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COP29: Depois de três anos de restrições, sociedade civil promete COP30 com "povo na rua"
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Aconteceu esta quinta-feira, 21 de Novembro, na COP29, a "COP dos Povos". Uma reunião da sociedade civil de todo o mundo. Em Baku, no recinto da COP29, as manifestações têm de obedecer a regras específicas da organização local e as marchas são proibidas. Bianca Castro, activista pela Justiça Climática, lamenta estas restrições e avança que na COP30 "vamos estar em peso nas ruas".
Aconteceu esta quinta-feira, 21 de Novembro, na COP29, a "COP dos Povos". Uma reunião da sociedade civil de todo o mundo, onde foram partilhados testemunhos, reivindicadas acções e feitos apelos por justiça climática. A Cimeira dos povos terminou ao som de Bob Marley e da música “Get up stand up”. Depois os participantes colocaram fita cola de banda larga na boca, onde se podia ler “Pay up”, numa alusão ao financiamento que os países ricos deveriam proporcionar para que os pais pobres possam enfrentar as alterações climáticas.
Em Baku, no recinto da COP29, as manifestações têm de obedecer a regras específicas da organização local e as marchas são proibidas, mas isso não impede as múltiplas organizações da sociedade civil de se expressar.
Todos os anos, durante as duas semanas de COP, a Climate Action Network atribui o galardão Fossil of the Day, o fóssil do dia. O “prémio” é dado ao melhor país a ter o pior desempenho no combate climático e na cimeira. Na quarta-feira, 20 de Novembro, a distinção foi para a União Europeia e, no dia seguinte, ficou nas mãos dos Estados Unidos. O momento é sempre acompanhado de perto por dezenas de activistas, como foi o caso nesta quinta-feira, 21 de Novembro, de Bianca Castro, activista pela Justiça Climática e delegada na COP29.
“Infelizmente, dia após dia, vemos que países do norte global e os grupos de negociação que são maioritariamente do norte global, que são historicamente responsáveis pela crise climática, continuam a bloquear o avanço, continuam a bloquear as decisões que têm de ser feitas porque realmente não querem admitir a sua culpa histórica e não querem pagar aos países mais vulneráveis o financiamento que lhes é devido.
Nas últimas três COP’S (Egipto, Emirados Árabes Unidos e Azerbaijão), a sociedade civil normalmente vocal e activa nestas conferências têm vindo a ver o seu espaço de acção a ser reduzido. Fora do recinto da COP as manifestações são proibidas e dentro têm de respeitar uma série de critérios. As esperanças estão agora voltadas para a COP30 no Brasil, onde a sociedade civil já prometeu uma conferência mais inclusiva, mais feminina e com “o povo nas ruas”.
Estamos a ver uma grande diferença entre COP’s, como a COP25 - que foi a minha primeira - ou a COP26, que foram em Madrid e em Glasgow, respectivamente, em que as ruas estavam cheias de milhares de pessoas todos os dias.
Nas últimas três COP’s, o espaço da sociedade civil é muito, muito limitado. A sociedade civil continua a estar presente, continua a fazer dezenas e dezenas de manifestações, continuamos a fazer aquilo que nos é permitido. Mas protestar dentro da conferência é muito limitado.
Daí que já haja muito entusiasmo e muita organização para o próximo ano e para o Brasil, não só na COP30 em Belém, mas também durante todo o ano, porque finalmente será novamente num local em que vão poder haver mobilizações na rua.
Na “plenária das pessoas”, uma das coisas que foi dita por activistas do Brasil, foi que enquanto sociedade civil, estamos fartos de ser silenciados, estamos fartos de estar confinados a estas paredes frias da conferência e que no próximo ano vamos estar em peso nas ruas durante todo o ano, com uma mobilização estratégica unida do movimento global.
Apesar da importância do encontro deste ano, a COP29 é denominada como a COP do financiamento, Bianca Castro não se mostra optimista.
Nas salas de negociação, os países do norte global continuam a bloquear o avanço, o que é extremamente perigoso, porque isto é uma questão de tempo e nós já não temos tempo.
A crise climática já está aqui, está a afectar mais fortemente aqueles que já são mais marginalizados por todos os problemas estruturais que a nossa sociedade tem.
Infelizmente, parece que COP após COP saímos um bocadinho de coração partido, porque aqueles que têm o poder de tomar estas decisões, decidem não as tomar.
Daí a importância da sociedade civil de continuar a exigir e continuar a protestar e a mostrar que está aqui, não só presente na COP, mas durante todo o ano.
