
Sabe que AAA fotografia, especialmente a fotografia.
E quando o senhor está a fotografar, às vezes mais são um passo à esquerda, ou um ou um passo à direita para as coisas serem diferentes e ter um feeling do que vai acontecer a seguir.
51:32
É, é é antecipar o movimento.
Sim, sim, sim, eu lembro.
Muitas circunstâncias.
Que me aconteceu, por exemplo?
Quando foi o Fernão de Salazar?
Fernão de Salazar.
Eu?
Acompanhei, nos jerónimos.
51:51
Bom, a reportagem que saiu no sétimo federal tudo o que aconteceu, mas eu, por exemplo, vinha cá para cima, fazia fotografias com a objetiva, só as botas do Salazar EEOEEEOEO índice, não saíram.
Acredito que ias guardar EE, depois o altar.
52:09
Tudo, aquela gente toda, as pessoas que iam lá ver têm uma pessoa a ver cachimbo, que é aqui que é um miúdo que está.
Que está de?
Costas mas é um miúdo que tem um problema com uma, está com uma bengala.
Que está ajuda ao, ao, ao, ao caixão.
52:25
Depois, se eu tenho já o Marcelo Caetano que tu via, gira, mas.
A melhor situação é é eu.
Querer fotografar a Maria, a Maria, que era, que dizia-no, que era a namorada dele, era a governanta, não é?
52:47
Todas, acho que todas as pessoas sabem que a Maria.
Em sabendo, criava galinhas para vender.
Dentro de São Bento.
São Bento.
Ah, então é uma boa galinha ter uma economia dentro do do Palácio de São Bento, não?
Mas isso é outra história e então acontece que.
53:07
Eu ao último dia e nesse nessa noite iriam fechar o caixão.
Que era o caixão EE quando a mim o mau profissionalismo.
Da imprensa nessa altura.
Não havia lá ninguém.
53:25
Aquilo era à 1 da manhã.
As pessoas tinham, acharam que era melhor dormir, não é?
Mas eu mantive até às tantas falar lá com o cangalheiro, disse, ó, à 1 da manhã, a gente fecha casa bem.
E então lá está a urna com o Salazar e lá estão 11.
53:41
Corredor dos gajos da legião, depois PIS 2.
Eles, claro, entre entre falados estão está bom?
Agradeço EE, eu, cá atrás, nunca avancei.
Mas quando vejo a Maria levantar-se, está prestes.
54:02
O caixão ser fechado e levanto.
E então AA Maria agarra assim, No No menço aparece a cara do Salazar, uau e agora muito mal, embalsamado, pá.
E a cara de coitada já estava com um mau espetro.
E então e depois dá-lhe o género, dei-lhe um beijo.
54:23
E então, já vamos dar AA sequência?
EE, tiro mais 2 fotografias, de repente, agarraram-me puseram-me na rua, escreveram não fotografias que podiam ser feitas.
Eu vi-me logo embora, claro, antes, tinham-me, roupassem o Rolo, e então essas pessoas nunca puderam ser publicadas, é lógico, e só depois do 25 de abril já lhe vou mostrar.
54:43
E então outra fotografia que nessa altura saiu, eu vestia um palanque quando saísse o caixão, os fotógrafos tinham que estar todos ali, aquilo tudo organizado.
Para para controlar ali naquele palanque.
Se quer vir, se queres fotografar, tens que ir para ali.
54:58
Zé, muito obrigado, mas eu não fico cá, estar em baixo, mas eu.
Mas tu não consegues segurar porque eu também ando por aí.
Era um truque.
E então eu comecei a pensar, ora bem, eu sai dali dos jerónimos, depois está ali o governo.
Vai passear à frente do governo, é lógico, e.
55:17
EE os fotógrafos são todos cada do lado de lá e eu vou.
Apanhar e eu vou apanhar OOE, então.
Estou lá, assim consigo, aos 6 m afastado.
Quando eu olho para aí, faço mais dúzia de fotografias.
E acabou.
É a melhor fotografia porque apanho o os soldados com com com o caixão e apanho todo o governo.
55:42
OK, uma pessoa tem que pensar assim, isto vai acontecer, assim vai acontecer assado e por sorte.
As coisas acontecem, aconteceram.
Sorte ou talento?
Há há uma, aquilo que.
Que eu vejo nas suas fotografias e que e que mais admiro são os retratos, são as fotografias que fez de múltiplas personalidades que retrato mais gostoso de ter tirado.
56:06
Já para alemão, por exemplo.
Do champanhe porque as?
Pessoas e da Amália, EE, do EE do diaanos.
Ora bem, eu conhecia as as pessoas.
Como é que é essa dialética, como é que é esse, como é que é esse diálogo?
Ora bem, eu conhecia as pessoas e as pessoas, 11 coisa fundamento, tinham confiança em mim.
56:24
Sabiam que eu não IA.
Tramá-los.
Isso é importante.
Importantíssimos se o fotografado não tenho confiança no fotógrafo nunca.
Está descontraído, nunca.
Nunca se abre e.
E vê-se isso nos olhos imediatamente.
56:41
E então é preciso criar confiança com o fotografado.
E eu conhecia as pessoas todas e já tinha privado com elas.
EE, então eu.
Disse, vou fazer um livro.
Só de retratos.
Sem de acorde nenhum, o fundo vai ser preto e depois o senhor.
57:05
Ah, eu procurava saber o máximo de cada personagem, jovanias as coisas que eles gostavam, que não gostavam, e depois na minha cabeça começava a imaginar a imagem que daria.
Que deveria fazer para mostrar a outra face da pessoa?
57:25
Mas IA falando com eles para lhes plantar essas ideias na cabeça.
Antes fotografei antes, mas antes tinha que ser.
Tinha que falar com pessoas próximas deles, conhecia menos bem.
Eu conhecia-os, mas não saber se deu manias, se se gostavam disto, gostavam daquilo.
57:42
E o procurei saber o caso do Ian.
Isto não foi preciso perguntar porque conheceu-me bem.
E então o meu das coisas é que eu fui fotógrafo da presidência da República e digo, eu inicialmente aceitei pensando que devia ser de chato.
57:59
Foi o maravilhoso, porque inclusivamente o Ian já é uma pessoa exemplar, apresentava a mão aos presidentes.
Eu lembro-me uma vez em Washington, que estava eu a fotografá-lo no Jardim da Casa Branca com o Reagan.
Ele chamou-me.
58:16
Eu fiquei assim um bocado nervoso.
Não corriga presidente Agra, aqui o Eduardo gageiro.
É nosso fotógrafo e é meu amigo.
E já ganhou uma medalha dura em Washington.
Eu fiquei acima e o regan chama-me eu dizer então vamos ter aqui uma fotografia.
58:36
Estou no tenho uma fotografia no meio do regan e do ianes assim e depois mandaram.
Foi o fotógrafo feito pelo fotógrafo da Casa Branca, assinado pelo riga e com uma carta assinada por ele também a.
E então fiquei feliz da vida.
O iene era assim e então uma pessoa do humanismo não quer saber identifico-me.
58:56
Nascemos com 1 mês.
Ele tem o mesmo, é mais que eu fiz agora anos esquecemo-lhe o dia teve.
No dia 26 esteve na cordoaria e tinha feito na véspera esqueci-me e então.
Tinha uma certa intimidade com ele, IA lá a casa, et cetera, EE rei da família.
59:17
E então lembrou o Ian, homem de rigor, o homem não lembro.
Eu sabia que ele colecionava os relógios e então e lá vem o fundo preto.
Levei o meu filho para me ajudar, para pôr as luzes e aquilo era era assumidamente uma pose.
E então?
59:33
Mas mas, apesar de ser uma pose.
Não me parece falsa, é isso que permitem de de.
Extraordinário.
É espontâneo aquele aquele olhar, não é um olhar de vamos aqui tirar uma fotografia.
Não tem que ter confiança na pessoa, acreditar que aquela pessoa está ali para fazer o melhor possível.
59:52
Não, não vai trabá-la, quer dizer, é um homem, é homem, honesto, pronto, modéstia à parte.
E então acontece que então quer dizer, como é que vamos fazer a fotografia e tal?
É, eu sou subsidente, coleciona relógios, eu sei e estão ali.
1:00:13
O senhor presidente, eu quero fazer.
Bom, bem com as lojas.
Será um homem de rigor, como será?
E é verdade, de rigor, na forma que nada melhor do que um relógio e as são relógio, bonitos e são antigos.
Senhor presidente, vai sentar-se aí tal, pegar aquilo o fundo preto propositadamente para se ver que não, que que é de propósito.
1:00:36
E então.
Então, o que é que eu faço?
Bom, bem que vai ficar ver um relógio como seja um relojoeiro.
E assim como a lupa, mas eu não tenho lupa ou sou presidente da vossa lupa.
1:00:56
E então lá tem ele com a lupa.
E ele adorou a fotografia, está a ver ele.
Eles continuaram a fotografia a mais difícil.
É difícil para convencer a pessoa, mas isto demonstra, quer dizer, é a confiança que as pessoas iam em mim chapado senhor para Lisboa com luz de boxe.
1:01:16
Ninguém acredita, mas se é uma fotomontagem, estou chapalimo e.
Calçar-me sobre os boxe, como.
É que como é que o convenceu?
Então, fui tirando fotografias, tirando fotografias.
Ele conhecia o meu pai porque o meu pai, quando era era muito jovem, tinha sido empregado ali ao pé, onde eles tinham um Palácio ali na Estrela.
1:01:37
Eles são pai de miúdo e eu já o tinha visto antes, já tinha dito quem era.
Ah, pois sou Paiva.
E então nessa altura da fotografia?
Ele combinou comigo, foi o foi prático.
Logo a secretária disse, olha, ele recebeu a sua carta.
1:01:54
O gajo lhe diga, quando é que pode vir cá?
E então, eu, assim, olhe, pode ser amanhã já.
Eu queria fotografá-lo.
Pois ainda bem, porque ele foi, vai para o Brasil e tal.
Então, apareço lá Ah, fui ter com um amigo meu que.
1:02:12
Tinha uma casa de artigos de desporto e eu disse, eu falo, parecem-me umas luvas de boxe, mas vais pôr um num saco transparente?
Não pões lá com saco com letra transparente.
1:02:30
Que é para se ver, para.
Se ver, então começo a fotografar, ele já devia olhar, era o que eu queria, tinha olhado para e então começo AE só para a pessoa descontrair, não é fácil.
E então falar com ele sobre isso, sobre aquilo e aquilo, tipo fotografia e fiz e agora faça isto, faça aquilo, faço aquilo outro.
1:02:52
E disse, ó, gajo, era era isso que eu queria.
Para quem são aquelas luvas de boxe?
Era o que eu queria.
Ora, ó senhor doutor, ó, ó, ó, vocês sabem, eu ainda eu falei nisso, isto foi intencional desde já, não foi com maldade, foi intenso não, então para quê?
1:03:11
É para ficar com o Júlio Roque porque o senhor é um homem de luta.
Eu estava a ser sincero para ele, hã, é um homem de luto, o senhor nunca perde o senhor Oh, o gajo, olha com este corpinho que eu tenho já viu, se não interessa, eu fui leal para ele, interessei a parte do mental e o senhor realmente é uma pessoa.
1:03:29
É uma pessoa e era.
Tu, tu, coiso?
No coração, no fundo.
No banco dele e então?
Ou seja, pegam menos nas ruas, ele não.
Ah, não quer dizer, não faço isso, Ah, pegam menos nas luvas.
Pegou sim, já está.
Quer dizer, agora, calma, eu não calço álcool, já, não faço.
1:03:48
Tenho confiança em mim ou não tem.
Ele disse que sim, então, calce, ninguém vai ver as fotografias.
Anão ser eu e o senhor.
E então, e começou a embarcar, Ah, desculpa, começou a embarcar no jogo, no jogo.
1:04:06
E então, agora vou fazer assim agora, não sei quê, agora vai, não sei quê.
Agora há de fazer agora, não sei quê.
E fiz uma data de gorros.
EE fiquei feliz, cheguei a casa.
E cheguei tarde, tinha.
Tinha feito os golos, revelado os golos, mas não estavam ampliados que sempre uma carta, um telefone à noite.
1:04:27
Que vi que era 11 telefonema de última hora, digamos, o gajeiro.
O senhor se apalinou e disse que vai para para o Brasil.
É amanhã de manhã e só vai EE depois, se houver.
1:04:43
Não sei quê.
De forma que ele diz, vou não publicar as fotografias.
Que ele quer?
Ver, mas era um ponto de honra, mas eu não publicava fotografia nenhuma, que eu lhe disse AA primeira pessoa a ver é ele, então.
Vê logo assim?
Ai, aqui não é?
E então é ele.
1:05:00
E então nessa noite faz qualquer as ambições todas ai, disse ao telefone, eu amanhã de manhã estou aí, amanhã estou aí passou só para Lisboa, antes de ir para o Brasil ver as fotografias e então lá levo umas provas e convencer logo a senhora, e não estava a mentir que ele estava bem e então foi.
1:05:21
Eu fui com ela ao champanhe e ela começou logo a elogiar as fotografias.
A elogiar as fotografias.
E depois o senhor valeu.
Então está a ver que está bem, está bem, é um homem de luta.
O homem que não perde o homem, não sei quê.
1:05:37
Posso publicar?
Pode sim, senhora, pode publicar.
Então publico as fotografias, faço um livro, mando-lhe um.
A oferta, não com uma dedicatória, manda manda-me o preço do livro, manda manda-me um cheque com o preço do livro.
Era 400.
1:05:54
Escudos ou um homem de contas.
Depois um homem de contas, digo-lhe, essa foi uma das histórias mais mais giras e depois há outras que são.
Que que nem vale a pena contar sobre o não.
São muito, muito agradáveis.
É uma pessoa que está.
A exposição a fotografia, por exemplo.
1:06:18
Do Cavaco não Era Para Ser aquela?
Ele era primeiro-ministro e eu falei-lhe com com o Fernando Lima, que era assessor.
É assim, olha.
Falei no segundo, ele falou, disse que sim, senhora, que ele tinha aceite.
1:06:34
E assim, como é que eu quero fotografar?
Olha com aquele traje-o de Iorque, de professor de Iorque.
Por acaso que lhe fica muito mal.
Eu ficava muito mal, mas o que acho que era pronto, o professor.
Mais uma vez, o simbolismo diga mais uma vez o simbolismo e uma ligação.
1:06:49
À Oo director.
E então vou para lá de manhã todo encandado da vida e tal, e não sei que mais olha, já não quero tirar a fotografia com um professor de Iorque.
É pá.
Agora, assim, de repente.
Não vou arranjar o dedo, não te preocupes que ele já tenha ideia.
1:07:06
Então, qual é a ideia é ficar aqui com uma cabine?
Telefónica a mandar o país.
E ele, assim.
E então eles trouxeram.
Tenho fotografias disso com a cabine telefónica.
Assim não tinha gravata, encomendaram o país.
1:07:22
E já para si só, ridículo.
Portanto, não, não, não teve.
Não conseguiu fazer aquilo que foi captar no fundo, a alma daquela pessoa da alma.
Não estamos.
Justamente pior.
Sim, já vi que é um homem todo engoadinho com o telefone na mão e com as cavidas penduradas a quando andar no.
1:07:41
Veículo, pelo contrário, AA fotografia que faz da Amália Rodrigues é uma fotografia cheia de força.
AA foto da Amália Rodrigues.
Fuck há-me ali muitas outras pessoas quer dizer, conseguiram.
Que elas colaborassem.
1:07:57
E o caso da Amália é um caso especial, porque eu tinha muita intimidade com ela, porque o diretor era muito.
Era muito amigo da Amália e o Francisco mata e que teve fotografia da Amália desde os anos 60.
EE sempre que alguma revista querer fazer fotografias Internacional, querer fazer fotografias da Amália, contactava, me era aquela fotografia que custou, que está lá.
1:08:24
Eu fui fazer fotografias para a manchete e depois, quando ela saiu do carro, é que eu fiz bem, vamos voltar à estamos a falar da Amália.
E então, acontece que já há uns anos depois, quando andava a fazer o livro revelações que é aquela dos retratos, lembrei-me.
1:08:42
Falei com ela, ela disse logo que simpática.
E ela começa a funcionar, começava, coitada.
Ela realmente muito cordial.
À 1 da manhã lá, combinámos à hora da manhã, já que sou de uísque e então começo a fazer fotografias e ela adorava ser fotografada.
1:09:02
E então por fim, já não sabia o que é que queria fazer com guitarra sem guitarra fiz a cores, fiz a preto e branco, fiz anão sei quê.
Aí então, por fim, eu digo-lhe assim, Oh Malia, vamos fazer relembrando-me agarro a guitarra.
Eu já tinha feito com a guitarra, mas como seja uma pessoa que goste muito.
1:09:20
Com força, com energia.
Com energia.
E repara EP.
E penso numa pessoa que gosto muito.
Veja a expressão que dá ali.
Ela está a olhar para cima, está a agarrar.
As pessoas do olhar, vejo vir com atenção.
1:09:36
A gente já vai rever?
E então ele.
É pá.
Ela está com uma intensidade.
Há aqui qualquer coisa, clique não, pois fiz 2.
E assim Amália vai desculpar, nós somos amigos, eu acho.
1:09:53
Gostava de lhe fazer uma pergunta?
Espero que você não fique zangada não vai chegar à vontade em quem é que estava a pensar.
Na minha mãe e em Deus.
EE se vir a fotografia.
Perceberá melhor o que eu estou a.
1:10:11
Dizer faz todo o sentido, fechamos, o que é que lhe falta fazer?
Sei lá, olha Oo Portugal melhor.
Um Portugal que as pessoas estavam à espera no 25 de abril, feliz.
Que não haja fome, que as pessoas tenham casas.
1:10:30
Mas hoje vivam com Alegria.
E eu fico preocupado porque.
1:10:48
Determinadas Correntes políticas.
Que querem?
Portugal, EE.
Muitos outros países vejam o caso da Argentina, volta ao fascismo é.
Isso é gravíssimo.
1:11:03
Não é.
É gravíssimo.
Os os portugueses é o que está por esse mundo fora que é mesmo na Europa.
E.
E na Europa e no mundo, veja o que está a acontecer em Israel, o que está a acontecer na Rússia, o que é isto político?
1:11:20
É esta?
Onde é que está o humor pelo próximo?
Onde é que está o humanismo das pessoas?
O.
Mundo está agitado e a democracia tem sempre de ser regada, atenção entre a nossa forma de ver o mundo democraticamente liberal, aberta, que respeita os direitos humanos e preserva a diversidade, e um outro, um outro pólo, mais totalitário, mais opressivo, menos livre, que parece estar a acentuar-se dar como adquirida a Liberdade pode ser um otimismo perigoso.
1:11:52
Há que permanecer alerta e atento.
A democracia sabe-me tão bem, afinal, a Liberdade.
É o valor maior.
Até para a semana.
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0:12
Ora vivam.

Bem-vindos ao pergunta simples o vosso podcast sobre comunicação, sobre comunicação e, sobretudo, o

resto sobre a vida, sobre as histórias, sobre a história, logo este ano em que celebramos 50 anos do

25/04/1974, o ano do advento da Liberdade.

0:32
Este dia foi retratado por um dos mais célebres e premiados fotojornalistas portugueses, Eduardo

gageiro encontrei-o num sábado na sua exposição de múltiplas fotografias, que tirou desde 1957

exposição na cordadoria nacional.

Está aberta até 5 de maio e é de entrada gratuita.

0:49
Esta conversa tem luz e sombra.

É deste contraste que se faz a narrativa do Portugal contemporâneo.

Esta edição é um testemunho da história.

Viva Liberdade.

1:14
Liberdade subidamente passaram 50 anos para quem nasceu em finais de 1971.

O 25 de abril é vivido pela memória dos familiares e dos amigos mais velhos e depois lido em livros

ou em recortes de jornais, na embroteca por alturas do curso de jornalismo.

Mas há ainda as memórias do ano.

1:35
Da vida censurada e sem Liberdade de expressão, do medo dos bufos e da pide, do risco da realidade

de ir parar à guerra colonial, das fugas assalto para emigrar para a França ou para a Alemanha em

busca de uma vida melhor e depois o dia da celebração da Liberdade.

1:53
É desse dia que me ficam os relatos de retratos, de testemunhas profissionais pelos jornalistas e os

fotojornalistas, as reportagens com a voz de Adelino Gomes, que retratou na palavra.

O pulsar desse dia do 25/04/1974.

2:10
Na rádio e das eternas e mágicas fotografias de Eduardo gageiro, captando o olhar de Salgueiro Maia,

Oo seu morder de lábio para não chorar seria medo, seria Alegria.

Estas fotos têm tudo, do mais humilde ao mais grandioso.

2:30
Há uma portugalidade intrínseca e imanente nessas imagens, tal como estão expressas noutras

portagens fotográficas que fiz do Portugal, muito pobre do antes, as imagens inesquecíveis das

crianças.

Sujas e descalças, no meio de caminhos duros e casas cinzentas, o retrato do Portugal escondido da

2:50
vergonha da desigualdade gageiro, viu e mostrou-nos essa desigualdade Extrema viu nos operários, sem

sapatos da fábrica de sacavém, ou nos visitantes noturnos vindos do Casino, homens bem vestidos e

acompanhados pelas suas amantes, a quem o pai organizava banquetes onde havia todos os sabores e

3:09
alimentos que, inversamente, eram negados aos que não pertenciam ao clube.

Havia, por exemplo, o bacalhau do contrabando.

E sabe Deus mais o quê?

Havia tudo bom e do melhor, mas apenas para alguns.