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Aconteceu esta quinta-feira, 21 de Novembro, na COP29, a "COP dos Povos". Uma reunião da sociedade civil de todo o mundo. Em Baku, no recinto da COP29, as manifestações têm de obedecer a regras específicas da organização local e as marchas são proibidas. Bianca Castro, activista pela Justiça Climática, lamenta estas restrições e avança que na COP30 "vamos estar em peso nas ruas".
Aconteceu esta quinta-feira, 21 de Novembro, na COP29, a "COP dos Povos". Uma reunião da sociedade civil de todo o mundo, onde foram partilhados testemunhos, reivindicadas acções e feitos apelos por justiça climática. A Cimeira dos povos terminou ao som de Bob Marley e da música “Get up stand up”. Depois os participantes colocaram fita cola de banda larga na boca, onde se podia ler “Pay up”, numa alusão ao financiamento que os países ricos deveriam proporcionar para que os pais pobres possam enfrentar as alterações climáticas.
Em Baku, no recinto da COP29, as manifestações têm de obedecer a regras específicas da organização local e as marchas são proibidas, mas isso não impede as múltiplas organizações da sociedade civil de se expressar.
Todos os anos, durante as duas semanas de COP, a Climate Action Network atribui o galardão Fossil of the Day, o fóssil do dia. O “prémio” é dado ao melhor país a ter o pior desempenho no combate climático e na cimeira. Na quarta-feira, 20 de Novembro, a distinção foi para a União Europeia e, no dia seguinte, ficou nas mãos dos Estados Unidos. O momento é sempre acompanhado de perto por dezenas de activistas, como foi o caso nesta quinta-feira, 21 de Novembro, de Bianca Castro, activista pela Justiça Climática e delegada na COP29.
“Infelizmente, dia após dia, vemos que países do norte global e os grupos de negociação que são maioritariamente do norte global, que são historicamente responsáveis pela crise climática, continuam a bloquear o avanço, continuam a bloquear as decisões que têm de ser feitas porque realmente não querem admitir a sua culpa histórica e não querem pagar aos países mais vulneráveis o financiamento que lhes é devido.
Nas últimas três COP’S (Egipto, Emirados Árabes Unidos e Azerbaijão), a sociedade civil normalmente vocal e activa nestas conferências têm vindo a ver o seu espaço de acção a ser reduzido. Fora do recinto da COP as manifestações são proibidas e dentro têm de respeitar uma série de critérios. As esperanças estão agora voltadas para a COP30 no Brasil, onde a sociedade civil já prometeu uma conferência mais inclusiva, mais feminina e com “o povo nas ruas”.
Estamos a ver uma grande diferença entre COP’s, como a COP25 - que foi a minha primeira - ou a COP26, que foram em Madrid e em Glasgow, respectivamente, em que as ruas estavam cheias de milhares de pessoas todos os dias.
Nas últimas três COP’s, o espaço da sociedade civil é muito, muito limitado. A sociedade civil continua a estar presente, continua a fazer dezenas e dezenas de manifestações, continuamos a fazer aquilo que nos é permitido. Mas protestar dentro da conferência é muito limitado.
Daí que já haja muito entusiasmo e muita organização para o próximo ano e para o Brasil, não só na COP30 em Belém, mas também durante todo o ano, porque finalmente será novamente num local em que vão poder haver mobilizações na rua.
Na “plenária das pessoas”, uma das coisas que foi dita por activistas do Brasil, foi que enquanto sociedade civil, estamos fartos de ser silenciados, estamos fartos de estar confinados a estas paredes frias da conferência e que no próximo ano vamos estar em peso nas ruas durante todo o ano, com uma mobilização estratégica unida do movimento global.
Apesar da importância do encontro deste ano, a COP29 é denominada como a COP do financiamento, Bianca Castro não se mostra optimista.
Nas salas de negociação, os países do norte global continuam a bloquear o avanço, o que é extremamente perigoso, porque isto é uma questão de tempo e nós já não temos tempo.
A crise climática já está aqui, está a afectar mais fortemente aqueles que já são mais marginalizados por todos os problemas estruturais que a nossa sociedade tem.
Infelizmente, parece que COP após COP saímos um bocadinho de coração partido, porque aqueles que têm o poder de tomar estas decisões, decidem não as tomar.
Daí a importância da sociedade civil de continuar a exigir e continuar a protestar e a mostrar que está aqui, não só presente na COP, mas durante todo o ano.
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