Essa desigualdade ainda hoje preocupa o fotógrafo, que também retratou o glamour dos nossos maiores,

3:31
a Amália, a Eusébio, aos poetas, os políticos, os poderosos, o povo, os muito, muito ricos e os

muito, muito pobres, os intelectuais, os trabalhadores da força de braços, os músicos e os

escritores.

Será?

3:47
Mistura um vislumbre da alma do ser português.

Há, claro, Sofia de Mello breyner, que escrevem 4 estrofes, tudo sobre o 25 de abril.

Volte citar, esta é a madrugada que eu esperava o dia inicial inteiro e limpo onde emergimos da

4:05
noite e do silêncio e livres habitamos a substância do tempo.

Esta conversa com o Eduardo gageiro foi para mim um privilégio e um gosto poder partilhá-la com

todos.

Espero ter conseguido entender tudo o que me disse.

4:25
Eduardo gazeiro, fotógrafo, fotojornalista todos o conhecemos, mesmo aquelas pessoas que estão a

pensar.

Mas Eduardo gageiro, o Eduardo gageiro.

E se eu falar das míticas fotos do 25 de abril está apresentado.

4:41
Como é que foi, como é que foi esse dia, como é que foi essa manhã luminosa, como como a descreveu?

4:47
Sofia, 6 da manhã, levou.

Te levou-me um amigo do século porque havia muito, muita gente a trabalhar No No século, os

linotipistas os gráficos muito politizados e sabiam.

5:05
O que se IA passar?

Estavam.

Estavam todos à espera.

Não é porque já tinha havido aquele movimento da escalda.

Que eu fotografei também.

Mas não, não me está enganando.

As fotografias são banais e então, naquele dia, falaram-me aí às 5 e tal da manhã.

5:23
Vai para o terreiro de passo, que hoje é que é e leva os ovos todos.

5:27
Foi, portanto, convocado para a revolução.

5:30
Apenas um telefonema de um amigo meu.

De um século século, e então lá fui.

Com 20 rolos, era o que eu tinha na altura e entrei.

Eu moro aqui em sacavém eu fui pelo lado de cabo ruivo, claro.

5:49
E então logo à entrar o terreiro de passos está um, estão vários soldados.

EE, eu tento entrar e há um que me diz, não pode passar, não pode passar com o nosso comandante, não

quero que deixe passar ninguém.

E eu coloco um descramento disse assim faz favor leva-me ao comandante, que eu sou amigo do

6:07
comandante, eu não sabia que era o comandante, é lógico.

E então ele, coitado, muito humilde, me disse levemente senhor ao comandante que é amigo do

comandante, então lá fui eu e já está já cá estou dentro, não é?

Então apresentei-me uma pessoa que eu não me conhecia.

6:25
Olhe, Eduardo, gajo do século ilustrado, e ele assim salgueiros Baia.

Era o quadrante.

Eu também sei que você é.

Desculpe mandar, mas como é que sabe quem eu sou?

Que eu por todas as semanas, o séculos grave e conheço o seu trabalho e gosto muito das suas

6:44
fotografias.

Você é um homem que fotografa o povo, fotografa não sei quê e tal.

Eu fiquei.

6:48
Isso é que é um cartão de visita.

6:50
Felicíssimo não é felicíssimo.

EE dizia, então agora podes andar comigo à vontade.

E então, onde é que desde as 6 da manhã que o Salgueiro banha, tu vês?

Ninguém tem.

Nem via rádio, nem televisão, nem outros colegas.

Meus fotógrafos, ninguém, tudo julgo.

7:07
Com medo?

Porque mais tarde vi os meios mais longe, muito hoje eu estava ali no coração da revolução.

7:13
E tive medo.

7:14
E então assisti a todas as negociações, a todas aquelas coisas quando?

Da última vez?

O pai de Anselmo não queria aderir ao movimento nem nem queria render-se.

E então eles levaram essa fotografia na exposição.

7:31
O britico Cunha.

Ele levava um revólver dentro do casaco.

Está ele com a rola na mão até lá na exposição.

Estava à paisana e.

EOO Salgueiro mar leva uma Granada no bolso de trás.

7:46
Porque se a casa das coisas corressem mal.

7:48
Pois correr mal, porque eu tinha ouvido dizer quando há negociações, vai tudo desarmado, está

provado que não é, nem sempre é assim.

E então, da última vez que estavam desesperados que o outro não, não aderiu parte da selva.

E então?

8:04
O senhor comandante, definitivamente.

Rede-se ou dera o movimento, mas fica em voz, graus ou naquele.

Ou põe o caixa de grande intenção, não é EE outras sempre sempre com eles.

E então ele diz, não, não rede nem direito ao movimento prendam-me.

8:24
Aí é que acabou e então eu tiro uma fotografia, eu.

Ponho a máquina à cara, diz-me sobre a minha palavra de honra.

Isto era uma aldeia.

Toda a gente se conhecia graças ao 7 diversidade.

Eu era conhecido, gaja e submetiras uma fotografia.

Eu mate-te, e claro que não me matou, não é?

8:42
E ele estava a desarmar, ainda por cima, mas aquela honra que serve de uma pessoa que, de certo

modo, quer dizer.

Quer dizer, desiste e tem que se entregar.

Foi.

Foi um homem com grande dignidade posteriormente.

Uns anos depois estava eu muito mal, com linfoma e estava prestes a morrer.

8:59
Falei para ele conseguir descobrir o telefone dele via no Algarve e teve uma condenta me passou as

passas do Algarve.

Para essa conversão, porque por ele, ele está do do lado de lá.

O que me condou não foi bonito, sabe?

9:15
Eu acho que os vencidos também têm que ser honrados.

E por aquilo que ele contou, não foi honrado.

Trataram-me muito mal.

EOOOO patati, disseram-me.

9:24
Deixa-me perguntar-lhe.

Estando lá desde a primeira hora na revolução, tive medo.

Que que emoções experimentou neste dia?

9:34
Júlio, sobre a mim a palavra de honra eu já tinha dado preço pela pide, eu era marcado pelo governo

quando estava quando estava em qualquer reportagem.

Eu lembro-me, por exemplo, quando Oo Salazar ou ou ou, como é que chama?

9:53
O.

9:54
O Marcelo Caetano.

9:55
Não antes o.

Merk macho, o Américo macho, fazia aqueles, aquelas conversas à nação e não sei que mais e então.

10:06
As conversas em família.

10:07
Conversas em família.

E então íamos, íamos todos lá, as pessoas de informação ou onde ele estava.

E então eu venho lá como todos os meus colegas.

E sabe quem é que vinha imediatamente, ombro a ombro comigo?

Moreira Batista, assim que era o homem da informação, Moreira Batista.

10:27
Era um homem da pide.

10:28
Não, não, não era homem da.

Do snh.

O homem que controlava, digamos, a informação.

10:35
Isso era uma forma de intimidação?

10:37
Não, não ver o que ele me fez.

E então, ó, Brown, eu fotografava-vos eu, eu fiz uma fotografia daquelas de poses a sorrir e não sei

quê.

E depois, como eu costumo dizer, só fotografava nos intervalos, só fotografava quando ele fazia

10:52
aquelas poses.

Fazia, quer dizer, tentava ser diferente.

Moreira Batista, eu lembro-me de uma das vezes, agarrou-me assim com o ombro, a gageiro, já não

posso ouvir essa máquina rua.

Era assim.

11:07
Sobre a minha palavra de honra?

11:09
Voltamos essa madrugada do 25 de abril.

Como é que se fotografa?

Aquele.

Aquele dia consegue manter o distanciamento ou, pelo contrário, entrou?

Entrou dentro de dentro daquilo, dentro da história e deixou-se levar.

11:25
Deixem-me levar, sim.

Quer dizer, eu senti que fazia parte.

De de um momento importante, EE, que possivelmente ainda não sabia nada e resolvido, IA ser

resolvido o futuro do país, e eu que tinha de certo modo, sofria entre aspas.

11:44
Referi, tive muitos problemas com a polícia, mas simplesmente, comparado com com muitas outras

pessoas, não sofri nada, não é?

Tinha estado preso, inclusivamente eles odiavam-me e então estava feliz assim, hoje a culpa a partir

de agora é que eu posso ser diferente, vou vou ser livre.

12:00
Quer dizer, na minha cabeça pensava rapidamente nestas coisas que havia uma transformação, acreditei

sempre, mas quando surgiram os tanques da cabeleiria 7 que não estavam, ninguém estava à espera, que

é uma história que.

Ainda não foi bem contada.

12:17
E então, soube-se na altura, mas fogo não foi pouco a contar e não foi contada em pormenor como uma

das a pessoa que tinha.

A missão de ir à cavalaria 7, para que não saíssem aqueles aqueles carros.

12:36
Carros que eram apareciam, sei lá, umas bizarmas.

12:39
Está a falar daquele momento de confronto entre Salgueiro Maia.

12:45
E chamado é um brinquedo.

12:47
Ao ao lado ou em frente a artilharia?

12:50
Pesada.

Do lado do do chamente que aquilo era uma brincadeira e eu aparece aqueles tanques, parece um

arranhacéus ficou tudo com medo, não é?

Inclusivamente as pessoas que estavam do lado da chamice Oo reldeiram mais e os outros militares, e

então as pessoas não perceberam, assistia as conversas, assisti às conversas e então éramos a

13:10
discutir assim, ouve lá, pá, mas então, OPA, Oo Jaime Neves não, não, não falou com a Malta da

cabraia 7 é pá, ficou incluído disso, pá, eu não.

Sei que mais de forma que, porque porquê ninguém sabia.

13:26
Foi uma surpresa, portanto surpresa porque e depois chega o Jaime Neves às 11:00 são uma grande

discussão entre eles.

Eu insisti mais uma vez, digo, e então, o que é que tinha sido o Jaime Neves?

Tinha uma namorada no na, no elefante branco ou não sei quê, deitou.

13:45
Se às 6 da manhã já viu isso, é que é o militar, não é?

E então pronto, estava tudo muito zangado com jáme Neves.

Foi quando realmente avançaram para o para a tanselmo a ver se resolveu um problema.

Para que eles se rendessem ou dirição ao movimento.

14:00
Quando ficou toda a gente assustada quando viu aqueles canhões pá.

14:04
Podia ter corrido mal naquele momento.

14:06
Muito mal, muito mal, muito mal.

E então, quando as foram as histórias?

Sobre o que aconteceu?

Porque é que o cabo Costa.

Virou o canhão.

14:21
Ele era, era o guia à frente.

Não é?

O outro era Oo comandante ele era.

Não sei se era era sargento ou calma, se era o que tinha a missão de ir à frente daqueles daquelas

bizarmas.

14:34
Vamos, vamos, vamos fazer uma fotografia do ar de gaja.

Nós estamos na rude alfeifeite, é isso que estão frente a frente, a frente, frente a frente, e há um

momento em que há a possibilidade de alguém disparar um tiro.

14:47
Para disparar, eu ouço e todos os que estavam lá ouviram fogo, fogo.

14:53
Há uma ordem para.

14:54
Disparar para disparar e então, de repente, OOO.

AA cabo Costa.

Vira o canhão para.

Para o Tejo quer dizer, portanto.

15:09
Era uma atitude não não agressiva, não agressiva e depois todo o todos os outros, digamos.

Digamos, ficaram a mesma coisa.

E então que ele, naquele momento em que se ganha o 25 de abril?

Porque, na verdade, os depois os os militares vão do lado lá, aderiram e vieram ter com o grupo, o

15:29
Salgueiro.

Eu tenho essa fotografia, está lá e tenho muitas mais.

E então foi esse o momento.

EE, depois falou-se que o sobre o cabo passa não ter disparado, mas nunca fui muito esclarecido.

15:47
E então, houve uma exposição em Barcelos com fotografias minhas sobre o 25 de abril, uma grande

exposição num sítio muito bonito.

Sítio antigo, que é o maior, não me lembro como é que se chama?

Esse edifício fantástico, então houve 11. 11 colóquio, talvez?

16:10
Eu não sei como é que se passa a chamar os intervenientes do 25 de abril.

Vivos, claro.

E ainda lá estava Oo.

Como?

O Jaime, o Jaime Neves não teve, teve Oo homem da associação. 25 de abril, Vasco Lourenço, o.

16:32
Teve Oo Arlindo Gomes, que fez a reportagem, encontrou essa história muito.

Nunca muito que nunca foi muito esclarecida.

EE, depois estavam tudo o que pessoas ligadas à à revolução e depois estava Oo.

16:52
Para a direita, Ah, Oo mais Loureiro que é um herói, estavam todos e então?

Ao meu lado ficou cabo Costa e ao lado do cabo Costa, ficou o Manuel da Silva, o Manuel da Silva.

17:08
É o homem que vem naquela, na bula, na bula, que era o homem que digamos, da frente do lado, o

Salgueiro era.

Era a bola, era que queixava à frente.

17:21
Portanto, estes 2 homens que estiveram frente a frente no momento que considera decisivo para o 25

de abril.

17:27
E então, eu?

Como você me fez uma grande confusão, aquilo não tem sido esclarecido.

Isso é o cabo Costa.

Diga lá.

Afinal, o que é que se passou?

Porque é que você não disparou?

Eu começo a sorrir e diz assim.

17:43
O meu comandante mandou-me.

Disparar, e o pelo óculo.

Vejo aqui o meu amigo Manuel, o meu amigo.

17:54
Manuel.

17:56
Andamos hoje na escola, somos amigos de infância.

Então eu IA matar o meu amigo Manuel.

A verdade é esta.

18:03
Isto é tão extraordinário que é numa coisa que de qual dependia a revolução, a amizade, a relação

pessoal entre 2 homens.

18:13
Tiveram uma influência profunda, agora querem esconder um bocado essa história.

18:19
Querem romantizar as?

18:20
Histórias, porque isto foi dito.

Há mais de 100 pessoas, a plateia enorme, pessoas em pé e tal.

Estavam as pessoas mais importantes.

O 25 de abril, de forma foi dito, foi dito, isto é verdade?

25 de abril teria acontecido se não tivesse lá o anel do outro lado.

18:40
Agora, com essa ter dúvidas, não é?

18:43
Fale.

Fale-me de de de Salgueiro Maia.

Que que homem é este, que homem é que viu?

18:48
Teve aqui na minha casa, depois, mais tarde, olha aquele tripé que dá ali foi dado por ele.

Não me ligaram.

18:55
Como é que foi fotografá-lo, o que é que tentou captar?

18:59
Quer dizer, eu andava com com aquele grupo, andava lá.

A captar quer dizer, todo aquele movimento.

Detenção, que foi o 25 de abril, quer dizer, só falta das 11:00 é que aquilo acalmou com a prisão do

19:15
do patencelmo.

19:16
E depois subiram até ao até ao quartel do Carmo.

19:18
E depois?

E depois foi tudo lá para cima, para ao largo do Carmo.

E então eu também fui claro e tenho e tenho todas essas sequências.

Eu tenho uma, tenho uma sequência, tirada com uma olhe como objetiva, com uma máquina que está lá na

19:37
exposição que.

Não tem objetivo é de 70 300.

Ninguém tinha porque a Canon dava 2 máquinas quando eu ganhei o prémio Canon e estive no Japão.

EE, de forma que essa essa.

19:51
300 dá para tirar fotografias.

19:53
Muito longe que dá, por exemplo, eu estava numa janela em frente ao.

Quartel do Carmo, como estava Montes de sogras, mas ninguém tinha aquela objetiva, eu IA

fotografando, quer dizer, de repente, com 300, aproximava-me muito e tenho uma sequência.

20:11
Em que?

Estou a tirar tudo o que se passa.

É então há uma sequência que OOO filho, o Miguel.

O pai do Miguel Sousa Tavares era o teco está em cima de uma guarita, com um megafone a falar e

20:28
depois a seguir.

E dessa fotografia, o salgrama está em cima de um tanque e tenho isso tudo.

A partir daí desapareceu, tudo desapareceu.

20:36
Tudo desapareceu com a logo.

20:37
E desapareceu porque houve um fotógrafo e ficou convencional, fiquei a citar o nome.

Um fotógrafo que trabalhava comigo, que eu levei para para o século.

20:45
Foi roubado?

20:47
Não usa essa palavra porque ele chegou AA ter o descaramento de me pôr um processo por difamação já,

porque nós pode muitas vezes dizer a verdade.

20:57
Quantas, quantas, quantas, quantas, quantos rolos é que levou para esse dia?

21:00
Ele levou 20 e só tenho 14.

21:03
E já agora, cada cada Rolo só por curiosidade, quantas fotografias é que lá?

21:06
Acaba, tenho 36.

21:07
36.

21:08
E, portanto, desapareceram e depois apareceram noutro lado, pronto e foi tudo.

Eu não queria falar.

21:15
Na pessoa, OK, guardamos.

21:16
Isso não estou lhe a dar o tempo de antena.

Percebem?

Eu, eu acho.

É que as pessoas devem ser mais íntegras.

Uma pessoa que eu ajudei tanto, que trabalhava comigo, e depois ficar com coisas que não são dele, e

publicá-las e publicá-las.

21:30
Já agora, já.

Agora como é que era o processo?

Tirava fotografias.

Acabava o Rolo.

O que é que fazia o Rolo?

Guardou.

21:36
O Rolo voltava ou a voltava para o jornal, e depois nessa.

Nessa nesse dia.

Quer dizer, depois, ao fim de tudo, era 1 da manhã, fui para o século falar os golos, então acontece

21:52
a última fotografia que eu tinha tanta, tanto o Rolo 40, digamos.

A imagem 36.

Mas já estava mesmo no fim.

É aquela fotografia do pêlo em cuecas?

Era uma e tal da manhã do dia 25 de abril, quando aparece aquele tipo que foi bloqueado pelos

22:09
soldados.

E então, quando era?

O que querem despir ele?

Tinha uma pistola nas cuecas, e eu não tinha um fotograma, aquele é o último.

Até puxei.

O Rolo percebeu sobre a minha palavra de voz, é verdade, e depois fui revelar os rolos, e depois fui

22:29
olhe, depois fui vim aqui para sacavém.

Dormiu meia dúzia de horas.

E depois voltei no outro dia, outra vez, muito cedo, quase que não dormi, claro.

22:38
É 11 pergunta ingrata, mas eu tenho que a fazer.

22:41
Perguntar tudo?

22:42
Qual é a sua melhor foto desse dia?

22:44
Do 25 de.

22:45
Abril, sim.

22:47
É, é o Salgueiro.

Vai a morder o lábio para não chorar.

Ele próprio diz que é a fotografia mais importante.

Eles, aliás, está e está escrito aqui no livro em que ele diz, o fulano tal tirou 11 fotografia em

que ele venha morder o lábio, e eu venho a morder o lábio para não chorar.

23:05
Porque senti que nesse momento, se é o 25 de abril, isto é, são palavras dele que foram publicadas

numa entrevista que ele deu ao Fernando Assis Pacheco, de forma que essa, mas há outra fotografia

23:21
que eu.

Considero muito significativa, portanto é essa sogra mais que eu gosto e essa que eu vou descrever

eu fui.

O primeiro grupo de jornalistas que entrou na.

23:37
No dia 26 não havia lá câmaras de televisão nem nada.

Entraram relatores, mas não entrou nenhum, nenhum repórter de imagem, nem nada.

E então tive uma sorte de verdade, que eu andava sempre em cima do acontecimento.

Entrei EE, fui fotografando e, de repente, vejo um soldado a tirar o retrato do salazara da parede.

24:03
E até o soldado estava mais simbólico, muita gente não sabe que ele está em cima do Maple.

Do Silva pais, que era o era Oo, diretor da pide.

O diretor da pide tinha usado Salazar por cima.

Vejo bem e ele está bota a casada em cima do do desse sofá a tirar o retrato.

24:21
É uma foto simbólica.

24:22
É, É o Fim do regime?

Quer dizer, é, é a queda do regime.

Eu adoro essa fotografia, acho que são as 2, se alguém morder o lábio e essa tirar o retrato do

Salazar na.

Nas instalações da pide, são, para mim, são os mais simbólicas.

24:44
Estão a gostar do pergunta simples, estão a gostar deste episódio?

Sabia que um gesto seu me pode ajudar a encontrar e convencer novos e bons comunicadores para gravar

um programa?

Que gesto é esse?

Subscrever na página perguntasimples.com tem lá tudo.

25:00
A informação de como pode subscrever, pode ser por e-mail, mas pode ser ainda mais fácil

subscrevendo no seu telemóvel através de aplicações gratuitas como o Spotify, o Apple ou o Google

podcast.

Assim, cada vez que houver um novo episódio, ele aparece de forma mágica no seu telefone.

25:17
É a melhor forma de escutar a pergunta simples.

Depois de se ter um momento tão elevado e tipo tão significativo em termos históricos, nos nos

25:32
tempos a seguir e nos anos a seguir, como é que se pensa em tirar outras fotografias depois de tirar

umas tão significativas?

25:40
Ora bem, sempre foi um homem que.

Sou a baixado de fotografia.

De forma que andar sempre uma máquina fotográfica, e.

25:51
Ainda agora anda com uma pequena máquina fotográfica.

Faz uns.

25:53
Bonecos a roubar o esse acabo na mão o sal.

E então acontece que houve muita influência eu ter nascido em sacavém, nasci exatamente donde

estamos feliz da faca doce de sacavém.

26:07
Estamos em sua casa já agora.

Muito obrigada por me ter.

26:09
Recebido onde?

Onde?

Onde morava?

O morava?

Os meus pais.

Tinham um estabelecimento por baixo, onde onde os operários da faculdade da louça deixavam uma

eramita com sopa para a minha mãe aquecer.

Nessa altura, ainda andavam descalços.

Eu era muito miúdo, mas deixava aquilo muito estranho, não é?

26:27
Eu, eu não andava descalço.

Também andava o meu pai, não tinha assim tantas posso.

Andava com uma coisa que se usava na altura, umas altergatas, que tinham borracha por baixo e por

cima era uma lona azul.

26:39
Eram eram, portanto, pobres muito pobres.

26:41
Muito pobres, muito pobres andavam descalços nessa altura e não vinham aqui.

Para a minha mãe aquecer a marmita, eu convivi com eles, ser junto jovem, isso fez uma grande

confusão.

E então há uma coisa que foi uma grande viragem.

26:58
Eu fui crescendo, é lógico, não é?

E então já tinha os meus 10 anos.

Houve muito barulho por volta das 4 da manhã.

Nós.

Tínhamos uma casa por cima do estabelecimento.

27:14
Ouvíamos barulho, deschi as escadas e vejo o mundo que eu desconhecia.

Eu só conhecia o mundo de sacavém, os operários das pessoas que vinham a aquecer aqui, a marmita.

Muitos descalços não eram todos, já alguns já tinham essas 6 Alpargatas.

27:33
Sapatos, nem pensaram e então vejo o mundo que desconhecia.

Às 4 da manhã desde e das mulheres muito bonitas.

Nunca que não sabia, não via televisão, sabia que havia mulheres tão bonitas, muito bem vestidas.

E homens também muito bem vestidos, que não tinha nada a ver com os operários que de manhã tinham cá

27:53
fechado o teixinho, o daxinam, uma panelazinha com a sopa.

27:58
Então, quem eram estas?

27:58
Pessoas e eu assim.

Mas o que é isto?

Mas quando é este este mundo, eu não conheço.

E então, no outro dia o meu vai correr logo comigo, claro.

E então no outro dia, ó, pai, mas quem são aquelas pessoas?

Vais embora?

Pá, não, não, não, não, não te digo, não me chateies, isto era assim, não é?

28:16
E então insisti tanto.

Por fim, o meu pai quando toma, então vou contar.

Então então, pai, diga-me, olha aquilo, são pessoas que vêm da batota do Casino Estoril.

Com com os seus amantes, e.

E depois outros são as vendidas do parque Mayer que os seus namorados.

28:37
Fiquei assim.

Mas então, onde é este na mesma mesa de sopinha, esta gente a comer o Belo bacalhau assado para o

pai.

Arranja, não se arranjava nada de comer.

E então o meu pai sabe.

Eu vou contar-lhes a história.

Que como é, como é que ele arranjava o bacalhau que não havia nas mercearias quase nada.

28:57
Era tudo racionado, nessa altura, isto é, anos 40, o meu pai, através da intendência geral de

desaparecimento dos fiscais.

Nem desejo geral de do desabastecimento é que arranjava o bacalhau.

29:12
Eles tinham que fiscalizar, mas eram corruptos, vendiam bacalhau, arranjava maneiras do do do

merceeiro, que recebia bacalhau vender ao meu pai.

Não vendia as pessoas.

Vendia o meu pai.

A própria, digamos, intendência, os fiscais, é provocar umas corrupção, e então é é frustrante, não

29:34
é, não havia comer.

E então também a pouca carne.

O meu pai arranjava, como dizia 10 anos nessa altura, mandava-me ir ali à pesada, bom que estamos a

ver daqui.

E então IA IA ter com o sargento faria, eu levava uma alcofinha e eles lá arranjavam os quilos de

29:51
carne.

Já viu isso?

Era o Portugal dos anos 40.

Isso deu fez uma grande confusão na minha cabeça e revolta até e então comecei AA tentar.

O que é que eu posso fazer para demonstrar isto?

30:08
E começo com uma preocupação fantástica.

E eu começo a dar-me, ter muita influência por uns jovens que o papai não quis, mandar-me estudar

que tinham.

Clube de cultura do Sá, cavrense e convidaram-me, eu orava o analfabeto passo o termo.

30:27
Eu sou autodidata.

Eu, entretanto, tentei ler muito e então abriram a mente, começaram a dar livros que eu não

conhecia.

Começaram a politizar-me de certo modo, não é.

Não haveria nenhum, nenhum partido político.

30:45
A ter uma noção de política, a ter uma noção de política, a ter uma noção do do bem e do mal, do

rico e do pobre.

30:52
Ajudaram-me imenso e li eu eu nunca contabilizamos dezenas, dezenas, dezenas, dezenas de livros.

Para saber, tinha uma ânsia de saber antes de saber.

31:03
E então, quando é que quando é que pega pela primeira vez numa máquina para fazer a sua?

31:06
Primeira nessa altura já.

Queria para o Michel, quando, como lhe disse, e o meu pai, não faz nada para o liceu, vais para a

fábrica da louça.

Como?

Já falei para empregar de escritório e os empregado de escritório, mas eu eu não gosto números.

31:22
Pá eu não odeio, pá, eu não sei que mais não quero, não é?

Mas tens que ir, vais para a fábrica e depois consegues.

Levariões para aqui, para a loja, aviar.

E isso aconteceu.

Aconteceu muito triste, mas passado pouco tempo comecei a perceber assim, bem, Ah, eu era paquete

31:39
andava secção e secção a distribuir papéis.

EEE pronto era.

A única coisa que eu fazia, simplesmente.

Comecei a dar-me muito com os artistas, os pintores, os escultores.

E era muito curioso, não era tímido e delicadamente fazia perguntas.

31:57
Eles começaram a gostar de mim.

31:59
Claramente eram descarado, como se viu um descarado.

32:01
Não era.

Eu tinha muito medo.

Medo.

Quer dizer, era delicado.

Tinha era coragem.

De perguntar.

Nunca foi descarado assim, era humilde e então.

Houve um, especialmente um.

32:17
Eu comecei a levar uma máquina, o hotel na exposição os vaquilite cosac vai beber e fazendo

fotografias.

Secções operários, escultores e tal.

E houve um chamado Armando Mesquita, que me diz assim, ouve lá vai, nem sempre aí armados em

32:35
fotógrafos tens que mostrar as fotografias feitas pela tua máquina e ele leio, lê.

Tu tens olho, mas não percebo nada disto.

Tu não percebes nada disto.

Tens olho, mas não percebes nada.

32:50
Disto, uma Bela declaração, tens jeito para a coisa?

Tens uma intuição?

No fundo é tens uma intuição, sabes que há aqui qualquer coisa, mas depois.

32:59
Não, não, não tens a noção da composição ya e então ele é assim.

Vai passas a ir ao meu atelier quer em sacavém para eu dar aulas de arte e composição.

As fotografias são todas equilibradas, têm conteúdo, mas têm forma de se reparar.

33:14
O que é que, o que é que aprendeu?

33:15
Aprendi a primeira coisa que ele me fez assim, fez-me 11 rectângulo cheio de quadradinhos e disse,

olha, isto é, regras de ouro.

Oo motivo principal tem que estar sempre do lado direito, porque a nossa vista tem tendência a olhar

para o lado direito, de forma que depois arranjas elementos de composição no lado esquerdo e tal.

33:34
E assim vejo, isto é o princípio.

Não quer dizer que isto seja rígido, mas tu adotares esse sistema, verás que as fotografias são mais

agradáveis, e.

Mas tu não tens máquina, vais a máquina, não, não, não vais a lado nenhum convences não vai a

33:50
comprar uma máquina.

Falei que não vai ser, não vá eu não, não, não vais nada tirar fotografias, tu tens que ser a

emergência do escritório e tal.

Fiquei muito zangado.

Andei em seca bem a saber quem é que tinha máquinas boas e então descobri que um senhor chamado José

Carvalho Carvalho muito mais velho que eu.

34:09
Tinha uma Bela máquina uma. 11.

Objetiva, com objetivos, dá-se uma super econta não sei quê, e então.

Pedi ligar ao José Carvalho.

Sabe a natir aulas com o senhor Araújo Mesquita, que era um cdíssimo, senhor Nuno Mesquita, o meu

34:27
pai não quer comprar uma máquina.

Não sei que mais sei que o senhor tem uma máquina muito boa.

Acha que é possível emprestar-me e tal, está bem, pá, confio em ti e tal.

Fiquei assim tinha 12 anos, eu não tinha aí 13 anos nessa altura, já 1313 14.

34:43
Então começo a fazer fotografias, começo a fazer fotografias, que era outra coisa, mas eu ou o

Mesquita baixar estás a ver.

E já tens assim umas noção, tens uma noção de composição.

Hã?

E então comecei a fazer fotografias.

Fiz logo uma fotografia ao Mesquita, claro, com a máquina do José Carvalho.

34:59
Isso é inteligente, isso foi inteligente.

Que assim, fica logo feliz para ver como é.

35:04
Que é EE.

Então tirei ali o os pescadores do Rio trancão.

Direitos.

Esses meus amigos, esses meus tios que vinham de áfricavam.

Levavam levaram-me nesse ano.

35:23
Aos fins de semana, dava uma volta ao convento de Cristo, em tomar e não sei o que já tinha a

máquina do José Carvalho.

Fiz uma fotografia da minha, da minha prima, a rezar, encenada agora.

Mas vinha, vinha o raio de luz muito bonito, mais um vitral.

35:39
Pus a pus a minha AA, minha prima, precisamente no lugar de luz, quer dizer, já com os ensinamentos

do Mesquita, não é?

E então vamos fazer as ampliações ou ampliava.

Mas era em pequenino, ainda não ampliava-o e não ampliava.

35:55
Nessa altura só fazia cópias de contacto.

Mais tarde é que desenhei um ampliador, que está lá na exposição o meu desenho do ampliador, vi numa

revista qualquer.

Mais tarde é tive um ampliador em madeira.

E então concorri.

36:11
Primeiro concurso nacional de desempregado de escritório do distrito de Lisboa, e eu, como Manga de

alpaca, me levei, mandei umas fotografias e então mandei umas fotografias.

Recebo um. 11.

36:27
Carta.

E telefonaram me telefono.

Havia, não vieram televisão a dizer que havia uma entrega de prémios, eu que tinha sido premiado, eu

disse, oi?

Então lá vou eu cheio de expectativa, bem vestidinho, não é com convém e, de facto, já tinha fato na

36:47
altura, não é?

Casaco e calça, e.

36:50
Tal e sapatos e sapatos.

36:52
Sapatos?

Não, não as coisas.

Por fim, já tinha sapatos, quer dizer, não, não.

Quando fui da loiça.

Depois, como empregados, Vitória já tinha sapatos.

E os e os e os operários ao fim de uns anos?

37:08
Tinham era um género de albercata não quer dizer sapatos, se calhar se condiam.

O casamento talvez tivesse um casamento era qualquer coisa.

E então acontece que.

Chego lá diga-lhe 2 primeiros prémios e 2 segundos, assim não pode estar a acontecer.

37:25
Mas Oo primeiro robusto logo isto?

Então a gente mais velho é que eu comprava-me, quiseram que eu ficasse no meio, essa fotografia

estava na exposição com uma data de salvas de prata assim, e então eu estava tão.

Eu tenho vergonha dessa fotografia tão inchado que estou assim, com uma pose percebe assim, de de,

37:46
de galã de Alcântara, assim com uma data de salvas de de prata, então, olhe, então, Oo Mesquita,

claro que soube da história.

Foi no outro dia, logo ter com o meu pai.

Senhor engenheiro e agora você tem que comprar a máquina ao rapaz, tudo bem?

38:02
Ganha prémios, o rapaz tem jeito, o rapaz fotografa bem, faz favor, arranja uma máquina, vês ele

andar aí com a máquina a dizer Carvalho que é uma vergonha.

O meu pai ficou mesmo envergonhado, sabe?

Aquilo foi dito perante os operacional, comer sopinha, não é?

E então vai ver quanto é que custa uma máquina e tal.

38:20
Eu lá fui ao JC alvariz eu eles conheciam-me, porque eu IA lá comprar os rolos para a máquina do Zé

Carvalho.

E gostava de mim.

Perguntava, sabia os preços das máquinas, não é?

Aí tinham eles, eram 2 sócios e tinham 2 filhos da minha idade que era Oo melhor Ferrari OOO Nuno

38:43
Ferrari e era Oo.

O Orlando.

38:50
Esse Ferrari é o Ferrari, que tira a fotografia do Eusébio dentro da Baliza, no, no, no.

38:55
Dela, o maior amigo do Eusébio.

E graças a ele é que eu fui.

Sempre com o Benfica jogava eu IA No No, no avião do Benfica.

Ele era o único que só a orfield ele e eu confiava em nós, já não o íamos fazer fotografias de

39:15
paparazzi, não.

39:16
De resto, fazes uma fotografia maravilhosa de de Eusébio de da Silva Ferreira, 2 pelo menos que eu

vi Na Na exposição aquela.

39:23
Com o Simões é muito bom.

39:23
Tal e qual que é extraordinária que é um abraço, é uma é.

É uma.

39:27
Esperamos internacionais.

Que teve, teve.

As pessoas não imaginam as posições que eu fiz.

Os prémios giovannarem internacionais, eu ganhei cerca de 300 prémios.

39:35
São importantes os prémios para si.

39:37
Foram.

Comecei a ser reconhecidos internacionalmente e comecei a ser convidado, inclusive para júris mais

tarde, para juros, para exposições.

Fiz exposições nos sítios mais mais mais esquisitos, mais esquisitos, não mais improváveis do mundo,

39:54
quer dizer.

E então comecei a ganhar prémios, prémios, prémios, prémios, comecei a ser convidados, fui convidado

uma coisa.

Que, cá em Portugal, publicava notícias.

Por exemplo, uma coisa que eu fiz questão de pôr aqui.

40:09
Uma opinião de um grande crítico e fotógrafo austríaco sobre mim.

E então comecei a ser convidado por ele. 5 fotógrafos mundiais.

Criam 5 fotógrafos do mundo e então eu tenho catálogos disso tudo.

40:26
E cá em Portugal não vinha notícias sequer ninguém, não ligava nenhuma.

40:30
Ficou triste com isso?

Ficou triste com isso?

Muito.

40:33
E então acabei.

Triste porque a imprensa mais tarde houve algumas coisas que o problema, as coisas sempre pequenas,

EEA televisão também fez.

Algumas entrevistas, mas isso já foi bom, mas.

40:53
Não me posso queixar, mas depois, a partir do do 25 de abril, isso mudou.

Sabe que, entretanto?

Não sei porquê.

Não, não.

41:10
Prémios muito importantes que você não via notícias percebe uma das coisas muito importantes que eu

fiz ou antes que eu que eu ganhei foi no já foi em 2000 e. 2005 veio.

41:29
Veio ganharam, por exemplo, 11 concurso.

Num, num, num, num concurso em em Pequim, a ganhei um o prémio especial do júri, e.

41:39
Esteve lá, esteve em Pequim.

Esteve?

41:41
Em Pequim, eu fui 3 vezes à China e então?

O que é que eu fiz?

Reportagens em 72 países?

Fiz fotografias e cenas pelos prémios que eu ganhei e por outras circunstâncias que estavam no

41:56
século ilustrado.

E depois também, porque foi estudar o conselho da presidência.

Fui a Montes de países do ienes de países graças a isso.

Países que não é fácil ir, não é de forma que conheçam um pouco do mundo.

42:09
Já agora, deixa-me perguntar-lhe que países ou que países é que guarda.

Que tenha a melhor luz para fazer fotografia.

Não sei se podemos pôr a coisa acima.

Quer?

42:16
Dizer, há países para mim que são lindíssimos, que é o caso da Índia, é um país.

Quer dizer, com tanta Riqueza, com tanta miséria?

Eu, a China.

A China é fantástica e é lindíssima e há partes que eu não conheço bem, só conheço a ti.

42:36
Joelhinho, ou que é que é aquela zona das Montanhas e dos pescadores?

Aquilo é fantástico.

Quer dizer, eu conheço a China, conheço a China saltar, fui à China a primeira vez, estive mesmo lá

à porta, quando ganhei o prémio da Canon e o primeiro da Canon.

42:53
Era um era uma viagem, digamos, a essa zona do de de de Tailândia.

Zona asiática, digamos, Macau teve.

Macau também estava sob ocupação chinesa e não deixavam entrar na China.

43:11
Não, e de forma conheci muita coisa tive, teve em Taiwan, como estava ocupado pelos americanos.

Tenho fotografias num livro chamado mulher, eu não não cabia ali, porque era não era em Portugal.

EE, tenho fotografias desses países todos e então comecei.

43:31
A ganhar, repito muitos anos e convidado-la a ir e fiz imensas possibilidades individuais.

Eu ganhei o prémio, não era?

Eu não estou filiado, nem quero nenhum partido político.

Mas o pravda em 2000 depois do 25 de abril. 2011 depois do 25, logo a seguir ao 25 de abril, eles

43:53
costumavam fazer 111 grande concurso Internacional, eu concorri e ganhei o prémio do pravda.

44:00
O pravda, que é Oo jornal oficial do partido comunista.

44:04
Comunista russo eu não consigo Internacional tive conhecimento e ganhou envolvimento, ganhei e então

era ir 15 dias à União Soviética o prémio.

E então estive no subecostão.

Tive, tive a Montes de sítios na Sibéria e então quer dizer, eu fui simpaticamente controlado, quer

44:26
dizer, acabei por não não conseguir fazer nada de jeito.

Mas gostei de ir e conheci um grandes fotógrafos.

Estive na prova da claro e depois convidaram fazer uma inscrição.

Eu fiz botantes fodições.

Na União Soviética, fiz exposições Estados Unidos em em.

44:48
Em Nova Iorque, fiscaliza no museu mundial da arte de Pequim, conduzido a 222 fotografias.

Graças eu ter ganho, ainda não cheguei lá.

E então, quando há esse grande concurso, eu concorro, que era considerado um concurso do mundo, quer

dizer, com mais concorrentes.

45:04
E então, entre 35000 fotografias, o?

Havia um prémio atribuído pela.

Pelo júri.

Eu, eu todos os prêmios, mas havia 1111 prémio que o júri devia de escolher a melhor fotografia para

45:22
ele.

E então, o Roberto colégio, que era o presidente do júri, escolheu a minha fotografia que está lá

na, na, na exposição em fotografia, que.

45:34
Fotografia é.

45:34
É uma fotografia feita no Barreiro chamada poluição.

Está lá com os chaminé de Barreiro e tal, é assim, muito escura.

E então ganhei esse prémio.

Para mim é coroa de Glória, não é com tantos com tantos concorrentes e tantas fotografias cá em

45:52
Portugal.

Saiu a notícia de 10 linhas, quer dizer.

Uma persona não grata, sente-se, teria para meter visitar, ir num sítio ou começaram AA pôr.

A.

Colar-me.

46:07
Ideologias não tem nada a ver comigo, embora aprecio muito e tenha duvidação porque porque por

aquilo que fez o partido comunista por este país, não mataram ninguém e lutaram.

Têm tido o seu chapéu, mas sem nunca virei nenhum partido nem perfil.

46:25
Para sem ser uma pessoa não grata.

Não sei porquê.

As notícias já não era.

As mesmas eram não me ligaram.

Seria inveja?

Não digo que seja inveja.

46:32
Pagou o preço da sua Liberdade individual?

Pagou o preço da sua Liberdade de individual?

46:37
Sim, talvez nunca me filhei namorado como disse, fui aliciado?

Não, não, não.

Eu assim eu quero ser independente.

E assim, ninguém me pode acusar que eu faço essa fotografia por isto ou por aquilo.

Faço essa fotografia porque me sensibiliza.

Quero denunciar uma situação.

46:54
E de forma que foi assim e no antigamente, antes do 25 de abril, fui preso, precisamente que eles

aduchavam, pelo menos no interrogatório que me fizeram na pide, que eu dava uma má imagem de

Portugal, que só fotografava pessoas humildes, pessoas humildes, porque é que eu não fotografava

47:12
paisagens.

Nós temos paisagens tão bonitas.

E eu disse, olhe, desculpe, eu, eu, eu não gosto de paisagens e gosto de ver, mas eu eu prefiro

fotografar Oo ser humano quer dizer, as suas lutas, as suas.

É as suas expressões e a sua, as situações, de forma que eu não, não sou comunista como estão a

47:33
acusar.

Não sou de nenhum partido, simplesmente eu como português e fotógrafo EE jornalista, eu acho que

devo de comentar o meu país.

47:41
Há, de resto, fotografias como aquela foto duma criança.

Suja num beco escuro que que nos que nos interroga, que nos que nos que nos faz perguntas, não é?

47:54
Eu IA a esses bairros.

Portugal não conhecia bem Portugal.

Os portugueses não conheciam bem Portugal.

Eu sei que ilustrado foi o veículo fantástico para os mostrar a Portugal real.

E então, a minha e, especialmente quando foi para lá um para o século ilustrado, um diretor tinha

48:14
estado na BBC.

Foi o Chico mata, doutor Francisco mata.

Começaram, se a fazer reportagens fantásticas.

Antes disso, era só OOOO Américo Tomás, com os netos, o Salazar, férias, coisas assim.

48:29
De qualquer forma, tirou uma foto a Salazar, que é uma foto que também tem no seu acervo que é uma

foto de Salazar a olhar para para o mar, para o Rio.

48:39
Tem uma história.

48:41
Onde foi ti?

Aquela foto?

48:42
Era muito difícil ter acesso ao Salazar.

Era só naquelas coisas oficiais.

Bacalhau de comprimento, eu tenho lá uma do do Eusébio, aqui ele a condecorar, o Eusébio, essa é

gira também é.

Era a única possibilidade, como só tinha de aproximar do Salazar.

49:01
E então?

É livre das histórias.

Devo ter posto na rua porque não estava no sítio certo?

E então acontece que.

O salvar era muito protegido, claro.

E então, lembro-me.

Essa fotografia tem uma história, porquê porque todas as redações receberam a notícia que o senhor

49:23
presidente do conselho, que está a passar férias na No No forte, não sei quê, vai, vai vai ver

passar a regata de veleiros, não sei quê, a gente vai.

É tão difícil ter acesso a ele, isto vai vai ser bom.

49:39
E então vão lá, façam uma fotografia ou com os velhos veleiros, e depois lamito a fazer Salazar,

Salazar Salazar.

Tenho aquela.

E então quando ele, quando ele está de Costa, assim, agora que é um homem só.

Então faço 2 fotografias.

Só ele depois vira-se, põe o chapéu e já não tem piada.

49:57
Já não tem graça, porque OOO que tem graça na história, é ele, está a solidão.

50:02
Um homem só, um homem só.

E então claro que levei você é cliustrado.

A fotografia dele a veio a passar o sumelei os veleiros, mas eu depois concentrei-me só nele e então

fiz 4. 5 fotografias eu tive ali um bocadinho.

Depois, virou-se.

50:18
Tem com o chapéu.

Tenho ele até olhar para o mas era muito.

Interessava nada aquela imagem que tem uma carga fantástica e de forma que Ah.

E então se reparou na imagem?

Lá está.

As lições que eu recebi do urbano Mesquita o equilíbrio de formas se realizar esta no sítio certo?

50:41
E eu e eu apanho aquela linha de de que está lá, não inventei do forte, mas aqui, sim, aquela linha

não é a mesma coisa, é porque aquela linha conduz conduz a ele.

Se reparares vir aqui.

50:55
Portanto, o nosso olhar segue aquela linha até o encontrar, neste caso, da esquerda para a direita.

51:02
Tudo isso não é por acaso.

Não estou aqui se eu não tenho tido elas, Artem, como se continuava a fotografar, se calhar quer

dizer, Oo conteúdo humano que eu gostava de fora, mas não era a mesma.

51:12
Ganhou uma estética, ganhou uma estética, ganhou uma forma de de mostrar.

51:16
Sabe que AAA fotografia, especialmente a fotografia.

E quando o senhor está a fotografar, às vezes mais são um passo à esquerda, ou um ou um passo à

direita para as coisas serem diferentes e ter um feeling do que vai acontecer a seguir.

51:32
É, é é antecipar o movimento.

51:33
Sim, sim, sim, eu lembro.

Muitas circunstâncias.

Que me aconteceu, por exemplo?

Quando foi o Fernão de Salazar?

Fernão de Salazar.

Eu?

51:49
Acompanhei, nos jerónimos.

Bom, a reportagem que saiu no sétimo federal tudo o que aconteceu, mas eu, por exemplo, vinha cá

para cima, fazia fotografias com a objetiva, só as botas do Salazar EEOEEEOEO índice, não saíram.

52:06
Acredito que ias guardar EE, depois o altar.

Tudo, aquela gente toda, as pessoas que iam lá ver têm uma pessoa a ver cachimbo, que é aqui que é

um miúdo que está.

Que está de?

Costas mas é um miúdo que tem um problema com uma, está com uma bengala.

52:23
Que está ajuda ao, ao, ao, ao caixão.

Depois, se eu tenho já o Marcelo Caetano que tu via, gira, mas.

A melhor situação é é eu.

52:38
Querer fotografar a Maria, a Maria, que era, que dizia-no, que era a namorada dele, era a

governanta, não é?

Todas, acho que todas as pessoas sabem que a Maria.

Em sabendo, criava galinhas para vender.

52:55
Dentro de São Bento.

52:56
São Bento.

52:57
Ah, então é uma boa galinha ter uma economia dentro do do Palácio de São Bento, não?

53:02
Mas isso é outra história e então acontece que.

Eu ao último dia e nesse nessa noite iriam fechar o caixão.

Que era o caixão EE quando a mim o mau profissionalismo.

53:21
Da imprensa nessa altura.

Não havia lá ninguém.

Aquilo era à 1 da manhã.

As pessoas tinham, acharam que era melhor dormir, não é?

Mas eu mantive até às tantas falar lá com o cangalheiro, disse, ó, à 1 da manhã, a gente fecha casa

53:36
bem.

E então lá está a urna com o Salazar e lá estão 11.

Corredor dos gajos da legião, depois PIS 2.

Eles, claro, entre entre falados estão está bom?

Agradeço EE, eu, cá atrás, nunca avancei.

53:55
Mas quando vejo a Maria levantar-se, está prestes.

O caixão ser fechado e levanto.

E então AA Maria agarra assim, No No menço aparece a cara do Salazar, uau e agora muito mal,

54:13
embalsamado, pá.

E a cara de coitada já estava com um mau espetro.

E então e depois dá-lhe o género, dei-lhe um beijo.

E então, já vamos dar AA sequência?

EE, tiro mais 2 fotografias, de repente, agarraram-me puseram-me na rua, escreveram não fotografias

54:32
que podiam ser feitas.

Eu vi-me logo embora, claro, antes, tinham-me, roupassem o Rolo, e então essas pessoas nunca puderam

ser publicadas, é lógico, e só depois do 25 de abril já lhe vou mostrar.

E então outra fotografia que nessa altura saiu, eu vestia um palanque quando saísse o caixão, os

54:49
fotógrafos tinham que estar todos ali, aquilo tudo organizado.

Para para controlar ali naquele palanque.

Se quer vir, se queres fotografar, tens que ir para ali.

Zé, muito obrigado, mas eu não fico cá, estar em baixo, mas eu.

Mas tu não consegues segurar porque eu também ando por aí.

55:04
Era um truque.

E então eu comecei a pensar, ora bem, eu sai dali dos jerónimos, depois está ali o governo.

Vai passear à frente do governo, é lógico, e.

EE os fotógrafos são todos cada do lado de lá e eu vou.

55:22
Apanhar e eu vou apanhar OOE, então.

55:26
Estou lá, assim consigo, aos 6 m afastado.

Quando eu olho para aí, faço mais dúzia de fotografias.

E acabou.

É a melhor fotografia porque apanho o os soldados com com com o caixão e apanho todo o governo.

55:42
OK, uma pessoa tem que pensar assim, isto vai acontecer, assim vai acontecer assado e por sorte.

As coisas acontecem, aconteceram.

55:51
Sorte ou talento?

Há há uma, aquilo que.

Que eu vejo nas suas fotografias e que e que mais admiro são os retratos, são as fotografias que fez

de múltiplas personalidades que retrato mais gostoso de ter tirado.

56:06
Já para alemão, por exemplo.

56:07
Do champanhe porque as?

56:08
Pessoas e da Amália, EE, do EE do diaanos.

Ora bem, eu conhecia as as pessoas.

56:15
Como é que é essa dialética, como é que é esse, como é que é esse diálogo?

56:18
Ora bem, eu conhecia as pessoas e as pessoas, 11 coisa fundamento, tinham confiança em mim.

Sabiam que eu não IA.

Tramá-los.

56:28
Isso é importante.

56:29
Importantíssimos se o fotografado não tenho confiança no fotógrafo nunca.

Está descontraído, nunca.

56:36
Nunca se abre e.

56:37
E vê-se isso nos olhos imediatamente.

E então é preciso criar confiança com o fotografado.

E eu conhecia as pessoas todas e já tinha privado com elas.

EE, então eu.

56:53
Disse, vou fazer um livro.

Só de retratos.

Sem de acorde nenhum, o fundo vai ser preto e depois o senhor.

Ah, eu procurava saber o máximo de cada personagem, jovanias as coisas que eles gostavam, que não

57:11
gostavam, e depois na minha cabeça começava a imaginar a imagem que daria.

Que deveria fazer para mostrar a outra face da pessoa?

57:25
Mas IA falando com eles para lhes plantar essas ideias na cabeça.

57:28
Antes fotografei antes, mas antes tinha que ser.

Tinha que falar com pessoas próximas deles, conhecia menos bem.

Eu conhecia-os, mas não saber se deu manias, se se gostavam disto, gostavam daquilo.

E o procurei saber o caso do Ian.

57:44
Isto não foi preciso perguntar porque conheceu-me bem.

E então o meu das coisas é que eu fui fotógrafo da presidência da República e digo, eu inicialmente

aceitei pensando que devia ser de chato.

57:59
Foi o maravilhoso, porque inclusivamente o Ian já é uma pessoa exemplar, apresentava a mão aos

presidentes.

Eu lembro-me uma vez em Washington, que estava eu a fotografá-lo no Jardim da Casa Branca com o

Reagan.

58:14
Ele chamou-me.

Eu fiquei assim um bocado nervoso.

Não corriga presidente Agra, aqui o Eduardo gageiro.

É nosso fotógrafo e é meu amigo.

E já ganhou uma medalha dura em Washington.

58:31
Eu fiquei acima e o regan chama-me eu dizer então vamos ter aqui uma fotografia.

Estou no tenho uma fotografia no meio do regan e do ianes assim e depois mandaram.

Foi o fotógrafo feito pelo fotógrafo da Casa Branca, assinado pelo riga e com uma carta assinada por

ele também a.

58:49
E então fiquei feliz da vida.

O iene era assim e então uma pessoa do humanismo não quer saber identifico-me.

Nascemos com 1 mês.

Ele tem o mesmo, é mais que eu fiz agora anos esquecemo-lhe o dia teve.

No dia 26 esteve na cordoaria e tinha feito na véspera esqueci-me e então.

59:11
Tinha uma certa intimidade com ele, IA lá a casa, et cetera, EE rei da família.

E então lembrou o Ian, homem de rigor, o homem não lembro.

Eu sabia que ele colecionava os relógios e então e lá vem o fundo preto.

59:27
Levei o meu filho para me ajudar, para pôr as luzes e aquilo era era assumidamente uma pose.

E então?

59:33
Mas mas, apesar de ser uma pose.

Não me parece falsa, é isso que permitem de de.

59:39
Extraordinário.

59:40
É espontâneo aquele aquele olhar, não é um olhar de vamos aqui tirar uma fotografia.

59:46
Não tem que ter confiança na pessoa, acreditar que aquela pessoa está ali para fazer o melhor

possível.

Não, não vai trabá-la, quer dizer, é um homem, é homem, honesto, pronto, modéstia à parte.

E então acontece que então quer dizer, como é que vamos fazer a fotografia e tal?

1:00:05
É, eu sou subsidente, coleciona relógios, eu sei e estão ali.

O senhor presidente, eu quero fazer.

Bom, bem com as lojas.

Será um homem de rigor, como será?

E é verdade, de rigor, na forma que nada melhor do que um relógio e as são relógio, bonitos e são

1:00:26
antigos.

Senhor presidente, vai sentar-se aí tal, pegar aquilo o fundo preto propositadamente para se ver que

não, que que é de propósito.

E então.

Então, o que é que eu faço?

Bom, bem que vai ficar ver um relógio como seja um relojoeiro.

1:00:48
E assim como a lupa, mas eu não tenho lupa ou sou presidente da vossa lupa.

E então lá tem ele com a lupa.

E ele adorou a fotografia, está a ver ele.

Eles continuaram a fotografia a mais difícil.

1:01:05
É difícil para convencer a pessoa, mas isto demonstra, quer dizer, é a confiança que as pessoas iam

em mim chapado senhor para Lisboa com luz de boxe.

Ninguém acredita, mas se é uma fotomontagem, estou chapalimo e.

1:01:22
Calçar-me sobre os boxe, como.

1:01:23
É que como é que o convenceu?

1:01:24
Então, fui tirando fotografias, tirando fotografias.

Ele conhecia o meu pai porque o meu pai, quando era era muito jovem, tinha sido empregado ali ao pé,

onde eles tinham um Palácio ali na Estrela.

Eles são pai de miúdo e eu já o tinha visto antes, já tinha dito quem era.

1:01:42
Ah, pois sou Paiva.

E então nessa altura da fotografia?

Ele combinou comigo, foi o foi prático.

Logo a secretária disse, olha, ele recebeu a sua carta.

O gajo lhe diga, quando é que pode vir cá?

1:01:58
E então, eu, assim, olhe, pode ser amanhã já.

Eu queria fotografá-lo.

Pois ainda bem, porque ele foi, vai para o Brasil e tal.

Então, apareço lá Ah, fui ter com um amigo meu que.

Tinha uma casa de artigos de desporto e eu disse, eu falo, parecem-me umas luvas de boxe, mas vais

1:02:21
pôr um num saco transparente?

Não pões lá com saco com letra transparente.

1:02:30
Que é para se ver, para.

1:02:31
Se ver, então começo a fotografar, ele já devia olhar, era o que eu queria, tinha olhado para e

então começo AE só para a pessoa descontrair, não é fácil.

E então falar com ele sobre isso, sobre aquilo e aquilo, tipo fotografia e fiz e agora faça isto,

1:02:51
faça aquilo, faço aquilo outro.

E disse, ó, gajo, era era isso que eu queria.

Para quem são aquelas luvas de boxe?

Era o que eu queria.

Ora, ó senhor doutor, ó, ó, ó, vocês sabem, eu ainda eu falei nisso, isto foi intencional desde já,

1:03:07
não foi com maldade, foi intenso não, então para quê?

É para ficar com o Júlio Roque porque o senhor é um homem de luta.

Eu estava a ser sincero para ele, hã, é um homem de luto, o senhor nunca perde o senhor Oh, o gajo,

olha com este corpinho que eu tenho já viu, se não interessa, eu fui leal para ele, interessei a

1:03:26
parte do mental e o senhor realmente é uma pessoa.

É uma pessoa e era.

1:03:30
Tu, tu, coiso?

No coração, no fundo.

1:03:32
No banco dele e então?

Ou seja, pegam menos nas ruas, ele não.

Ah, não quer dizer, não faço isso, Ah, pegam menos nas luvas.

Pegou sim, já está.

Quer dizer, agora, calma, eu não calço álcool, já, não faço.

1:03:48
Tenho confiança em mim ou não tem.

Ele disse que sim, então, calce, ninguém vai ver as fotografias.

Anão ser eu e o senhor.

E então, e começou a embarcar, Ah, desculpa, começou a embarcar no jogo, no jogo.

1:04:06
E então, agora vou fazer assim agora, não sei quê, agora vai, não sei quê.

Agora há de fazer agora, não sei quê.

E fiz uma data de gorros.

EE fiquei feliz, cheguei a casa.

E cheguei tarde, tinha.

Tinha feito os golos, revelado os golos, mas não estavam ampliados que sempre uma carta, um telefone

1:04:25
à noite.

Que vi que era 11 telefonema de última hora, digamos, o gajeiro.

O senhor se apalinou e disse que vai para para o Brasil.

É amanhã de manhã e só vai EE depois, se houver.

1:04:43
Não sei quê.

De forma que ele diz, vou não publicar as fotografias.

1:04:47
Que ele quer?

1:04:47
Ver, mas era um ponto de honra, mas eu não publicava fotografia nenhuma, que eu lhe disse AA

primeira pessoa a ver é ele, então.

Vê logo assim?

Ai, aqui não é?

E então é ele.

E então nessa noite faz qualquer as ambições todas ai, disse ao telefone, eu amanhã de manhã estou

1:05:06
aí, amanhã estou aí passou só para Lisboa, antes de ir para o Brasil ver as fotografias e então lá

levo umas provas e convencer logo a senhora, e não estava a mentir que ele estava bem e então foi.

1:05:21
Eu fui com ela ao champanhe e ela começou logo a elogiar as fotografias.

A elogiar as fotografias.

E depois o senhor valeu.

Então está a ver que está bem, está bem, é um homem de luta.

O homem que não perde o homem, não sei quê.

1:05:37
Posso publicar?

Pode sim, senhora, pode publicar.

Então publico as fotografias, faço um livro, mando-lhe um.

A oferta, não com uma dedicatória, manda manda-me o preço do livro, manda manda-me um cheque com o

preço do livro.

1:05:53
Era 400.

1:05:54
Escudos ou um homem de contas.

1:05:56
Depois um homem de contas, digo-lhe, essa foi uma das histórias mais mais giras e depois há outras

que são.

Que que nem vale a pena contar sobre o não.

São muito, muito agradáveis.

É uma pessoa que está.

A exposição a fotografia, por exemplo.

1:06:18
Do Cavaco não Era Para Ser aquela?

Ele era primeiro-ministro e eu falei-lhe com com o Fernando Lima, que era assessor.

É assim, olha.

Falei no segundo, ele falou, disse que sim, senhora, que ele tinha aceite.

1:06:34
E assim, como é que eu quero fotografar?

Olha com aquele traje-o de Iorque, de professor de Iorque.

Por acaso que lhe fica muito mal.

Eu ficava muito mal, mas o que acho que era pronto, o professor.

1:06:45
Mais uma vez, o simbolismo diga mais uma vez o simbolismo e uma ligação.

1:06:49
À Oo director.

E então vou para lá de manhã todo encandado da vida e tal, e não sei que mais olha, já não quero

tirar a fotografia com um professor de Iorque.

É pá.

Agora, assim, de repente.

Não vou arranjar o dedo, não te preocupes que ele já tenha ideia.

1:07:06
Então, qual é a ideia é ficar aqui com uma cabine?

Telefónica a mandar o país.

E ele, assim.

E então eles trouxeram.

Tenho fotografias disso com a cabine telefónica.

Assim não tinha gravata, encomendaram o país.

1:07:22
E já para si só, ridículo.

1:07:24
Portanto, não, não, não teve.

Não conseguiu fazer aquilo que foi captar no fundo, a alma daquela pessoa da alma.

Não estamos.

1:07:33
Justamente pior.

Sim, já vi que é um homem todo engoadinho com o telefone na mão e com as cavidas penduradas a quando

andar no.

1:07:41
Veículo, pelo contrário, AA fotografia que faz da Amália Rodrigues é uma fotografia cheia de força.

AA foto da Amália Rodrigues.

1:07:49
Fuck há-me ali muitas outras pessoas quer dizer, conseguiram.

Que elas colaborassem.

E o caso da Amália é um caso especial, porque eu tinha muita intimidade com ela, porque o diretor

era muito.

1:08:05
Era muito amigo da Amália e o Francisco mata e que teve fotografia da Amália desde os anos 60.

EE sempre que alguma revista querer fazer fotografias Internacional, querer fazer fotografias da

Amália, contactava, me era aquela fotografia que custou, que está lá.

1:08:24
Eu fui fazer fotografias para a manchete e depois, quando ela saiu do carro, é que eu fiz bem, vamos

voltar à estamos a falar da Amália.

E então, acontece que já há uns anos depois, quando andava a fazer o livro revelações que é aquela

dos retratos, lembrei-me.

1:08:42
Falei com ela, ela disse logo que simpática.

E ela começa a funcionar, começava, coitada.

Ela realmente muito cordial.

À 1 da manhã lá, combinámos à hora da manhã, já que sou de uísque e então começo a fazer fotografias

1:09:00
e ela adorava ser fotografada.

E então por fim, já não sabia o que é que queria fazer com guitarra sem guitarra fiz a cores, fiz a

preto e branco, fiz anão sei quê.

Aí então, por fim, eu digo-lhe assim, Oh Malia, vamos fazer relembrando-me agarro a guitarra.

1:09:17
Eu já tinha feito com a guitarra, mas como seja uma pessoa que goste muito.

1:09:20
Com força, com energia.

1:09:21
Com energia.

E repara EP.

E penso numa pessoa que gosto muito.

Veja a expressão que dá ali.

1:09:31
Ela está a olhar para cima, está a agarrar.

1:09:32
As pessoas do olhar, vejo vir com atenção.

A gente já vai rever?

E então ele.

É pá.

Ela está com uma intensidade.

Há aqui qualquer coisa, clique não, pois fiz 2.

1:09:48
E assim Amália vai desculpar, nós somos amigos, eu acho.

Gostava de lhe fazer uma pergunta?

Espero que você não fique zangada não vai chegar à vontade em quem é que estava a pensar.

Na minha mãe e em Deus.

1:10:06
EE se vir a fotografia.

Perceberá melhor o que eu estou a.

1:10:11
Dizer faz todo o sentido, fechamos, o que é que lhe falta fazer?

1:10:16
Sei lá, olha Oo Portugal melhor.

Um Portugal que as pessoas estavam à espera no 25 de abril, feliz.

Que não haja fome, que as pessoas tenham casas.

Mas hoje vivam com Alegria.

1:10:32
E eu fico preocupado porque.

1:10:48
Determinadas Correntes políticas.

Que querem?

Portugal, EE.

Muitos outros países vejam o caso da Argentina, volta ao fascismo é.

Isso é gravíssimo.

1:11:03
Não é.

É gravíssimo.

Os os portugueses é o que está por esse mundo fora que é mesmo na Europa.

E.

E na Europa e no mundo, veja o que está a acontecer em Israel, o que está a acontecer na Rússia, o

1:11:19
que é isto político?

É esta?

Onde é que está o humor pelo próximo?

Onde é que está o humanismo das pessoas?

O.

1:11:27
Mundo está agitado e a democracia tem sempre de ser regada, atenção entre a nossa forma de ver o

mundo democraticamente liberal, aberta, que respeita os direitos humanos e preserva a diversidade, e

um outro, um outro pólo, mais totalitário, mais opressivo, menos livre, que parece estar a

1:11:47
acentuar-se dar como adquirida a Liberdade pode ser um otimismo perigoso.

Há que permanecer alerta e atento.

A democracia sabe-me tão bem, afinal, a Liberdade.

É o valor maior.

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